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    Grandes mulheres: Simone Veil, defensora das minorias e anti-selfie
    Grandes mulheres: Simone Veil, defensora das minorias e anti-selfie
    POR Redação
    Simone Veil / Reprodução

    Simone Veil / Reprodução

    Por Fernand Alphen

    Existem aqueles que elaboram suas vidas decalcando a trajetória do herói. Suas decisões são tomadas em função do epitáfio que ficará gravado no mausoléu edificado em seu nome, onde procissões de compenetradas almas irão recolher-se. Vidas heroicas, ainda que auto cultivadas, dão sentido ao drama da existência dos comuns.

    Mas existem aqueles que fazem sem reconhecer que fazem. Fazem porque não existe outra forma, nem outra alternativa. É da natureza inexorável da existência deles empunhar bandeiras, salvar vidas e cair no front. São heróis precisamente porque não conhecem outra forma de ser.

    Simone Veil disse que ao conversar com pessoas que conscientemente protegeram e abrigaram judeus da perseguição nazista, deu-se conta que a maioria deles sentia-se envergonhada de assumir o bem que fizeram. Ajudaram, correndo enormes riscos, porque não concebiam outra maneira de agir. Eles haviam ajudado aquelas pessoas porque era justo.

    Ela nasceu em 1917 e foi deportada para Auschwitz com a família aos 16 anos. Pouco mais de dois mil franceses voltaram dos campos (menos de 1% dos que foram) e ela teve a sorte de escapar. Como afirmaria mais tarde – apesar de nunca ter apagado a bestial tatuagem com que eram marcados os candidatos ao extermínio – ela não se considerava uma boa testemunha dos campos porque sobreviveu. Só os mortos testemunharam.

    Mas essa mulher linda, com seu olhar lancinante, sua verve e obstinação nos combates que julgava legítimos foi a política mais popular da França até sua morte, e mesmo nos governos de esquerda ela permanecia profundamente respeitada e admirada. Foi também a primeira presidente eleita do parlamento europeu de 1979 a 1982 (antes dela, o presidente era designado), uma feroz defensora dos direitos de todas as minorias, de raça, de religião, de condição social.

    Em 1974, Simone foi nomeada ministra da Saúde quando aprovou a lei de despenalização do aborto. Sua defesa dos direitos da mulher que “não decide o aborto porque quer mas porque precisa”, foi acompanhada como a conquista do espaço, por uma população majoritariamente favorável mas um congresso conservador, hostil e misógino.

    Simone Veil faleceu recentemente aos 89 anos. Ela será enterrada no Panteão dos heróis da França e isso pareceria lógico até para ela. Apesar de sentir uma natural aversão à afetação e ao autoelogio Simone tampouco fazia prova de falsa modéstia. O herói não fala de si mas também não reprova que o façam.

    Simone Veil foi um exemplo de dignidade em tempos de tantos heróis de selfies compartilhados e manifestações explícitas de autoelogio masturbatório nas redes sociais.

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