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    Em Nova York, a mostra Irving Penn: Centennial celebra um dos maiores fotógrafos do século 20
    Em Nova York, a mostra Irving Penn: Centennial celebra um dos maiores fotógrafos do século 20
    POR Redação

    No próximo dia 24 será inaugurada a mostra que celebra o centenário do nascimento de “um dos mais importantes artistas do século 20, cuja grandeza é incontestável”, segundo Anna Wintour. Trata-se do fotógrafo Irving Penn (1917-2009), um dos grandes parceiros da história da Vogue americana e que foi responsável por mais de cem capas do título ao longo de seus 60 anos de carreira – a primeira delas na edição de outubro de 1943. Com mais de 200 fotografias, a retrospectiva Irving Penn: Centennial, no Metropolitan Museum of Art de Nova York, será a maior exposição sobre o fotógrafo até hoje.

    As fotografias de moda do início da carreira do americano estabeleceram um padrão inovador de composição e estilo, ajudando a definir a imagem dos EUA no meio do século passado e influenciando nomes como Herb Ritts e Horst P. Horst. Suas fotos de modelos e celebridades também tiveram impacto no âmbito da impressão de gravuras, por conta do formato grande em que eram fotografadas e expostas, evidenciando ainda mais sua vocação para capturar a beleza dos detalhes.

    Penn não precisava de um grande cenário para construir uma grande imagem. Suas fotos eram tiradas em estúdio, com iluminação e fundo simples – sempre cinza ou branco. O seu pano de fundo preferido era feito de uma velha cortina de teatro encontrada em Paris, pintada suavemente com manchas cinza e que ele carregava consigo para todo o lado. É essa mesma cortina que serve como backdrop para a exposição no MET (e que nos próximos meses você com certeza vai ver várias vezes no feed do seu Instagram). “Ele quer perfeição, mas também quer mostrar que uma imagem é apenas uma imagem. É artificial”, explica Jeff L. Rosenheim, curador-chefe do Departamento de Fotografia do museu.

    Irving Penn em 1986 ©Reprodução

    Irving Penn em 1986 ©Reprodução

    Além de fazer icônicos retratos de nomes célebres, o fotógrafo também dirigiu suas lentes a anônimos, principalmente nativos de países como Peru e Nova Guiné, como parte de projetos pessoais – que incluem ainda uma longa série de natureza morta. “Ele era inspirado pelo retrato, pelo nu, pela natureza morta, pela imagem de moda na mesma medida, porque todos esses objetos eram um problema que tinha de ser resolvido ali, naquela hora e lugar”, diz ainda Rosenheim. “Ele não poderia voltar atrás – como um pintor sempre pode re-pintar algo. Não é como a imagem digital hoje, que você pode enfeitar”. Os retratos de Picasso, por exemplo, foram feitos em 10 minutos quando Penn visitou a casa do artista em Cannes. Depois de pregar uma peça no fotógrafo fingindo não estar em casa, o espanhol só disponibilizou esse pouco tempo para as fotos – uma das anedotas descritas no decorrer da mostra.

    A curadoria da retrospectiva, assinada por Maria Morris Hambourg, foi feita com o intuito de apresentar uma visão geral e cronológica da obra de Penn, destacando sobretudo seus trabalhos mais criativos. Faz-se assim uma linha de ligação entre as obras e os fatos que marcaram os períodos em que foram registradas. Através do percurso da exposição é possível, então, tatear temas como as mudanças que marcaram a abordagem à fotografia de moda e, consequentemente, a moda em si; a intensificação da fotografia como uma forma de arte nas década de 1970 e 80; e até a condição moral da consciência americana durante a Guerra do Vietnã.

    irving-penn-gisele

    Isso tudo dividido em seções. Em “Sinalização de Rua” estão algumas das primeiras fotos de Irving, registradas em Nova York, México e América do Sul; “Moda e Estilo” apresenta seu trabalho mais conhecido, com algumas edições da Vogue e destaque para os retratos de sua musa, a modelo Lisa Fonssagrives-Penn, com quem foi casado por 42 anos; “Retratos de Povos Indígenas” não só mostra o povo peruano em Cuzco, como também cidadãos de outras nacionalidades, os nativos da Nova Guiné, Marrocos e Benim, por exemplo; em “Retratos de Amadas Figuras Culturais” estão seus clássicos retratos de artistas, como Salvador Dalí, Picasso, Marlene Dietrich, Truman Capote, Yves Saint Laurent, Alfred Hitchcock… – a lista é longa; em “Natureza morta” vemos seu olhar fotográfico detalhista e sofisticado para objetos triviais como alimentos congelados, xícaras e bitucas de cigarro; a seção “Nus Artísticos”, que inclui a foto acima, de Gisele Bündchen, leiloada em 2008 por US$193 mil e que estampa a capa do livro da modelo, lançado ano passado pela Taschen; por último, a série em que o americano explora as cores através das flores, uma das mais belas em todo o arquivo fotográfico dele.

    Acompanhando a mostra, será lançado também o livro Irving Penn: Centennial, que já está em pré-venda na Amazon e explora a história por trás das fotografias que serão vistas na exposição. Curiosamente, uma dessas histórias envolve o conflito que o fotógrafo tinha entre seu gosto pessoal, mais conceitual, e o cenário mainstream de moda. Um dos capítulos do livro, aliás, foca num período, em 1972, em que o fotógrafo deixou temporariamente de colaborar com a Vogue, quando sua estética tornou-se incompatível com as preferências mais teatrais da então editora-chefe, a mítica Diana Vreeland.

    Irving Penn: Centennial entra em cartaz semana que vem (24.04) no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, onde permanece até 30.07.

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