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    Tumblr
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    POR Camila Yahn

    David Karp, criador do Tumblr, na festa de divulgação da rede social no Rio de Janeiro ©Felipe Abe/FFW

    Na quinta-feira (25.05), a rede social Tumblr organizou no Rio de Janeiro, em parceria com a festa itinerante Voodoohop, um evento para comemorar seu lançamento no Brasil e a construção de uma equipe local no país.

    Quem cruzava com David Karp, de apenas 25 anos, não diria que estava na frente do criador de uma das cinco redes sociais mais acessadas do mundo. Com mais de 100 pessoas trabalhando hoje na empresa, o Tumblr nasceu no início de 2007, de uma vontade pessoal de David de criar um blog diferente para ele mesmo poder usar. Em sua primeira vez no Brasil, Karp confessa estar “impressionado com a criatividade brasileira” e sente que a sua rede social “se encaixa perfeitamente com a arte inovadora que já acontece por aqui”.

    Preocupado com a clareza com que explica as coisas, visivelmente animado e apaixonado pela sua criação, David falou com o FFW um pouco antes da festa começar. Leia abaixo:

    Onde nasceu e onde vive atualmente?

    Nasci em Nova York, no Upper West Side, em Manhattan. Ainda vivo em Nova York, é onde está o Tumblr e não me imagino vivendo em mais nenhum outro lugar!

    Não se mudou para Palo Alto onde estão todas as outras sedes de redes sociais?

    Nossos investidores são todos do East Coast, mas quando acrescentamos investidores do West Coast, eles perguntaram delicadamente se nós não queríamos aumentar a equipe e mudar para Palo Alto. Sem dúvida que não. Não me imagino lá. Simplesmente porque Palo Alto é um lugar terrível e Nova York é a cidade mais incrível do mundo.

    Quais são os seus estudos em tecnologia?

    Nenhum. Deixe-me pensar de onde tirei o bug da tecnologia… O meu  pai é músico e tem um estúdio, então ele sempre teve todos os tipos de tecnologias. Em casa tínhamos um computador sempre de última geração, e o estúdio parecia uma nave do “Star Wars”. Então ir lá era estar perto de cabos e mesas de mistura e eu adorava! Era a melhor coisa do mundo. Eu cresci apreciando tecnologia de uma forma estética, e tendo essas coisas à minha volta, eu pude “brincar” com tecnologia desde muito cedo. Desde que eu tinha uns 10 anos, eu já era muito profissional no computador, estava sempre consertando, montando e desmontando… No verão que eu fiz 11 anos, o meu pai me ofereceu um livro sobre html, ou seja, desenvolvimento de linguagem web. Um “html para idiotas” mais ou menos. Eu li tudo durante o verão e fui tirando o necessário para começar a construir sites por mim mesmo, e aí foi a primeira vez que eu tive contato com qualquer espécie de programação, em que eu conseguia que o computador fizesse aquilo que eu queria. Comecei a aprender mais e mais sobre programação e foi em uma época em que a internet era muito interessante também.

    A projeção durante a festa do Tumblr, com imagens da rede social ©Felipe Abe/FFW

    E como conciliava isso com os estudos?

    Assim que eu comecei a conseguir fazer o mínimo, comecei indo às lojas do meu bairro e oferecer pequenos trabalhos de construção de site e ferramentas. Fiz isso durante alguns anos e consegui um emprego em uma loja de computadores em Nova York durante o verão. Continuei fazendo isso em part time, estava no meu primeiro ano de ginásio. Depois desse ano, ganhei um estágio programando, e foi o meu primeiro trabalho enquanto programador, em que eu interagia com adultos, trabalhava em projetos interessantes e estava aprendendo muito. Nessa altura, meus pais decidiram me tirar da escola. Eu não estava interessado em aprender nada que não fosse tecnologia e estava muito aborrecido na escola. Eu estava tão determinado! Eu sabia que programação era o que eu queria fazer, e os meus pais perceberam isso e tomaram essa iniciativa. Depois de um ano mudei de trabalho, também como programador e continuei aprendendo mais e mais. Devo tudo aos meus pais, foi ideia deles. E eles confiaram em mim para me tirar do “sistema”, sem achar que eu era totalmente louco.

    Como isso evoluiu para o Tumblr?

    Em 2005/2006, eu comecei a descobrir a indústria da tecnologia. É interessante que eu cresci lendo os livros e aprendendo coisas técnicas e muito do que você imagina enquanto criança e enquanto está na faculdade é qual é o seu emprego dos sonhos, tipo trabalhar no Google ou em outro lugar, mas você não entende bem o que significa ser um programador ou um executivo, é tudo um grande mistério enquanto criança. Tudo o que eu sabia era que eu queria ir para o MIT e ser um programador um dia. Quando eu tinha uns 16 anos comecei a ler blogs como o 37signals, o Techcrunch e o John Gruber, que falavam sobre tecnologia de uma forma muito  interessante, e conheci as pessoas por trás da internet, as pessoas que faziam as coisas pelas quais eu me interessava. E comecei a ficar cada vez mais interessado em start ups, gerir um negócio e todas essas coisas fizeram com que eu entrasse na indústria da tecnologia, mas também fizeram com que eu me interessasse pelo perfil dessa comunidade da internet. Eles tinham uma “persona online”. Eu era um adolescente e queria ter essa presença na internet. 2006/2007 foi o inicio da tendência da profissão de blogueiro profissional. As pessoas tinham blogs e começaram a fazer disso um negócio. E era isso que eu queria, uma identidade na internet. Então comprei o meu domínio, tinha o davidslog.com para ser o meu blog de tecnologia ou de qualquer outra coisa que eu quisesse escrever. Eu experimentei todas as ferramentas, wordpress, typepad, blogger… todas as que apareciam. E eu tinha muita dificuldade em usá-las porque elas eram desenhadas para um conteúdo editorial, para ser usado por jornais ou revistas. E o que queria fazer era só partilhar as coisas interessantes que eu encontrava: fotos, vídeos, projetos, códigos de programação… e eu não sou escritor. A ideia de chegar em casa, sentar no computador e escrever um texto não era o que eu queria fazer.

    A página do Tumblr de David ©Reprodução

    E o Tumblr nasceu dai?

    Não só. Em 2006, quando eu encontrei uma comunidade de pessoas que se intitulavam tumbleloggers. Eles estavam criando uma coisa que se parece mais com o Tumblr hoje em dia. Eles tinham esses blogs com um design incrível com vários tipos de posts diferentes. Alguns eram só mapas, outros só citações, outros com músicas… E era uma coisa que atraía a comunidade mais “nerdy”! Eu não sou um designer, mas gosto da estética e eu pensei que era isso que eu devia estar fazendo, não o blogger ou o wordpress que todo o mundo usava. Então o Tumblr evoluiu do meu projeto egoísta de querer ter um blog para uma coisa que se tornou um negócio. Foi um início muito humilde, era só eu com uma vontade louca de ter um blog!

    E começou sozinho?

    Sim, era um projeto muito pessoal, uma coisa que eu estava fazendo para mim mesmo. Até que eu virei a chave na minha cabeça de que isto poderia ser uma coisa que mais pessoas poderiam usar. Nunca pensei que fosse uma coisa que mudaria o mundo. Nem sei se mudou. Mas tornou-se maior do que eu esperava. Eu tinha 19 na época, estava gerindo um negócio pequeno de programação em Nova York com outro amigo e entre um projeto e outro eu falei para ele para usarmos essas duas semanas para por de pé esse negócio em que eu estava trabalhando. Ainda não tinha nome, mas a gente chamava de “tumblhub”. Fizemos duas coisas muito bem desde o inicio: queríamos que fosse simples de postar uma foto, um vídeo, um link ou qualquer outra coisa e queríamos que fosse customizado. Totalmente customizado. E esperar ver as pessoas criarem coisas únicas! Nós fomos a primeira plataforma a fornecer um código html que as pessoas podiam destruir e criar uma coisa nova. E nas primeiras duas semanas, um grupo de designers já estava criando coisas incríveis, diferentes de tudo o que se via na internet. Era inspirador e foi ótimo porque atraiu de cara essa comunidade de designers e artistas.

    Como faz para atrair pessoas que não são artistas para uma página do Tumblr?

    Nós queremos sempre ter a certeza de que a nossa mensagem está clara. As primeiras 75 mil pessoas que se inscreveram vieram dos tumbloggers que falei há pouco. Essa comunidade só tinha umas 17 pessoas postando coisas, mas tinha muitos seguidores e fãs. A primeira coisa que fizemos foi encontrar com essa comunidade e mostrar a nossa plataforma. E eles ficaram lisonjeados porque a gente estava valorizando o que eles já estavam fazendo e dando um nome para isso. Tínhamos uma comunidade de pessoas que sabiam exatamente o que nos fazíamos, que trouxeram outras pessoas e isso deu uma repercussão muito grande nos blogs de tecnologia, em jornais como o “Chicago Tribune”, “The New York Times”… e foi crescendo. Podemos ver claramente onde tudo começou. E hoje, quando vemos o Tumblr em uma das cinco redes sociais mais acessadas do mundo, sabemos que está lá porque desde o início tivemos uma comunidade muito criativa fazendo coisas incríveis. E isso atraiu uma audiência muito maior do que nos estávamos esperando. Começamos com a comunidade de criadores, mas também atraímos uma comunidade de criadores aspiracionais, pessoas que só queriam ver o que estava acontecendo.

    Como define a comunidade Tumblr?

    A nossa comunidade é muito meritocrata. Ela se baseia muito mais na qualidade daquilo que você faz do que em quem você é. Ninguém sabe nem quer saber quem você é, mas quando você posta uma coisa muito legal, as pessoas querem ver mais e querem compartilhar isso umas com as outras.

    E como faz para manter afastadas coisas ruins como, por exemplo, a pornografia?

    Nos não queríamos ter que policiar qualquer coisa que aparecesse no Tumblr. E nós basicamente pensamos, mesmo quando começamos a ver algumas imagens de pornografia, que a fatia de público era tão pequena que não representava o que realmente era o Tumblr. Os resultados eram muitas imagens de qualquer categoria. Do nada, no segundo ano, a moda começou a aparecer e foi a primeira vez que a moda aparecia dessa forma na internet e nas redes sociais. A diversidade de coisas que se encontrava era tão grande que nós confiávamos que as pessoas iriam usar o Tumblr de uma forma inteligente. No início banimos algumas coisas que poderiam ser consideradas spam, mas sempre deixamos claro que valorizamos a liberdade de expressão e queremos que seja uma plataforma livre para todo mundo. Acho que deve ter pornografia, eu sei que tem republicanos super conservadores, por exemplo, mas eu fico feliz acima de tudo porque é democrático, para todo o mundo. E se é uma coisa de adultos feita para adultos, ou se não esta ofendendo ninguém, não tenho nenhum julgamento. O que fazemos é construir ferramentas que permitem às pessoas que não querem ver isso, não verem e não esbarrarem com isso sem querer.

    A página de temas do Tumblr, Theme Garden, já em português ©Reprodução

    Então não tem nenhuma restrição na rede social?

    Recentemente implementamos uma política contra conteúdo encorajando distúrbios alimentares ou estilos de vida não saudáveis, principalmente quando envolvem crianças. Nós pensamos que como é uma coisa que pode fazer mal às crianças, além de ser ilegal em muitos países, inclusive nos Estados Unidos, não queremos isso na nossa rede.

    Como o Brasil está recebendo o Tumblr e o que espera que o país acrescente à comunidade?

    Para responder a sua pergunta sinceramente, não sei, e é por isso que estamos aqui agora. Mas posso dizer que a coisa mais marcante para mim é que o Brasil é um caldeirão criativo no momento, diferente de qualquer outro país do mundo. Então, com o Tumblr, que é feito para pessoas criativas, um mercado como o Brasil, com toda essa cultura criativa experimental, só me faz acreditar que é a plataforma certa para esses movimentos de arte. O que sinto é que se encaixa perfeitamente com a arte inovadora que já acontece aqui.

    Como o Tumblr ganha dinheiro?

    Uma forma é a publicidade e a outra, que eu adoro, é o nosso “mercado” de Temas, que a gente chama de Theme Garden. Nós temos uma comunidade de pessoas que desenvolve temas muito bonitos. Você pode ir ao Tumblr escolher e comprar por quase nada. Esse “mercado” está fazendo milhões de dólares para o Tumblr e transformou-se em uma indústria de milhões de dólares também. Eu adoro porque gera valor para todo o mundo. É um mercado que nós apoiamos e mantemos e para os usuários, ter acesso a essas coisas por muito pouco dinheiro é incrível. Tem duas histórias que eu amo. A primeira é de um cara na Nova Zelândia que desistiu do seu trabalho e se dedicou a criar coisas para o Tumblr. Claro que a gente manda um cheque todos os meses que permite isso (risos). E a segunda é uma empresa de design em Vancouver que já contratou mais de 14 pessoas para desenvolver temas para o Tumblr em tempo integral. Para mim é incrível poder apoiar coisas como essas. Outra forma é o fato do Tumblr hoje em dia gerar mais de 17 bilhões e meio de visualizações todos os meses, o que é uma grande quantidade de tráfego. É uma comunidade faminta por conteúdos interessantes e por coisas criativas. Então produzimos muitos editoriais em que lançamos conteúdos interessantes e deixamos esse espaço mais aberto para que os anunciantes o possam utilizar. Marcas que tenham conteúdos interessantes e que queiram que as pessoas vejam, por exemplo. O “The New York Times” lançou recentemente o The Lively Morgue, que é um arquivo incrível de fotos do jornal. Não só criam uma relação mais próxima com os seus fãs, como também atraem pessoas que talvez nem leem o jornal.

    Tumblr dos arquivos fotográficos do “The New York Times” ©Reprodução

    Você é amigo dos donos de outras redes sociais, vocês são uma comunidade?

    Não muito porque não estou em Palo Alto. Quem está lá sim.  São pessoas brilhantes, mas muito fechadas.

    Mas já falou com alguns deles?

    Sim, falei com o Mark [Zuckerberg] uma vez no telefone e foi muito interessante. Ele me deu conselhos muito úteis, coisas boas de ouvir. Foi há um ano e nós estávamos considerando um investidor com quem ele já tinha trabalhado. Eu nunca tinha falado com ele antes e pensei que seria uma boa oportunidade de conhecê-lo. Liguei durante a tarde. O Mark – não sei se ele ainda faz isso – mas ele deixava em aberto as tardes para falar e se reunir com as pessoas, ele não marca nada de manhã, o que eu achei muito cool. Eu aproveitei e perguntei um monte de coisas para ele e uma das coisas foi sobre o crescimento da empresa, que estava acontecendo muito rápido, e que provavelmente eu iria precisar de milhares de pessoas mais cedo do que eu estava esperando. Na época éramos 17 pessoas. E eu estava começando a aceitar que teria que contratar mais gente. E perguntei isso para o Mark. Ele me parou no meio da frase e disse: “Espera! O YouTube acabou de vender por um bilhão e meio de dólares e tinha 16 pessoas. Não desista de continuar a ser inteligente”. E para mim foi exatamente o que eu precisava ouvir. Mudou a minha perspectiva. Contratamos, sim, mas mantivemos o espírito de empresa pequena, agora somos umas 100 pessoas.

    Já recebeu propostas de compra do Tumblr?

    Sim, ao longo dos anos recebemos várias. Hoje está mais calmo. Somos muito grandes e não tem muitas empresas que estejam em uma posição de nos comprar. Tivemos muitas dessas conversas e eu tentava entender exatamente o que isso significaria, se seria bom para mim/nós ou se iria destruir o que fizemos até hoje. Tenho que dizer que a razão pela qual eu me sinto tão feliz em estar no comando é o fato de ser uma missão tão única e tão diferente das restantes. Eu não vejo nenhuma outra rede social ou empresa tão preocupada em servir os criadores.

    Então não quer vender tão cedo, é isso?

    Veja bem, este é o meu emprego dos sonhos. Se daqui a vinte anos eu puder estar empregado pelo Tumblr vou ficar radiante. Para mim o negócio nunca foi começar uma empresa, ser CEO, ficar rico… os meus ídolos são o Steve Jobs e o Willy Wonka, que desenvolvem produtos brilhantes loucamente e que inspiram o mundo inteiro. Inventores de verdade! Eu posso ir para o trabalho todos os dias e pensar em ideias bizarras, malucas e às vezes inteligentes que vão ser desenvolvidas por uma equipe com os melhores designers do mundo. É um privilégio. E ainda dar isso às pessoas que realmente as usam? É magnífico.

    É a sua primeria vez no Brasil. Quais são as suas primeiras impressões?

    É a minha primeira vez no Brasil e ainda só vi o Rio, então é uma primeira impressão ainda muito pouco fundamentada, mas o que mais me maravilha é a forma como as pessoas recebem bem as coisas novas que aparecem. Nova York, por exemplo, está em constante mudança, mas ainda assim é uma cidade estável, sabe? Não muda a dinâmica. Aqui não, o país inteiro está passando por um desenvolvimento tão rápido… e em tudo! Infra-estrutura, tecnologia, arte, conectividade, a maneira como as pessoas se relacionam com as redes sociais… Estou realmente impressionado.

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