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    “The Rise of Lowsumerism”: vídeo da Box 1824 prega redução no consumo
    “The Rise of Lowsumerism”: vídeo da Box 1824 prega redução no consumo
    POR Redação
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    “The Rise of Lowsumerism”: vídeo da Box 1824 prega redução no consumo ©Reprodução

    Antes de tudo, vamos fazer um pacto. Você vai ler este texto sem pensar na forma como vive até hoje e, sobretudo, sem pensar na sua wishlist permanente e em todas as coisas que você planeja comprar na próxima viagem ao exterior. Nós dois, você e eu, estamos aqui em um site de moda (eu escrevendo e você lendo) e é muito provável que você não somente goste de moda, mas goste muito, logo, existe uma grande possibilidade de que você queira comprar muitas roupas. Você vai precisar se despir dos seus hábitos como precisei me despir dos meus para escrever este texto. Esse é o nosso pacto.

    Vamos aos fatos.

    A Box 1824, empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo, publicou nesta terça-feira (04.08) um vídeo sem fins lucrativos ou comerciais em que mostra como o consumismo nasceu e se desenvolveu ao longo de décadas sustentado pela necessidade das indústrias de venderem cada vez mais.

    O trabalho apresenta como os hábitos de consumo mudaram ao longo do século passado até se transformar em consumismo. Desde o fim do século 19, quando o consumo começou a aumentar como resultado da industrialização até os anos 2010, com o consumo compartilhado, que parecia um passo à frente, mas que não reduz o desejo de consumir, apenas reduz a posse, passando pelo auge da publicidade nos anos 1920 e pelo sonho do consumo americano, na década de 1950.

    O problema desse estilo de vida fomentado no último século, baseado na industrialização, no consumo e, mais recentemente, no consumismo têm resultados desastrosos para o planeta. De acordo com o vídeo, somente nas últimas três décadas, um terço dos recursos naturais da Terra foram consumidos. “O mundo não pode esperar mais. Afinal de contas, a Terra é a nossa casa, não um imenso shopping center”, prega o documentário.

    A saída apresentada é a redução drástica no consumo, porque para produzir artigos usamos recursos do meio ambiente, mas também porque produzindo cada vez mais, geramos cada vez mais lixo. Veja bem, comprar itens que têm um “selo verde” não resolve o problema, apenas alivia momentaneamente a culpa consumista. E a responsabilidade é tanto das indústrias como dos consumidores. A saída apresentada no documentário é o low consumerism, ou lowsumerism. Mais do que antecipar a tendência de um comportamento menos consumista, o vídeo, intitulado “The Rise of Lowsumerism” (“O Aumento do Lowsumerism”), prega isso. [E aí vem aquela pergunta se realmente é uma tendência ou se alguém apontá-la acaba fazendo com que realmente seja uma tendência, mas não vamos entrar nesta questão.]

    O vídeo propõe que, de agora em diante, antes de se deixar levar por qualquer impulso de consumo, o consumidor quebre a lógica que foi implantada em sua mente ao longo dos anos. Antes de decidir comprar algo, se faça as seguintes perguntas:

    Você realmente precisa disso?
    Você pode pagar por isso?
    Você não está querendo ser incluído ou afirmar sua personalidade?
    Você sabe a origem desse produto e para onde ele vai depois?
    Você não está sendo iludido pela publicidade e branding?
    Você acha que essa compra prejudica o planeta?
    Quantas dessas compras você acha que o planeta consegue suportar?

    Resumindo, o lowsumerism é ser mais consciente e consumir menos. “São três atitudes simples que juntas vão ter grande impacto: sempre pensar antes de comprar, buscar alternativas de menor impacto para os recursos naturais (como trocas, consertar e fazer) e viver somente com aquilo que é realmente necessário. “O consumismo é um comportamento ultrapassado, do qual logo teremos vergonha.”

    Mas por que justamente uma agência que pesquisa comportamentos de consumo (a Box 1824) contratada por empresas que querem entender o consumidor (para vender mais) resolve trazer à tona a questão do lowsumerism? Quem responde é Rony Rodrigues, um dos proprietários da Box 1824 e que co-assina a direção do vídeo: “A Box é um empresa de consumo. Mas totalmente contra o consumismo. O consumismo pode levar inclusive ao fim da nossa disciplina, a pesquisa de consumo. Pode parecer contraditório, mas temos como missão levar uma nova consciência aos nossos clientes, expandir suas visões sobre seus negócios e isso passa por uma readequação na ordem do consumo. Quem estiver preparado vai sofrer menos. Cada vez mais nossos trabalhos estão voltados para encontrar propósitos e ampliar a consciência das empresas e de como podem prosperar respeitando o planeta e à favor da sociedade”.

    É claro que consumir menos traz muitas implicações complexas, especialmente na economia, e acredito que a principal delas seja como o capitalismo vai se sustentar sem aumento da demanda nem crescimento econômico. É uma questão para o futuro, e será ótimo se tivermos esse problema para resolver. Por enquanto, vamos nos ater ao que podemos fazer agora. Lembra do nosso pacto do início do texto? Agora que você o leu sem levar em consideração seus hábitos, volte-se a eles e veja o que você pode mudar na maneira como vive e consome. É difícil, mas podemos tentar juntos. Vamos fazer um novo pacto?

    Assista ao vídeo “The Rise of Lowsumerism”:

    Ficha técnica

    Pesquisa: André Oliveira, Eduardo Biz, Sophie Secaf e Stefanie Kazian
    Roteiro e direção: André Oliveira, Lena Maciel, Rony Rodrigues e Sophie Secaf
    Montagem: Fernanda Krumel, Lena Maciel e Lucas Moesch
    Ilustrações: João Felipe Veloso
    Consultoria: K-Hole
    Finalização de áudio: Loop Reclame

    P.S. Se você gosta da questão ambiental, tem vários documentários interessantes no Netflix, mas sugiro especialmente um chamado “A Era da Estupidez”. Está disponível no Netflix Brasil ou você pode assistir abaixo.

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