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    FFW Aposta: Patricia Araujo
    FFW Aposta: Patricia Araujo
    POR Camila Yahn

    A fotógrafa Patricia Araujo ©Divulgação

    Patricia Araujo, 25, é uma jovem fotógrafa cearense que tem realizado um trabalho artístico maduro, criativo e sensível. Cada foto sua mostra sua doçura, o respeito com que observa o mundo e também seus ideais. Politizada, ela quer usar a arte para comunicar um pensamento ou uma ideia mais do que produzir algo que seja somente belo.

    Patricia é uma boa representante dessa nova geração que cresceu na era digital com um espaço infinito para se manifestar e se expressar. Com uma câmera digital ou seu iPhone faz fotos e filmes – autorais e comerciais. O que ela vende é um olhar, um entendimento próprio do mundo, uma inteligência artística. E leveza é uma palavra chave.

    Conheci Patrícia ainda adolescente (já com uma camerinha na mão) e depois passamos muitos anos sem nos ver. Agora, que tardiamente conheci o seu trabalho, fiquei muito feliz com o que vi e é com muito prazer que escrevo esse post.

    Como foi o início da sua carreira?

    Desde adolescente sempre gostei de fazer fotos dos amigos e montar álbuns para levar pro colégio. Mas tudo ficou mais sério na faculdade de jornalismo (entrei em 2005), quando fiz amigos que já fotografavam, e um deles trabalhava num jornal da cidade. Comecei a fotografar profissionalmente com 19 anos como estagiária de foto no jornal “O Povo”. Depois estagiei no jornal “Diário do Nordeste” até que fui contratada como repórter fotográfica. Quando mudei para São Paulo, passei dois meses freelando na “Folha de S.Paulo”, onde fiz muitos retratos, uma delícia. E desde 2009 também colaboro com a editoria de beleza e moda do UOL e cubro o SPFW pra eles fotografando a beleza dos desfiles e o street style.

    Com que equipamento você fotografa?

    Os trabalhos comerciais eu faço, na maioria das vezes, com câmera digital. Para os meus projetos de arte tenho mais liberdade e uso o que mais cabe no trabalho. Uso bastante minhas analógicas Nikon FM2 e a Olympus Pen. Para vídeos, uso muito iPhone e minha câmera digital.

    Quais os seus diferenciais como fotógrafa?

    Acho que sou relativamente fácil de trabalhar. Gosto de trabalhar em equipe, pensar e realizar junto. Acredito que o meu trabalho (em moda, principalmente) só tem possibilidade de sucesso se toda a equipe também é boa, dedicada e envolvida. Para jobs de fotojornalismo, acredito que a minha facilidade de conversar com todo tipo de gente ajuda e isso vem muito da minha bagagem de jornal, quando viajei por todo o Ceará conhecendo gente, conversando, me infiltrando e participando de muitas realidades.

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    Conta um pouco sobre seus projetos, como o da Saia, por exemplo.

    Do lado comercial estou investindo na Brisa Filmes junto com meu marido Rodrigo Dario. É uma parceria que fizemos para desenvolver vídeos unindo nossas forças e talentos para atender a esse mercado que tanto cresce no Brasil.

    Do lado artístico estou me dedicando a finalizar a minha dissertação de mestrado, que, ao final, vai contar com uma exposição. Também estou preparando duas publicações para a Feira Tijuana, que acontece dia 27 de julho na Casa do Povo em SP, onde teremos uma mesa com trabalhos vendidos a preços de feira.

    Ao mesmo tempo, sempre que dá tempo me inscrevo em Editais de arte, afinal, não é fácil ser artista no Brasil e quando um projeto é apoiado, viabiliza muitas coisas impossíveis de realizar por falta de verba. O projeto Saia, por exemplo, foi assim. Trata-se de um projeto meu e da bailarina Clarice Lima que propõe uma intervenção urbana em que uma mulher fica de ponta cabeça, vestida com uma saia que cobre todo o seu corpo deixando somente as pernas expostas.. O projeto foi aprovado via edital pela Funarte e realizamos a performance e os registros em quatro estados do Brasil (Fortaleza, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro).

    Você vende suas fotos autorais? 

    Confesso que até hoje vendi bem poucas. A maioria eu dei ou troquei. Adoro trocar trabalhos com outros artistas, acredito ser uma forma mais coerente de movimentar o mercado da arte hoje. Colocar preços e comercializar trabalhos de arte ainda é uma questão pra mim e acredito que, no momento, me sinto mais confortável em vender somente fotografias e a preços acessíveis. Quero que as pessoas tenham o meu trabalho. Quero compartilhar e não guardar em gavetas.

    Para onde você deseja seguir? Tem vontade de ir pelo caminho tradicional e ser representada por uma galeria ou quer ficar independente?

    Atualmente estou terminando meu mestrado em Artes Visuais na ECA (Escola de Comunicação e Arte, na USP) e tenho como projeto final uma exposição dos trabalhos desenvolvidos e discutidos na tese. Acabei de dar um módulo de Fotografia para o Curso Técnico de Produção em Moda do Senac e tenho muito interesse em continuar a dar cursos, oficinas e workshops. Também participo de um grupo de estudos formado por 11 artistas em que discutimos processos e trabalhos em andamento. Não sei exatamente onde quero chegar, é difícil falar do futuro, mas quero continuar trabalhando e me dedicando aos meus projetos.

    Já expus em galerias e não tenho nada contra, pelo contrário. Porém, hoje não tenho interesse em ser representada por nenhuma, pois de certa forma, pertencer a uma galeria é se institucionalizar. Vejo a arte como um posicionamento político, em que é preciso saber o porquê das escolhas e o que se quer comunicar com aquilo. Falo aqui de responsabilidade com o que se entrega para o público. Em um texto de Cildo Meireles, ele diz que um dos objetivos de Marcel Duchamp era libertar a arte do domínio da mão, no sentido de libertar a arte do manejo puramente estético a fim de encará-la muito mais como um fenômeno do pensamento. Atingindo isso estaríamos muito mais próximo da cultura do que da arte. “Porque se a estética fundamenta a arte, é a política que fundamenta a cultura”. Então, levando em conta esse pensamento, hoje quero estar mais próxima da cultura do que da arte. Tenho mais interesse em propor indagações ao público do que apenas um vislumbre de beleza.

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    Parte da série Saia ©Patricia Araujo

    A foto que abre o seu site ©Patricia Araujo

    Da série Passagens ©Patricia Araujo

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