Você pode nunca ter ouvido falar de Es Devlin, mas certamente já deve ter visto seu trabalho. Es (de Esmeralda) cria esculturas cinéticas e palcos para espetáculos de tamanhos e estilos distintos, de óperas e peças de teatro a desfiles (Balenciaga, Louis Vuitton) e grandes shows pop. Desde 1995, seu design hi-tech tem transformado palcos pelo mundo, de pequenos teatros ingleses a grandes apresentações como Grammy e Brits Awards. Ou shows de Kanye West, Beyoncé (Formation Tour), U2 (Innocence and Experience Tour), Lorde (no Coachella 2017), Adele, Pet Shop Boys, Lady Gaga, Jay Z…
Devlin usa luz e espelho como um meio constante para manipular o espaço e a percepção. “Tenho usado espelhos por quase 20 anos para desafiar a física e a dimensão, expandindo espaços muito pequenos para infinitos”, ela diz em uma entrevista ao site Ssense.
Seu primeiro trabalho com a música pop foi em 2003 a pedido da banda britânica Wire. Dois anos mais tarde, Kanye West viu as imagens de sua instalação, que teve colaboração com a dupla de artistas Jane & Dinos Chapman. Ele estava ensaiando para lançar a turnê mundial Touch the Sky e pediu que Devlin repensasse todo seu show em apenas 10 dias.
Mais recentemente, ela começou a mostrar sua própria arte comissionada pelo curador Hans Ulrich Obrist. O trabalho mais atual é o ROOM 2022, que fez para a Art Basel Miami Beach, uma instalação interativa mostrada em um espaço construído no hotel Edition. “Eu estava pensando no sistema que faz os hotéis funcionarem. É muito parecido com o teatro, na medida em que há um pouco de ilusão. Você se envolve na ilusão de que o quarto é seu. Quando você deixa o lixo ou não faz a sua cama, quase acredita que há uma mágica invisível que arruma tudo antes de retornar”, ela conta. Na instalação, há vários labirintos com réplicas dos corredores do hotel Edition e portas dos quartos. Todas, exceto uma, estão trancadas. A porta destrancada leva para outro mini hall com mais portas, que leva para uma terceira réplica da mesma experiência. Tudo envolto em muita cor, imagens de vídeo e poemas escritos e declamados por Devlin.
Entre seus outros trabalhos artísticos pessoais, estão o The Singing Tree, no museu V&A, e Poemportraits, na Serpentine Gallery, ambos exibidos no ano passado.
Es teve contato com a arte desde pequena. Adolescente, viajava do interior à Londres de trem para aulas de violino na Royal Academy. Começou a trabalhar fazendo cenografias experimentais para pequenos teatros de Londres e foi uma das primeiras pessoas a usar projeção de filme em peças. Em 20 anos de trabalho, já criou para grandes casas de espetáculos como La Scala e Royal Opera House, e foi ela também quem assinou a cerimônia de encerramento da Olimpíada de Londres. No Brasil, ela integrou o time que concebeu a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio e também assinou o projeto da passarela do desfile da Louis Vuitton no Rio. Por seu trabalho, foi agraciada com o OBE (Order of the British Empire).
Abaixo, veja mais algumas de suas incríveis cenografias.