O 2750, modelo clássico da Superga ©Divulgação
A italiana Superga chegou de vez ao Brasil. A grife, nascida em 1911, inaugurou recentemente o seu site brasileiro e iniciou a produção em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, o que vai tornar os seus preços bastante competitivos. No país desde 2010, a marca começou com um quiosque no shopping Villa Lobos e vendendo online. Nesta nova fase, a marca será distribuída em lojas de sneakers e continuará em alguns e-commerces. “Vendemos online no OQVestir, Submarino, Virus e Dafiti e é um canal muito forte no Brasil, porque é direto com o consumidor que conhece a marca e quer comprar”, explica Milton Araújo, gerente comercial da Superga no país. Sob a supervisão de Lorenzo Boglione, Business Developer mundial da Superga e filho dos donos da BasicNet, empresa detentora da marca desde 2006, Milton acredita que este é um bom momento para os tênis de lona e confessa que tem muitos projetos para o futuro. “Para o Verão 2014 fizemos um modelo exclusivo com a Cantão e temos projetos embrionários com a Maria Filó e com a Disney”, conta Milton. O carro-chefe da marca continua sendo o 2750, produzido da mesma forma desde 1925, ano em que foi inventado.
Lorenzo esteve no Brasil para acompanhar de perto essa nova fase e contou ao FFW como fez para reviver uma marca adormecida, mas muito rica em história. Confira abaixo o bate-papo:
Quando a BasicNet comprou a marca, qual era a ideia que tinham para ela?
A primeira ideia que tivemos quando compramos a marca em 2006 foi que não queríamos mudar os sapatos originais. O Superga 2750, clássico da marca, é construído da mesma forma há 70 anos. A produção tem muitas partes diferentes, unidas de uma forma muito específica, o que faz com que o sapato seja igual ao original de 1925. Muitas marcas com sapatos icônicos mudaram a forma como ele é produzido para baratear o seu custo. Nós conseguimos manter a qualidade também porque o 2750 é 100% em borracha natural e algodão.
Lorenzo Boglione, business developer mundial, e Milton Araújo, gerente comercial da Superga no Brasil ©Andreia Tavares/FFW
Como vocês conseguem manter a herança centenária da marca?
Em muitos casos gerimos a marca globalmente a partir da Itália e sempre tentamos nos aproximar da cultura e herança italianas. Isso é muito importante para nós. A assinatura da marca é “People’s Shoes of Italy” e isto é realidade. Superga é o tênis do povo italiano. Sempre foi muito barato e todo mundo tem ou já teve.
Podemos dizer que são tipo as Havaianas da Itália?
Isso! Todo mundo tinha Superga quando tinha cinco anos, 10, 15, 20 e ainda hoje você vê avós passeando na rua com eles. É uma marca completamente transversal.
Esse posicionamento muda de país para país? Nos Estados Unidos, há a parceria com as irmãs Olsen e a marca é licenciada pela empresa Steve Madden; isso muda alguma coisa?
A marca tem o mesmo posicionamento no mundo inteiro. Nos Estados Unidos ela é licenciada pelo Steve Madden, mas só para facilitar a distribuição e o preço. As irmãs Olsen não são diretoras criativas para os Estados Unidos como um todo. Trabalhamos com elas em novas ideias e novas visões, mas elas cuidam do Superga 2750 para a The Row [marca de Mary-Kate e Ashley Olsen]. É uma edição especial, cara, feita em cashmere, com bordados e aplicações. Mas os padrões da marca são iguais no mundo todo. Por isso viajamos tanto, para garantir que está tudo dentro das normas.
Modelos do 2750 com uma pegada mais fashion ©Divulgação
Foi mais ou menos depois de a BasicNet comprar a marca que ela ficou mais conhecida no mundo. O que mudou na estratégia de negócio?
O nosso modelo de negócio é muito forte. Nós temos parceiros locais, dispostos a investir na marca (no Brasil é a Brandshouse). Investimos juntos, eles seguem a nossa diretriz, mas trabalhamos juntos em uma estratégia especial para cada país e felizmente está dando certo no mundo inteiro.
E vocês se associam cada vez mais com moda.
O sapato é sempre o mesmo. Nos pés da Rita Ora ou em parcerias com Giles Deacon, The Row, J.Crew ou House of Holland. Mudamos o tecido e as aplicações, mas é só. Claro que gostamos de estar associados com moda. Se você faz um sapato que é trendy, cool e vai agradar à imprensa, melhor. Ao mesmo tempo, sabemos que é um sapato muito democrático e que todo mundo pode usar. E vamos aproveitar todas as oportunidades de associar o sapato a alguém que achamos que representa bem o espírito da marca.
Rita Ora na campanha de Verão 2013 da Superga ©Reprodução
O mercado de tênis mudou?
Muito! Desde os anos 1980, quando que as pessoas começaram a ser “autorizadas” a ir vestidas casualmente para o trabalho. E de uma forma global, é um momento muito bom para os tênis de lona. Teve momentos no início de 2000 em que os tênis de lona estavam em baixa, mas agora está ótimo e temos que seguir com isso.
Qual o diferencial do produto Superga?
A diferença comparada a outros tênis é que é mais elegante. Se eu vejo uma menina na rua usando um Superga com um vestido eu acho elegante. Se for outro tênis é mais masculino, esportivo, fica diferente.
E como comunicam com o público masculino? É mais fácil?
A maior parte do nosso público é feminino. Mas globalmente temos 40% de público masculino, que representa quase metade do turnout global. Os homens não são muito atraídos por revistas ou anúncios. Eles só precisam encontrar o produto que querem e combiná-lo com a roupa que usam. Não são nada difíceis. (risos)