Se você se lembra bem do desfile de inverno 2015 da Saint Laurent, aquele dos “vestidos couture John Baldessari”, você deve conhecer a banda Cherry Glazerr. Hedi Slimane escolheu o trio de youngsters de Los Angeles para compor uma música especialmente para a ocasião. O resultado foi “Had Ten Dollaz”, rock de garagem que rolou ao vivo e em loop durante todos os quinze minutos de desfile. Também assinaram a trilha de Dance, primeiro vídeo que o designer realizou na maison.
Em nova formação, a banda lança hoje seu terceiro disco, Apocalipstick. Um trabalho mais maduro, mas com a veia DIY de pós-punk e riot grrrl que conquistou Slimane ainda pulsando forte.
À frente da banda está Clementine Creevy, garota ensolarada e espontânea que incorpora bem o espírito da geração millenial multifacetada. Depois de colaborar com a Saint Laurent enquanto estava ainda no colégio, hoje, aos 19, ela faz ponta na série Transparent, vira e mexe aparece nas fotos de Petra Collins, descreve sua estética como “couro preto neo-grunge” e escreve músicas que retratam bem a confusão da juventude – profundas, bobas ou venenosas. “Os músicos de rock de garagem com quem eu cresci tocando compartilhavam uma mentalidade que vai contra a ideia sanitizada de cultura pop, o que me faz lembrar da essência do movimento punk”, declarou recentemente. “Não quero algo limpo. Quero coisas reais, sujas, honestas e confusas porque é assim que eu sou.”
Não à toa, Creevy é também garota-propaganda da coleção Heartthrobs da label australiana Emma Mulholland, inspirada por zines radicais e bandas de garotas dos anos 1990. As fotos foram convenientemente feitas em LA, berço e parte da identidade da banda. “A gente é uma banda muito LA [risos]. Eu cresci aqui, fiz colegial aqui, então, a energia da cidade é quase subconsciente”.