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    FFW visita o novo espaço da Fundação Prada, em Milão
    FFW visita o novo espaço da Fundação Prada, em Milão
    POR Redação
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    Um dos espaços externos da Fondazione Prada em Milão ©Juliana Lopes

     

    Miuccia Prada já é imortal. O caminho que constrói a cada criação é consagrado. Muito além do conceitual, feito não só de tecidos mas cimento, aço, tinta, pixels. O sobrenome Prada, conhecido globalmente através da moda, mostra que a moda é apenas um fruto desse conglomerado de ideias. A grande confirmação é o novo espaço do museu Fondazione Prada, projetado em parceria com o escritório criativo OMA, do arquiteto Rem Koolhaas. O FFW esteve presente na abertura do espaço em Milão e ainda o visitou outras duas vezes para conhecer melhor o grande espaço. Abaixo, nossa percepção que mostra por que a Prada tem todas as credenciais para ser uma referência mundial de arte contemporânea:

    A estrutura arquitetônica

    O modo como foi pensado o espaço já nos sujeita a uma experiência artística. É uma união de edifícios antigos com novas estruturas, sempre num estilo “velha fábrica” que se vê muito em Milão em propostas contemporâneas. Em geral são pequenas indústrias desativadas – no caso da Fondazione, uma antiga destilaria – que deixam galpões perfeitos para hospedar mostras de grande porte. Mas não é mais um espaço do gênero em Milão. Estamos falando da Prada: um dos prédios é todo pintado de dourado. Um adorno irônico e ao mesmo tempo deslumbrante. Andar pela Fondazione é passar por um percurso que faz sentido por dentro e por fora. Cada exposição acontece extremamente ligada ao espaço escolhido: a Torre, a Cisterna, o Cinema, o Podium, o corredor Sud, o corredor Nord, a Biblioteca, a Haunted House, o Trittico. Das mostras literalmente site-especific (que existem apenas para aquele lugar) às coletivas mais clássicas. A mostra de Louise Bourgeois e Robert Cober, por exemplo, acontece na estreita torre de 4 andares do edifício dourado. O percurso sugerido pelos funcionários da Prada é que se suba até o último andar para depois ir descendo e entrando em cada um deles. Não mais de 20 pessoas podem entrar por vez, na torre. As escadarias de metal, as paredes de cimento e toda a estrutura fria é comovente. Contam histórias. Como contam os desfiles pensados por Miuccia. Todos da mesma “família de gosto”. Um dos muros externos é inteiro revestido por um espelho, que duplica a paisagem ao vivo. Do outro lado, uma grande vitrine, onde vemos de fora a mostra que acontece dentro. Os corredores são todos fotografáveis. O céu e os vazios são muito presentes na paisagem. Daí a sensação ambígua de amplitude, com os grandes vãos entre os edifícios, e o aprisionamento que nos acolhe em cada mostra. Uma arquitetura inteligente que, no final do passeio, nos convida a tomar um sorvete no atemporal bar Luce (luz) concebido pelo diretor Wes Anderson. Ali parece que tudo até então fez sentido. )”Foi nossa intenção fazer o antigo e o novo se parecerem aqui. Em nenhum momento você consegue distinguir se está num edifício antigo ou num novo”, disse Rem Koolhaas, do estúdio OMA, na prévia da abertura da Fondazione Prada.

    A escolha dos artistas

    A coerência das intenções de Miuccia Prada está ligada a suas escolhas. Aos colaboradores que ali orbitam. Das jovens designers da École Nationale Supérieure d’Architecture de Versailles, que pensaram no espaço feito para crianças (Accademia dei Bambini) ao renomado curador Salvatore Settis, historiador da arte e escritor bastante conectado com aspirações atuais da humanidade. Criar um espaço para crianças pensando na educação desses novos visitantes é bem ligado a um valor contemporâneo de inclusão dos mais jovens sem subestimar as novas gerações. Sortudos os meninos e meninas que podem entrar no mundo das artes pela porta da Prada. É como se fosse um pequeno cenário, conceitual e delicioso, com um chão que sobe para o alto sem que a gente perceba, uma escada que não nos leva a lugar algum que não a ela mesma. Pequenas cadeiras, lápis e papel. A mostra “Serial Classic”, curada por Settis, explora a questão da cópia na arte clássica e coloca originais e imitações lado a lado. O contraste entre a luz de neon e as clássicas esculturas romanas pode ser o resumo do que é a Itália hoje e como a Prada consegue ser a voz disso.

    Uma pequena amostra dos artistas estrelados escolhidos para a abertura nos explica muita coisa: Louise Bourgeois, artista plástica visceral – sua instalação vai ser permanente no museu. Roman Polanski, cineasta controverso. Jeff Koons, artista irônico como quase sempre Miuccia Prada nos transmite ser. Nathalie Djuberg, artista que realiza animações bizarras com desenhos quase infantis, mas violentos e profanos. As instalações de Robert Cober e Thomas Demand que, ao lado de Bourgeois constróem uma arte “dolorida”, psicologicamente instigantes. A cereja é a presença de “Lost Love”, de Damien Hirst, um ambiente-aquário que nos transmite piedade e beleza. Essa obra está no espaço Trittico, inspirado na estratégia de expor que acredita que “a experiência de arte é sempre uma relação, que sua compreensão vem através de obras do passado ou do presente”. E aqui entendemos que passado e futuro estão ganhando o mesmo peso no museu.  “As pessoas me perguntam se isso é uma galeria de arte, um museu público ou uma fundação privada. Na verdade a gente quis fazer um espaço que agregasse todos os três. É muito homogêneo e ao mesmo tempo muito heterogêneo”, disse Patrizio Bertelli, CEO da Prada e marido de Miuccia, em conversa privada com jornalistas da “Wallpaper”.

    A completa dissociação com a moda

    Não estamos num museu de moda. Se acontece, assim por acaso, de lembrar que Prada também é um nome de moda, o pensamento dominante é que a arte é o que alimenta muitas coisas, inclusive a moda.

    A coerência com o gosto-Prada: o italiano moderno

    A importância do passado e do futuro no mesmo patamar (de novo, esculturas romanas sob uma luz neon num ambiente racionalista). Um museu contemporâneo sim, mas italiano. Que vai além dos clichês turísticos, migratórios, imaginários daquele país dramático e exagerado. O italiano moderno que só conhece quem convive um tempo com essa Itália. Ou quem vai direto ao ponto e absorve, através dos melhores criativos, qual é esse mundo. E a porta voz da nova Itália é sem dúvida Miuccia Prada.

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