Como falei no último post, o dia de hoje (30/09) contou ainda com o desfile do Rick Owens e suas longas saias. Longas tipo Mortícia Adams do futuro indo para uma festa underground.
E não seria de todo correto _ou até mesmo justo_ afirmar que só porque Sr. Owens alongou a barra de suas saias, entrou ele na tendencinha do momento. Na verdade, o estilista que sempre trabalhou dentro de um universo muito particular, há tempos vinha dando sinais de um comprimento mais alongado, pautado por uma certa verticalidade quase gótica. E agora parece ter atingido sua ápice.
Assim, em vestidos de saias extra compridas, dotadas de um elegância imponente, trabalhou toda aquelas técnicas de alta-costura com a qual flertou nas últimas coleções. Com partes de cima cobertas por suas incríveis peças em couro _agora bem finos, sem muito volume e com recortes angulares_ eles vinham em tecidos de aparência luxuosa, transportados para um universo, ainda que obscuro e com uma certa estranheza, muito mais sofisticado e requintado que o habitual.
O problema nisso tudo é que boa parte da força de Rick Owens estava justamente na sua forte ligação com a rua, ou melhor, com os estilos da moda de rua. Assim, a medida que seu verão 2011 _e as coleções anteriores_ se afastam de todo esse cenário, é como se sua imagem perdesse algo extremamente importante.
Em algumas coleções passadas, Owens chegou até a tentar adaptar a alta-costura a seu imaginário underground e obscuro, sem que para isso precisasse retirá-lo de seu local de origem. E nisso obteve imenso sucesso. Não é à toa que os vestidos curtos, com lindas dobras em tecidos leves parecem muito mais interessantes do que suas versões longas mais suntuosas. Ainda que tecnicamente perfeitos e relativamente novos para o repertório da marca, pareciam deslocados neste novo meio.