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    Gaza Girl
    Gaza Girl
    POR Camila Yahn

    Farah Baker, palestina de 16 anos que relata o conflito via Twitter ©Reprodução

    “Meu nome é Farah Baker e eu posso morrer esta noite”. Foi com um tweet como esse que uma jovem palestina de 16 anos passou a chamar a atenção da comunidade internacional. Farah, que assina como Farah_Gazan no Twitter, tem usado a rede social para documentar a guerra na Faixa de Gaza.

    Desde o início dos conflitos, em julho, ela viu seu número de seguidores pular de 800 para quase 200 mil. Tornou-se um fenômeno da mídia social e dá entrevistas para jornais do mundo todo.

    Baker virou trending topic e é seguida por milhares de pessoas, que acompanham ao conflito não apenas pela TV, mas também pelos olhos furiosos e sinceros de uma adolescente que dorme sob os estrondos e as luzes de bombas e mísseis, gritaria e sons de sirene. Seus posts chegam a ter até mais de 10 mil compartilhamentos.

    Assim como vimos na cobertura do Mídia Ninja durante as manifestações no Brasil, é um conteúdo sem filtros. É a verdade, o fato, o que está acontecendo ali, naquele momento, a realidade sem maquiagem. A adolescente, que vive com seus pais e duas irmãs mais novas, posta relatos nas redes desde 2012 e já passou por três guerras civis.

    Da janela do seu quarto, Farah compartilha seu terror pessoal via Twitter: fotos, vídeos e frases que traduzem a ansiedade e o medo de não saber o que pode acontecer, ou melhor, de que qualquer coisa pode acontecer no próximo minuto. Em muitos momentos, ela achou que fosse morrer. “Estou tentando mostrar ao mundo como me sinto e o que está acontecendo onde eu moro”, disse à Reuters. “Tento fazer com que outras pessoas sintam como se estivessem tendo a mesma experiência que eu.” Mostrar ao mundo “como se sente” é algo típico do adolescente, a diferença é que aqui, sua raiva e apreensão são tão reais quanto o ar que respira. Enquanto toma café da manhã, carros são queimados em frente a sua casa e ela tem que dormir com sons de explosões e sirenes. “Não temos abrigo”, diz.

    Um dos tweets com foto e texto de Farah, que acompanha o conflito de sua janela ©Reprodução

    Mas o que isso tem a ver com um site de moda? Tem a ver porque a moda não pode se alienar. Tem a ver com juventude, conexão e comportamento. Com entender e respeitar, dois verbos que não são muito praticados no mundo online, no confortável anonimato da internet.

    Reforça também como você se torna mais corajoso e menos sozinho quando pode dividir o que está acontecendo, compartilhar o medo e o risco. Em uma situação como a dela, reportar em tempo real os acontecimentos pode simplesmente fazer o tempo passar mais rápido do que se estiver deitada, encolhida, esperando a próxima bomba cair. Um escape e um enfrentamento ao mesmo tempo.

    Esse é um dos papeis que a internet, em especial as redes sociais, pegou para si, o de companheiro. As redes mudaram a forma como nós recebemos e consumimos notícias, além de ter afetado a maneira como escolhemos passar nosso tempo livre.

    As pessoas estão cada vez mais tempo conectadas, teclando, conversando por texto e se vendo meio que distorcidamente por programas como Skype ou Facetime.

    Farah vive uma situação limite, sem poder sair de casa ou se comunicar com as pessoas na vida “física”. É no online onde ela encontra suporte, apoio, atenção e esperança e aí está um grande trunfo do digital. Cada um na sua bolha, com suas preocupações, mais ou menos sérias, podemos conhecer os dramas alheios, entender mais o mundo através de seus olhos e nos compadecer de suas experiências.

    A vida de Farah é a vida de muita gente, dos dois lados da fronteira, de muitas terras mundo afora. Esperamos que em breve, ela use o Twitter para contar que o céu está livre. E a noite, silenciosa.

    ©Reprodução

    ©Reprodução

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