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    Para ver e ouvir: o impacto das trilhas no sucesso de um desfile
    Para ver e ouvir: o impacto das trilhas no sucesso de um desfile
    POR Camila Yahn

    Momento final do desfile de Inverno 2012 de Rick Owens ©Reprodução

    Música e moda são eternos namorados, não é novidade. Quantos ícones da música não renderam toneladas de inspiração para designers e revistas (Mick Jagger, Madonna, Cat Power, Amy Winehouse, Bowie, etc)? Ou quantos artistas não ficaram famosos após serem “adotados” por pessoas influentes da moda (Lana Del Rey, Florence Welsh, The Kills, Lady Gaga, Pete Doherty…)?

    A trilha de desfile é união perfeita desses dois universos e pode fazer maravilhas para a apresentação de uma coleção. O contrário também acontece. É muito difícil você não se deixar levar por uma música. E quando isso acontece, você acaba vendo o desfile pelo filtro do que aquela canção provoca em você. Emoção, lembranças, diversão, saudade, beleza… Por isso é uma escolha tão importante e fundamental, porque ela ajuda no impacto que a marca quer causar com aquela coleção.

    A trilha que marcou essa temporada foi, sem dúvida nenhuma, a de Rick Owens, que usou a música “Ima Read”, de Zebra Katz, para deixar a atmosfera de seu desfile ainda mais climática, estranha e misteriosa. Quase ninguém havia ouvido falar nesse artista até então, mas todos saíram da apresentação com o refrão da faixa na cabeça e, em poucos minutos, Zebra Katz já era um dos assuntos mais comentados nos twitters da moda. O site Fashionista fez uma reportagem engraçada, contando que “Ima Read” “é a música tocada no carro da ‘Bazaar’; o pessoal da ‘V Magazine’ sabe a letra inteira de cabeça e Tommy Ton disse que foi a melhor trilha de todos os tempos”. “Foi o ápice de como essa música poderia ter sido usada”, contou Zebra Katz ao “New York Times”.

    Nova sensação: Ojay Morgan aka Zebra Katz ©Reprodução

    O que significa Ima Read? “Reading” é um termo antigo usado pelas pessoas que praticam voguing (lembra da músida da Madonna?), que significa um insulto verbal sobre algo que não fica muito claro para os ouvintes comuns. Um bom “reader” pode dilacerar você com apenas uma frase, como Zebra faz em parceria com a rapper Njena Reddd Foxxx, causando sensações não muito agradáveis em quem ouve a música de primeira. A letra soa ainda mais forte com um som minimalista e repetitivo. Segundo o “NYT”, “Ima Read” foi gravada como um statement da cultura negra e também como um tributo ao documentário “Paris is Burning” (filmado no final dos anos 80, mostra a cultura de baile das comunidades negra, gay e transgender de Nova York, além de explorar temas como o racismo, a homofobia e a pobreza), mas, segundo o próprio cantor, “é preciso estudar e pesquisar para entender o que eu digo”. De qualquer forma, nada poderia cair tão bem no desfile igualmente forte e atmosférico de Rick Owens.

    Leia alguns trechos abaixo:

    Ima read that bitch

    Ima school that bitch

    I´m gonna take that bitch to college

    I´m gonna give that bitch some knowledge

    I´mma chop that bitch

    I´mma slice that bitch

    I don´t like that bitch

    I´mma fight that bitch

    I don´t like that bitch

    Desfile Rick Owens Inverno 2012 em Paris:

    Não foi a primeira vez que uma música ganhou vida após ser executada em uma passarela famosa. A irresistível versão que o Scissor Sisters fez para “Comfortably Numb”, do Pink Floyd, estourou após ter entrado na trilha da Balenciaga, na Primavera 2003. Foi também quando vimos uma das melhores misturas de luxo com o sportswear, especialmente o surfe, em uma passarela de Paris, certamente um dos pontos altos na carreira de Nicolas Ghesquière. O cover animado, leve e bonito, feito por uma banda até então desconhecida, casou perfeitamente com a coleção igualmente fresca da Balenciaga. A partir daí, a música invadiu as pistas, os iPods e as casas de show, e uma nova banda da cena underground de Nova York levou frescor ao esquema mainstream.

    Os looks de neoprene da coleção de Primavera 2003 da Balenciaga ©Reprodução

    Outro projeto que também foi “lançado” pela moda foi a dupla belga Vive la Fête, que tocou ao vivo no desfile de Outono 2002 da Chanel após Karl Lagerfeld ter se declarado fã número um da banda. O designer também já deu bastante espaço para as Chicks on Speed e Cat Power. Nos três exemplos vemos pessoas com um visual que tem bastante apelo para o público da moda. Mais uma vez, o astral de vanguarda do duo e sua música sexy tinham tudo a ver com a Chanel.

    Desfile Chanel Inverno 2002 com apresentação de Vive la Fête:

    Quem está por trás das trilhas da Balenciaga e da Chanel é o DJ e produtor francês Michel Gaubert, também o curador dos CDs da Colette, que sempre foram muito aguardados por conta das novidades que traziam em termos de música. Ele também já assinou trilhas para Rodarte, Fendi, Gucci, YSL, Jil Sander, entre muitos outros, e é uma espécie de padrinho de novos artistas e bandas.

    Um DJ ou uma banda que entenda a alma da marca é peça fundamental para que um desfile seja bem sucedido. Uma música toca a alma com muito mais facilidade do que uma roupa. E quando essa janela é aberta, nós também podemos enxergar a roupa sob esse filtro da beleza e da emoção.

    N.R: para escrever o texto, ouvi “Ima Read” umas cinco vezes e desde então, o refrão “ima read ima read ima read” fica batendo sozinho na minha cabeça…

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