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    Karen Elson lança o delicado Double Roses e fala ao FFW sobre música e um momento especial na moda
    Karen Elson lança o delicado Double Roses e fala ao FFW sobre música e um momento especial na moda
    POR Redação

    Por Luísa Graça

    Em 2010, a supermodelo Karen Elson fez seu debut na música com The Ghost Who Walks, um disco sólido, cheio de belas baladas sobre assassinato com floreios sônicos bem colocados e produzido por seu então marido Jack White, com quem tem dois filhos. Se esse disco transpirava a sensibilidade do sul dos Estados Unidos (onde Karen vive) com traços de country e bluegrass, sua segunda empreitada na música parece habitar um dia cinzento na Inglaterra. Em Double Roses, ela não mais se esconde atrás de contos fictícios, mas volta-se a si mesma e a suas raízes britânicas. “Acho que eu me permitir deixar minha ‘inglesice’ aparecer”, explica ela, que nomeou o álbum segundo um poema do ator e escritor Sam Shepard.

    É também o que ela chama de “álbum pós-divórcio”, mas afirma que não é sobre separação, e, sim, uma reflexão sobre a vida intensa que tem vivido desde que deixou sua cidade natal Oldham, aos 16 anos, para modelar. As canções tem algo de dilacerado e delicado e contam com a participação discreta de uma turma de músicos notáveis como Laura Marling, Father John Misty, Patrick Carney (Black Keys) e Pat Sansone (Wilco). “No fim da gravação me senti livre, liberta. Me senti eu mesma”.

    Depois de deixar os filhos na escola e fazer uma aula de pilates, Karen bateu um papo com o FFW por telefone. Em pauta, o novo trabalho musical e um dos momentos mais significativos que ela já viveu como modelo.

    Como e quando você começou a fazer música?

    Comecei quando eu era bem jovem, mas era algo privado. Sempre quis cantar – cantar era minha maneira de escapar do mundo. Quando me tornei modelo, pensei que isso seria um degrau para a música. Eu não sabia de nada, conhecia pouca gente. Veja, cresci no norte da Inglaterra, numa área industrial, bastante lúgubre… pense numa música dos Smiths [risos]. Então, modelar, de repente, tornou meu sonho de fazer música um pouco mais real, mas também começou a tomar todo meu tempo. Foi difícil encontrar um equilíbrio para conciliar as duas coisas. Levou tempo, mas consegui!

    Você se sentiu intimidada ou apreensiva quando lançou o primeiro disco?

    A beleza de ser modelo é que ninguém precisa saber nada sobre você. As pessoas te veem numa foto e não fazem ideia do que você pensa. O que me deixou apreensiva e assustada foi me dar conta de que, com a música, eu estava revelando muito mais de mim mesma. Música é algo muito pessoal, não tem como se esconder. Compus muita coisa que não consegui tornar pública, sabe? Parte disso é porque eu me sinto tímida em lançar músicas minhas e porque exijo muito de mim mesma. Eu cheguei a fazer um disco com o James Iha [guitarrista do Smashing Pumpkins] antes de The Ghost Who Walks e não achei que deveria lançar naquela época, não me pareceu certo… talvez eu ainda solte essas músicas num EP, não sei. Por muito tempo eu usei uma mantinha de segurança, mas aos poucos tenho me dado conta de que me expor um pouco é algo empoderador. Somos todos humanos afinal, né? Todo mundo tem seus conflitos, suas batalhas pessoais. E é isso que torna a música tão incrível, é uma linguagem universal.

    ©Cortesia

    ©Cortesia

    Double Roses soa bem diferente do seu disco de estreia. Quais ideias e sentimentos permearam seu processo de composição?

    O som foi se desenvolvendo. Eu sabia que tinha de fazer algo diferente. Não queria me repetir. Tenho muito respeito por pessoas que se libertam dos moldes que elas mesmas criaram para si mesmas. Esses dias ouvi o disco My Woman, da Angel Olsen, por exemplo… Ela era tida como a garota folk definitiva e de repente lançou um disco que é quase punk. Eu segui meu instinto e ele me levou para longe das baladas góticas sulistas que eu vinha fazendo e mais em direção a músicas emotivas. O que mais me orientou ao fazer esse álbum foi o fato de que eu queria transmitir vulnerabilidade e sinceridade, porque as músicas que eu gosto de ouvir são assim. Eu tenho 38 anos, deixei a casa dos meus pais aos 16, vivi ao redor do mundo por 22 anos… uma vida incomum. Acho que tenho algo sobre o que escrever. Tentei ser o mais destemida e vulnerável possível nesse disco. […] Obviamente o grande elefante na sala é que me divorciei de um homem brilhante e muito talentoso a quem respeito profundamente. Mas não é um álbum sobre separação, sou eu olhando para os últimos vinte anos da minha vida. Há muitas memórias que colorem esse disco.

    Você se sentiu mais confiante em fazer esse álbum por sua conta, sem o respaldo do Jack White?

    Aos poucos me senti mais confiante, sim. Com as músicas, com a minha voz. Não queria me acomodar e fazer uma outra versão de The Ghost Who Walks. Eu adoro esse disco e amei fazê-lo com o Jack – e ele me apoiou muito para fazer o novo também. Mas, no final das contas, eu queria tomar as rédeas, caso contrário, seria difícil sentir orgulho de mim mesma.

    E desta vez você não gravou em Nashville, o que deve ter te ajudado a se distanciar um pouco do mindset do primeiro álbum também.

    Pois é, gravei em Los Angeles. Minha vida em Nashville é muito doméstica, gira em torno dos meus filhos… Levá-los à escola ou para fazer atividades extracurriculares. Eu precisava me distanciar disso para conseguir manter meu foco. Porque, sabe como é, se eu ficasse em Nashville, ficaria no estúdio até 3 da manhã e acordaria às 6 para levar as crianças na aula, caso contrário, eu me sentiria culpada. Meus filhos são a primeira coisa na minha mente quando eu acordo e a última coisa em que penso antes de dormir. Eu sou muito ativa na vida deles, obviamente. Mas o Jack é tanto quanto eu, nós dois dividimos a carga. Ele me incentivou a ficar fora por algumas semanas, enquanto dava conta das crianças. Só assim consegui gravar o disco. Mas é curioso pensar que ninguém pergunta para um homem: como foi deixar seus filhos em casa para gravar um disco, né? Foi muito difícil ficar longe… Nós, mulheres, sempre temos essas expectativas irrealistas de como a gente deve se comportar.

    Você ainda tem uma boa relação com a moda ou, depois de tanto tempo, já se cansou dela?

    Eu amo moda. É claro que depois de fazer qualquer coisa por muito tempo, isso passa a te cansar um pouco, mas eu amo moda e a comunidade da moda, que sempre foi tão boa comigo. Meu gosto mudou ao longo do tempo e eu não levo moda a sério como já cheguei a levar um tempo atrás. As roupas, as fotos… acho que isso tudo existe para nos dar fantasia, escape e positividade. O Alessandro Michele, da Gucci… estou obcecada por ele! Porque ele está fazendo algo tão essencial e diferente, divertido, cheio de esperança. E isso que é moda para mim: uma bela fantasia. Ele tira isso de letra.

    Há algum momento ou encontro que você julga especial na sua carreira de modelo?

    Ah, o Steven Meisel… Tenho uma longa história com ele, trabalhamos juntos há décadas. Eu amo o Steven. E, sabe, quando o Alexander McQueen era vivo, tivemos muitos momentos especiais. Ter feito parte dos desfiles dele me marcou para sempre. Aquele desfile inspirado em dança e no filme A Noite dos Desesperados [Verão 2004] foi, de longe, uma das coisas mais lindas de que já participei, um momento que se destaca na minha vida. E, então, qualquer coisa com Tim Walker. Todas os ensaios que fizemos juntos foram muito interessantes.

    ©Cortesia PIAS

    ©Cortesia

    Doubles Roses estará disponível em lojas físicas e para download a partir de 7 de abril.

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