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    Com mais de 100 instalações que simbolizam cercas de segurança em NY, Good Fences Make Good Neighbors é a maior exposição da carreira de Ai Weiwei
    Projeto de como será uma das instalações da nova mostra em NY de Ai Weiwei, a maior de sua carreira ©Reprodução
    Com mais de 100 instalações que simbolizam cercas de segurança em NY, Good Fences Make Good Neighbors é a maior exposição da carreira de Ai Weiwei
    POR Redação

    Desde o início de seu mandato, o presidente americano Donald Trump tentou duas vezes instaurar no país medidas anti-imigração, que vetam sobretudo a entrada de refugiados e imigrantes de seis países de maioria mulçumana. Os juízes federais James Robart (Seattle) e Derrick Watson (Havaí) suspenderam tais medidas na primeira e segunda tentativa, respectivamente. No entanto, o governo Trump recorreu na quinta-feira (30.03) para derrubar a decisão de Watson – enquanto essa questão não for resolvida em um tribunal de apelação federal, em vez de apenas apresentar memorandos que visam colocar em prática tais medidas, o governo não poderá aplicar a nova política de imigração.

    Sob este cenário, em especial o da cidade de Nova York, grande porta de entrada dos EUA para cidadãos do mundo todo, Ai Weiwei planejou realizar a maior exposição de sua carreira. Good Fences Make Good Neighbors, que será inaugurada em outubro – o título é referência ao clássico poema Mending Wall, do americano Robert Frost, e tateia os papeis das fronteiras na sociedade.

    aiweiwei

    Ai Weiwei ©Reprodução

    Um dos mais renomados artistas contemporâneos, o chinês, que viveu em NY na década de 1980, irá construir mais de 100 instalações espalhadas pela cidade que simbolizam cercas de segurança em diferentes formatos, sendo 10 dessas em tamanho giga. Bairros como Manhattan, Brooklyn e Queens, além de cartões-postais como o Central Park receberão as intervenções de Weiwei, assim como locais inesperados (rooftops, espaços entre os edifícios, pontos de ônibus, entre outros), trazendo à tona ao dia a dia daqueles que residem em NY – sem impedir o ir e vir de ninguém, vale salientar – a eminente questão da divisão por meio de limitações fronteiriças.

    “A barreira sempre foi uma ferramenta no vocabulário político e evoca analogias com palavras como ‘fronteira’, ‘segurança’ e ‘vizinhança’ – todas conectadas com o atual ambiente político global”, disse o artista ao site Art Fix Daily. “O que é importante lembrar é que, enquanto as barreiras têm sido usadas para nos dividir, somos todos iguais como seres. Alguns mais privilegiados do que outros, mas com esse privilégio vem a responsabilidade de fazer mais”, orienta.

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    Dissidente e ativista, ele é conhecido por seu trabalho que ironiza, questiona e ilumina conotações políticas e crises humanitárias, sobretudo a imigração, que atualmente ele enxerga como uma crise internacional com efeitos generalizados. “Quando o Muro de Berlim caiu, havia 11 países com cercas e muros como fronteiras. Até 2016, esse número aumentou para 70”, disse ao The New York Times. “Estamos testemunhando um aumento do nacionalismo, do fechamento das fronteiras e uma atitude de exclusão em relação aos migrantes e refugiados – as vítimas da guerra e das consequências da globalização”, analisa.

    Ano passado, em uma de suas mais recentes exposições, ele recolheu, lavou, passou e mostrou, na galeria Deith’s Project, em NY, mais de 2000 itens entre roupas, tênis e cobertores abandonados pelos refugiados quando forçados a deixar o campo Idomeni, na fronteira da Grécia. Desde que obteve de volta seu passaporte em 2015 (recolhido em 2011 pelo governo chinês, que o manteve em prisão domiciliar por quatro anos), Weiwei visitou mais de 20 campos de refugiados na África, Europa e Oriente Médio, documentando tudo pelo Instagram.

    “Seus anos de experiência em arquitetura, design, arte e ativismo, culminaram nas variações de Weiwei no tema das cercas, que não são somente elaborações formais, inventivas e elegantes, mas também objetos potentes com ressonância profunda”, disse Nicholas Baume, diretor e curador-chefe da Public Art Fund, organização sem fins lucrativos que promove a arte nos espaços públicos de NY e celebra 40 anos com a exposição do artista chinês, a mais ambiciosa que a organização apresenta desde 2009, segundo Baume. “Good Fences Make Good Neighbors nos convida a considerar o papel das barreiras na sociedade atual, assim como nossa própria relação com o objeto em questão: estas cercas têm algum propósito? Elas foram impostas ou pertencem a este lugar? Do que elas me separam? De que lado da cerca eu estou? Elas me protegem ou me fazem sentir constrangido?”, questiona.

    Para o prefeito da cidade, a exposição chega em boa hora para impactar os indivíduos diante do clima político atual. “GFMGN serve como um lembrete para todos os nova-iorquinos que, embora as barreiras tentem nos dividir, devemos nos unir para realizar um impacto significativo em toda a comunidade”, indica. “Esse grande projeto de arte pública, que explora temas como liberdade e o poder da autoexpressão, é um símbolo perfeito e lembrete para todos nós, especialmente no clima político atual”, arremata.

    Good Fences Make Good Neighbors entra em cartaz em toda a cidade de NY a partir de 12 de outubro, onde permanece até 11 de fevereiro de 2018.

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