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    Um inverno para as mulheres
    Um inverno para as mulheres
    POR Redação

    2011/10/1176_celine-inverno-2010Céline inverno 2010 © firtVIEW

    Voltando de Paris fiquei pensando um pouco sobre as principais mensagens da temporada. Sobre a onda minimalista que tomou de assalto às coleções internacionais para o próximo inverno. Em como linhas limpas, ausência de decorações e design em seu estado puro conseguiram dar status cool à austeridade. Em como a manipulação tecidos e exploração de formas de maneiras quase modernista transformaram o básico em inusitado.

    Mas talvez, para além de um visual que grite “direto aos negócios”, haja algo maior por trás desse novo minimalismo impulsionado pelo sportswear clean do verão 2010 da Céline de Phoebe Philo. Por um lado, como que se aquelas formas simples fossem versões atualizadas do “power dressing” que deu força ao visual feminino lá nos anos 80 quando as mulheres começavam tomar seus postos no mercado trabalho.

    Pensando por aí, tudo isso até faz certo sentido. Hoje, conforme indicam uma série de pesquisas publicadas no começo do ano, o sexo feminino já supera o masculino na força de trabalho de diversos países. As mulheres há tempos já são donas de seus próprios narizes e contas bancárias. Não precisam mais do apoio e sequer a aprovação do sexo oposto para qualquer decisão. E se antes, ela precisava subir em vertiginosos saltos, ousar na sensualidade ou então roubar do guarda-roupa masculino elementos de poder, hoje já não é mais bem assim.

    2011/10/1174_stella-mccartney-inverno-20Stella McCartney inverno 2010 © fisrtVIEW

    Talvez, sentindo a iminência de grandes mudanças sócio-culturais, estilistas estejam de fatos preocupados em como acompanhar tudo isso e encontrar seu papel no meio dessa silenciosa revolução. Para alguns a solução foi olhar para trás, para outro foi limpar a casa para dar novo “start” em seus negócios. Mas poucos, porém, parecem ter conseguido olhara além e percebido que nessa nova fase, seu trabalho não será apenas embelezar o guarda-roupa feminino.

    Quando falamos que tecidos e roupas foram trabalhadas de maneira modernista, talvez não seja nem naquele modo de solução de problemas ou rompimento com o passado. Mas, sim, para levantar questões de realidade física ou até mesmo comportamental. Quem de fato foi moderno nesta temporada, foi quem conseguiu olhar para o futuro de maneira real, oferecendo roupas para realidade de fato (por mais que ainda distante ou reduzida) muito mais que para um futuro imaginado.

    Exatamente como aconteceu com Yves Saint Laurent e Coco Chanel. Ambos, grandes gênios da moda do século XX, conseguiram entender as reais necessidades das mulheres, quando a grande maioria delas sequer sabiam que de fato desejariam tais elementos.

    2011/10/1175_balenciaga-inverno-2010Balenciaga inverno 2010 © firstVIEW

    Hoje, quem mais se aproximou de tal qualidade foi Nicolas Ghesquière, na Balenciaga, Raf Simons, na Jil Sander, Riccardo Tisci, na Givenchy, Alber Elbaz, na Lanvin, Marc Jacobs, Miuccia Prada e as meninas de ouro da temporada: Hannah MacGibbon, na Chloé, Stella McCartney e Phoebe Philo, na Céline (por mais que essa última coleção tenha carecido da energia da passada).

    Essas últimas, além de oferecerem algumas das melhores coleções de semana de Paris, são exemplos vivos dessa nova mulher. Todas na faixa dos 30, mães, trabalhadoras e com reais necessidades que pedem por um guarda-roupa que não grite apenas: fashion! E muito menos só “business”.

    Pensando bem, talvez a mensagem principal do inverno 2010 seja mesmo sobre feminilidade. Sobre feminilidade em suas mais variadas formas. Sexy, trabalhadora, voluptuosa, jovem, adulta, para noite, para o dia, mas sempre possível. Sempre real e sempre com as rédeas de suas vidas. Não foi à tona que os anos 60 e 90 foram as duas décadas mais referenciadas nas coleções internacionais. Ambas, trazem importantes significados para a vida do sexo feminino. Primeiro por toda aquelas questões de liberação sexual e autonomia feminina, depois por uma postura mais business bem equiparada com os homens.

    2011/10/1173_louis-vuitton-inverno-2010Louis Vuitton inverno 2010 © firstVIEW

    Sem contar que, pela primeira vez em muito tempo (acredito que desde os anos 60), o adjetivo “maduro” parece ter perdido qualquer conotação negativa. Supostamente, depois de anos em busca de juventude eterna, estilistas parecem ter percebido que suas consumidoras não são apenas garotas magrinhas de 20 e poucos anos. Não foi à toa que Miuccia Prada e Marc Jacobs para Louis Vuitton trocaram as modelos skinny de 16 anos, por mulheres mais velhas (ou menos novas) e curvas mais próximas da realidade da mulher comum. Formas voluptuosas, bustos em evidência, quadris acentuados.

    Tudo bem, o conceito pode ter se mostrado mais interessante do que a roupa de fato – e principalmente na Vuitton onde as saias godês mega volumosas parecem retros demais para as atuais necessidades das mulheres. Mas, parece que a próxima temporada vem para legitimar (mais uma vez) a autonomia do sexo feminino.

    Legitimação, talvez, até mesmo sobre o poder de estilistas e editoras de moda. Afinal, o mar de roupas simples, cores neutras e peças básicas pode ser entendido como uma tela em branco, onde cada mulher pode criar seu próprio estilo ou visual. Uma temporada, então, onde o estilo fala mais alto do que a moda em si.

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