Foi na década de 1960 que o movimento Black Is Beautiful surgiu nos EUA, incentivando os negros norte-americanos a assumirem seus traços naturais e deixarem de alisar os cabelos ou tentar clarear a pele. Passados alguns anos, o movimento se espalhou pelo mundo e, hoje, quase 60 anos depois, continua efervescente, numa luta diária que questiona e conscientiza a falácia de que os padrões africanos são menos atraentes do que os europeus. Mais do que nunca, hoje temos vozes poderosas que reverberam essa aceitação, vide Beyoncé, Solange, Rihanna e Willow Smith lá fora, e por aqui Karol Conká, Tássia Reis, Iza, Magá Moura e tantas outras.
O que não significa, claro, que os padrões foram redefinidos. Ao contrário. É algo que precisa ser disseminado incessante e diariamente. É aí que entra a revista CRWN, que surgiu como um zine em agosto de 2015, lançado durante o Afropunk, evento que celebra a cultura e os artistas negros. Hoje é uma revista trimestral, cada edição possui cerca de 130 páginas que celebram a beleza da mulher negra, mas a mulher que vemos na rua, no dia a dia, não de nenhuma Queen B ou RiRi – a revista busca modelos de streetcasting, com perfis diversos e pequenas exceções de modelos profissionais.
“Nós criamos a CRWN porque vimos o movimento das conversas online e também no nosso network pessoal e profissional, sobre o estilo de vida do cabelo natural. Então vimos um nicho no mercado editorial, de revistas que imortalizaram a história do nosso cabelo numa publicação”, explica Lindsey Day, editora chefe do título, ao site Blavity. “Além de transmitir uma estética bonita e autenticamente representar a diversidade da mulher negra, queremos que a CRWN sirva como um modelo de criação sustentável, negócios com fins lucrativos que sirvam ao nosso povo”.
A revista conta com conteúdo diverso, com seções de beleza, moda, economia, relacionamentos, saúde, viagem e entretenimento, além dos perfis de nomes interessantes, sempre focando em estabelecer novos padrões de beleza em torno do cabelo natural, promovendo o amor próprio às leitoras através da autenticidade. “Estamos cansadas de ver dois ou três ‘tipos’ de mulher negra representada na mídia. Estamos cansadas de ouvir sobre ‘cabelo bom’ versus ‘cabelo ruim’ e pele clara versus pele escura”, desabafa Lindsey. “Criamos a CRWN pelo amor ao nosso povo, para elevar e celebrar nossas irmãs e seus lindos cabelos naturais”.
De olho nos novos talentos ao redor do mundo, a cada nova edição do título é aberta uma chamada para submissão de portfólios de design gráfico e texto, mesmo àqueles que não residem em NY, onde a revista é baseada.
Para o futuro, Lindsey Day e Nkrumah Farrar, diretor criativo e co-criador do título, pretendem criar a CRWN como uma plataforma que ajudará a promover negócios, empresas e relacionamentos.
A revista custa US$20 e pode ser adquirida através do site oficial, que entrega no Brasil. Também vale segui-los no Instagram (@CRWNmag).