Mauricio Ianês, Erika Palomino e a turma do projeto Meio Fio, da Melissa / Cortesia
por Giuliana Mesquita
Viver é resistir.
São Paulo carrega uma força criativa difícil de explicar, de mensurar, de colocar em palavras. O Meio-Fio está aqui para isso – ou pelo menos tentar. Seria pretensão demais dizer que conseguiremos. Através do talento, do olhar, dos rolês e das histórias dos 18 participantes, vamos destrinchar o que a cidade tem de melhor. Juntar estes dezoito criativos, desenrolar palestras, reuniões, bares, boates. Tudo para entender esses olhares tão distintos e fazer com que eles se comuniquem, troquem ideias, compartilhem experiências de vida, furem a bolha em que habitam, vivam uma nova realidade e transformem a ordem vigente.O projeto Meio Fio, em sua segunda edição – uma evolução da primeira – provê ferramentas, tanto fomentando a discussão e a criatividade nas reuniões de curadoria do artista performático Maurício Ianês quanto nas vivências com a editora de moda Erika Palomino, consultora criativa do Meio-Fio, até o subsídio para que essas interações aconteçam da melhor forma. No Meio Fio, assim como no cosmos, tudo conversa a fim de elevar o debate e trazer mudanças consistentes na cidade.
“Depois de ter entendido sua vocação após a primeira temporada, neste ano o Meio-Fio está com ainda mais conteúdo, por meio das interações com o curador Mauricio Ianês e das discussões sobre a cidade e sobre a produção cultural daqui. Cada um dos participantes traz um universo próprio, muito completo, e que se não fosse o projeto talvez a gente não conhecesse (ou demorasse mais pra descobrir). Tenho certeza de que muitos dos nomes aqui presentes ainda vão dar MUITO o que falar”, diz Erika Palomino.
Na prática, os participantes tiveram encontros com sociólogas, Thiago de Paula Souza (co-curador da Bienal de Berlin) e Paula Garcia (Artista e Curadora do Marina Abramovic Institute e SP Arte). Essas palestras têm como finalidade fazer com que os artistas tenham mais profundidade sobre seus talentos, olhares e vivências.
Encontro com a artista Paula Garcia / Cortesia
Após esses encontros, os participantes vão se agrupar de forma orgânica para desenvolver, juntos, projetos que contemplem suas experiências, seus talentos, seus olhares e suas vontades de transformação. Diferente do ano passado, em que foram eleitos apenas três projetos para serem realizados, nessa segunda edição todos serão colocados de pé – e, mais importante, a união entre os artistas do Meio Fio será incentivada ao máximo.
“Penso o projeto como um lugar de encontro, colaboração, troca e reflexão/questionamento ativo sobre as estruturas sociais que estão em jogo em uma cidade como São Paulo. Estas estruturas, que não são necessariamente fixas, acabam sendo resultado de vetores de poder que acabam determinando como a gente se move, se expressa e ocupa a cidade. Acredito que as potências sensíveis e estéticas que podem aflorar na moda, nas artes, na música, etc, sejam efeito, mas também causa dessa situação que descrevi acima e espero que o Meio-Fio venha pra possibilitar uma quebra no funcionamento dessas estruturas, no sentido de abrir um lugar emancipatório
prxs participantes mas também para todxs que vivemos na cidade”, diz Maurício Ianês.
Após conhecerem melhor uns aos outros e a si mesmos, os 18 participantes serão divididos em grupos e todos os projetos serão realizados e apresentados para o público. Com o fim de expandir a visão, eles devem construir essas histórias juntos. Juntos, eles amplificam o poder de promover a transformação do lugar público da cidade.
No FFW, teremos uma coluna semanal para dar amplitude à essas vozes, dividir as causas pelas quais eles defendem e mostrar como cada um deles pode movimentar a cidade de São Paulo. Em tempos em que tudo que ouvimos são notícias cada vez mais preocupantes, o Meio-Fio quer mudar seu quadrado através de uma política do sim, pra frente e pra cima.