FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Santo em alta / A Moda é forte
    Santo em alta / A Moda é forte
    POR Redação
    coluna-paulo-borges-ffw-spfw

    SPFW Inverno 2015 aconteceu no Parque Cândido Portinari de 3 a 7 de novembro ©Agência Fotosite

    A imagem do céu carregado de nuvens cor de chumbo abriu a 38ª edição dentro e fora da passarela. No cenário da Animale, a estreia de Vitorino Campos foi saudada por raios e trovões virtuais, no mesmo momento em que se materializavam em toda a cidade, trazendo uma chuva real, intensa e abençoada. Era um bom sinal. Como a dizer a todos que nem tudo está perdido, e que o fim dos tempos, ou o fim do mundo, ainda não chegou.

    E se os céus conspiraram trazendo a esperada água, a qualidade das coleções nas passarelas não ficou atrás, afastando o mau humor e a ranzinzisse que dominaram o mercado em um ano difícil e truncado por Copa e eleições. Não à toa falamos em mudança e movimento, em retomar o caminho do essencial, das linhas que sustentam a criação – o poder de renovação que ela nos traz e a capacidade de nos surpreender a cada edição.

    Atentos ao mercado, há pelo menos dois anos trabalhamos para uma renovação na moda e provocamos um novo protagonismo. A renovação é orgânica em todos os segmentos e mais ainda numa área de criação como a moda. Mas o protagonismo tem que ser provocado, e fizemos isso ao colocar dez novos nomes ao lado de marcas que fazem parte da história do SPFW. Isso traz uma nova energia e uma vibração fundamentais para a evolução contínua do calendário.

    Na passarela, o que se viu foram coleções cheias de inspiração e competência. Olho na criatividade e no desafio de fazer roupas que as pessoas queiram usar. Há quem diga que isso é ser “comercial” – como se isso fosse um problema! –, mas o que eu percebo é que isso é ser sintonizado. Moda é desejo!

    Todos os dias quando uma pessoa escolhe uma roupa para sair de casa, ela está exercendo seu protagonismo. Alguns fazem isso conscientemente, cuidadosamente até, usando o seu visual para dizer alguma coisa: estado de espírito, condição social, atividade profissional. Outros montam seu look de forma instintiva ou pragmática. O fato é que moda, expressão e comunicação estão mais ligadas do que nunca. Hoje, as pessoas não querem mais ficar de fora do processo da moda, apenas como espectador. As pessoas querem participar, usar imediatamente tudo o que foi apresentado. Todo mundo quer se expressar em tempo real.

    Sintonizados com os novos tempos, estilistas e empresários constroem suas marcas no exercício de unir identidade e comunicação com processo produtivo, no desafio constante de ser eficiente e sustentável. Isso tudo num ambiente pouco amigável com quem se atreve a empreender. É algo que merece nosso respeito e apoio.

    Estamos concluindo duas décadas de muito trabalho. Trabalho de muita gente. Gente conhecida, mas muito mais gente anônima que vive e vibra com essa energia criativa própria da moda. Gente que nasceu e cresceu com o SPFW. Gente que nasceu e cresceu nas redes. Moda sempre foi um empoderamento do self. Agora, na era dos selfies e das redes sociais, isso ganhou uma proporção inédita e fez surgir um novo protagonismo. As pessoas veem e postam. Imediatamente dizem do que gostam ou não gostam. Ninguém mais é neutro.

    No evento, muitas tribos, muitos jovens, muitos estilos, tudo junto e misturado. Era bom de ver. “Isto é incrível! Muito fresco, muito vivo!”, me dizia Philippe Pasquet, presidente da Première Vision Paris, no primeiro dia do SPFW. A impressão de alguém que estava ali pela primeira vez só confirma o que ouvi de muitas outras pessoas. Era impossível não sentir essa energia. Uma energia que vem das pessoas. Todos queriam essa nova energia. O espaço a céu aberto na área central do evento, com mesas coletivas em volta dos food trucks, favorecido pela cenografia simples e despretensiosa do Atelier Marko Brajovic, era o cenário perfeito para aquilo que as pessoas mais querem ultimamente que é se ver, se encontrar, compartilhar, trocar, experimentar.

    Ao longo desses anos todos, vimos protagonistas que surgiram, outros que sumiram, em todas as áreas. Vimos estações mais fortes, estações mais mornas. Às vezes a natureza ajuda e os céus conspiram. É assim mesmo. Aqui e no mundo. Nessa edição, começamos a celebrar os 20 anos de SPFW e percebemos que os players da nossa indústria estão cada vez mais maduros, enquanto o público da semana de moda está cada vez mais jovem, conectado e exigente.

    Movimento, mudança, vida. Moda é isso. É trabalho, é energia, é paixão. E essa é a roupa que queremos vestir todas as manhãs.

    *Paulo Borges assina uma coluna semanal no FFW. Seus textos são publicados sempre às terças, às 18h, neste canal do Blog. Fique ligado aqui!

    + Coluna do Paulo Borges: Diálogo em verde e amarelo

    + Coluna do Paulo Borges: O novo poder do desfile

    Não deixe de ver
    FFW