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    Entrevista: CEO da Oscar de la Renta fala ao FFW sobre Brasil, mídias sociais e John Galliano
    Entrevista: CEO da Oscar de la Renta fala ao FFW sobre Brasil, mídias sociais e John Galliano
    POR Redação

    Alexander Bolen, CEO; e Eliza Bolen, VP de marketing da Oscar de la Renta ©Ricardo Toscani/FFW

    A Oscar de la Renta é uma empresa familiar. E tem orgulho disso, como ficou claro em um evento que aconteceu em São Paulo na terça-feira (12.03) para reapresentar ao mercado brasileiro as fragrâncias da marca (incluindo o lançamento “Live in Love”), que a partir de maio deste ano passam a ser distribuídas no país pela RR Perfumes e Cosméticos. Vieram ao Brasil para representar a grife Alexander Bolen, genro de Oscar de la Renta e também seu CEO, e sua esposa Eliza Bolen, enteada do estilista e VP de marketing da companhia. “Oscar pede desculpas por não estar aqui, mas ele está na praia”, brincou o CEO.

    A ação no Brasil é uma extensão da estratégia de reorganização interna da Oscar de la Renta que começou em 2008, quando a empresa decidiu reassumir o controle de suas operações de cosméticos e fragrâncias, que haviam mudado de mãos seis vezes nos últimos 10 anos e perdido sua identidade e qualidade, como explicou Alexander Bolen. Para isso, porém, foi preciso levantar capital, e a Oscar de la Renta vendeu parte de suas ações para a GF Capital Management and Advisor, o que gerou especulações sobre o futuro da empresa, uma das poucas do mercado de moda de luxo que não fazem parte de grande conglomerados.

    Este ano, o nome Oscar de la Renta virou novamente foco de especulações, mas desta vez, no setor criativo, quando foi anunciado que John Galliano voltaria ao trabalho no ateliê do estilista dominicano, em meio a preparativos para o desfile de Inverno 2013 da marca. De la Renta completa 81 anos em 2013, e não é de hoje que fala-se sobre quem poderia assumir seu posto quando ele se aposentar; a presença de Galliano em seus escritórios só fez alimentar a curiosidade sobre a sucessão criativa da empresa.

    O FFW aproveitou a presença no Brasil do CEO Alexander Bolen para perguntar sobre os fatos e os boatos da Oscar de la Renta; confira abaixo a entrevista:

    Nos últimos anos tem se falado muito sobre o projeto de expansão global da Oscar de la Renta; quais são os planos para o Brasil?

    Há centros de compras fantásticos sendo desenvolvidos em São Paulo, e temos conversado muito sobre as possibilidades de abrir uma loja da Oscar de la Renta. Amanhã tenho algumas reuniões e espero que a gente consiga abrir uma loja em breve. Oscar é muito latino, a estética de seu design é muito influenciada pelo local onde ele cresceu [Santo Domingo, capital da República Dominicana], ele ama cor, feminilidade. A América do Sul, Central e o Caribe são ótimos lugares para nós expandirmos nossa marca porque o que o Oscar gosta coincide muito com o que os consumidores desses mercados gostam. A longo prazo, acreditamos que o Brasil será um mercado fantástico para nós. Dito isso, a importação de produtos é tremendamente complicada e cara. Alguns de nossos competidores têm sapatos que custam 500 dólares em NY, por exemplo, e os vendem a 800 dólares aqui. Mas nós não temos um negócio forte em sapatos e bolsas, e sim em roupas. Por exemplo, o vestido da Eliza, que suponhamos que custa 4 mil dólares em NY, se ele custar 7 mil aqui, com essa diferença você pega um avião para NY, compra o vestido e volta. A médio e longo prazo, temos certeza de que o Brasil será um mercado importante para nós. Queremos que nosso negócio seja bem sucedido, queremos sentir que temos um bom plano para que isso aconteça imediatamente. Se conseguirmos essa confiança, esperamos que nos próximos 12 meses tenhamos uma loja Oscar de la Renta aqui.

    Interior da primeira loja da Oscar de la Renta em Londres, aberta em janeiro de 2013 ©Reprodução

    Para essa expansão global, a empresa está recebendo algum investimento externo? Houve mais alguma movimentação como a venda de ações ocorrida há alguns anos?

    Nenhuma nova movimentação. Quando trouxemos os negócios de fragrâncias de volta para dentro da empresa em 2009, trouxemos um investidor externo com tremenda experiência em produtos de beleza e cosméticos. Esse investidor é dono de cerca de 25% da companhia; o resto é da nossa família. Neste momento, não temos intenção de trazer novos investidores. Mas não somos avessos a essa ideia; quando olhamos para as oportunidades à nossa frente, precisamos ver qual é a melhor maneira de transforma-las em realidade. Acho que há certas vantagens em ser uma empresa familiar. Podemos tomar decisões muito rapidamente, e somos muito comprometidos com nossa marca. Por outro lado, há desvantagens. Como disse, não posso correr o risco de abrir uma loja que não dê certo. Fazer publicidade em um shopping em São Paulo é algo difícil pra gente bancar.

    O fato de a Oscar de la Renta ser uma empresa familiar a coloca em uma situação bastante única no contexto atual da moda, em que quase todas as marcas de luxo fazem parte de conglomerados. O senhor enxerga a companhia fazendo parte de um grande conglomerado? E se isso acontecer um dia, o que mudaria na maneira como a empresa funciona?

    Antes de mais nada, quero dizer que não temos nenhum plano nesse sentido. Mas nunca diga nunca. Acho que isso depende dos nossos planos, do que vemos como oportunidades, e de como executamos essas oportunidades. Se acharmos que queremos crescer rapidamente, talvez faça sentido trazer um investidor externo. Como seria fazer parte de um conglomerado? Não sei, eu estaria apenas especulando. Novamente, ser independente tem vantagens e desvantagens, e se em algum momento nós decidirmos que as desvantagens são maiores que as vantagens, nós faremos as coisas de um jeito diferente.

    E quanto ao lado criativo da empresa? Tem havido muita especulação sobre quem poderia assumir o lugar de Oscar de la Renta quando ele eventualmente se aposentar, e isso só aumentou quando foi anunciado que John Galliano trabalharia no ateliê na marca na preparação para o desfile de Inverno 2013.

    Essa é uma questão extremamente importante, e Eliza, Oscar e eu já conversamos muito sobre isso. Acho que a boa notícia é que a equipe criativa que o Oscar montou dentro de nossa companhia é excelente, e muitos estão com ele há bastante tempo. Se o Oscar, Deus me livre, não aparecer para trabalhar amanhã, nós seremos capazes de ter uma continuidade. Dito isso, é importante ter um líder, uma pessoa que possa conversar com você, que não seja um empresário como eu, então o tempo vai mostrar a direção que seguiremos. John Galliano é uma pessoa por quem temos tremendo respeito profissionalmente, foi ótimo tê-lo em nossos escritórios durante três semanas. No momento não temos planos de nada mais do que isso, mas só o tempo vai dizer. Ele é um homem muito, muito talentoso. Ele também é uma pessoa com um passado controverso. Não somos uma marca que corteja controvérsias. Por outro lado, somos uma marca que quer ser conhecida pela excelência de design, e John claramente tem excelência de design; é a parte da controvérsia que é um pouco mais problemática.

    Oscar de la Renta ao fim de seu desfile Inverno 2013, que teve assistência de John Galliano ©Imaxtree

    Voltando à questão dos negócios, nos últimos 10 anos a Oscar de la Renta lançou muitas novas linhas como os produtos para casa e as linhas infantil e de noivas. O ready-to-wear continua sendo central na empresa?

    Sim, sem dúvida nenhuma. Acho que é importante que a gente continue expandindo para produtos autênticos, mas que funcionem com nossa moda feminina, que é central. A moda continua sendo a alma da empresa, mesmo que outras linhas estejam se tornando cada vez mais importantes.

    Em muitas grifes, as linhas de acessórios e perfumes vendem mais que o ready-to-wear; o senhor acha que isso pode vir a acontecer com a Oscar de la Renta? A empresa pode começar a investir mais nesses setores do que no ready-to-wear?

    Não sei se investiríamos mais nesses setores, mas acho que é importante avançar nessas categorias. E temos que ser realistas quanto às áreas em que somos fortes e as áreas em que não somos, e decidir, nesses últimos casos, se podemos nos tornar fortes ou não.

    Na apresentação geral para a imprensa que aconteceu hoje mais cedo, o senhor falou que já incentivou Oscar de la Renta a investir na moda masculina; isso é uma possibilidade real? Estão sendo feitos planos nesse sentido?

    Neste momento não, mas já estudamos isso bem de perto, e há três coisas que precisaríamos: 1°, um excelente designer de roupas masculinas. Oscar é um excelente alfaiate, mas não é focado em masculino. Ele passou 40 anos, quase 50, aprendendo o que as mulheres amam, focando no que faz com que elas se sintam lindas. Ele não precisa de ajuda para criar roupas femininas; roupa masculina é outra coisa. O que ele veste ou o que eu visto não é necessariamente o que funciona no mercado de moda masculina. 2°, precisaríamos de um excelente empresário. Ninguém na companhia tem muita experiência em negócios da moda masculina. 3°, o capital para garantir o bom lançamento da empreitada. Acho que tudo isso é possível, e se conseguirmos a combinação certa e o momento for certo, eu gostaria de me aventurar na moda masculina. Veremos. Mas não é algo para este ano.

    E quanto ao investimento em internet e redes sociais? A Oscar de la Renta tem presença forte nas novas mídias e realiza várias atividades como o live-pinning no Pinterest; qual a importâncias das redes sociais para a marca e como elas têm afetado as suas vendas?

    Elas são muito importantes para a companhia. O que é empolgante é que podemos falar diretamente com nossos consumidores por meio das mídias sociais – podemos contar nossa própria história. Temos a sorte de que uma colega nossa, Erika Bearman, a “Oscar PR Girl”, assumiu grande parte das responsabilidades de comunicação. A nossa marca tinha talvez uma imagem de que era para mulheres mais maduras, e por meio dessa comunicação, acredito que mostramos para as mulheres de uma maneira mais ampla por que elas devem amar e seguir a Oscar de la Renta. Quanto às vendas, posso falar que o nosso e-commerce na oscardelarenta.com cresceu 100% no ano passado. Para sermos justos, foi o crescimento de um número pequeno para um número um pouco maior. Mas com esse tipo de taxa, precisamos continuar investindo e expandindo essas atividades. Acho que o que é interessante nas mídias sociais é que elas têm uma aura bem século 21, contemporânea, mas são muito old school no sentido de que é tudo uma questão de conteúdo interessante. É o que sempre funcionou em livros ou em jornais desde o início dos tempos: se alguém tem algo interessante a dizer — ou no caso do instagram e tumblr, para mostrar –, as pessoas vão prestar atenção.

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