Taissa Farmiga, Israel Broussard, Emma Watson, Katie Chang e Claire Julien, protagonistas de “The Bling Ring”, de Sofia Coppola ©Reprodução
“The Bling Ring”, quinto longa-metragem dirigido por Sofia Coppola, estreia neste fim de semana (16 de agosto) no Brasil e foi rebatizado como “Bling Ring: A Gangue de Hollywood”. O filme, baseado no artigo “The Suspects Wore Louboutins”, escrito por Nancy Jo Sales e publicado em 2010 na “Vanity Fair”, acompanha, sem julgá-los, cinco jovens bonitos e de classe-média que, sedentos por luxo, passam a assaltar casas de celebridades em Los Angeles.
O roteiro de “The Bling Ring”, adaptado pela própria Coppola, revisita fatos reais, que aconteceram em Los Angeles entre outubro de 2008 e agosto de 2009, quando quatro meninas e um rapaz, todos na faixa dos 19 anos, invadiram e furtaram as residências de Paris Hilton, Lindsay Lohan, Megan Fox, Rachel Bilson, Audrina Patridge e Orlando Bloom. Bastante comparado com “Spring Breakers”, de Harmony Korine, o filme mostra personagens movidos por cobiça, insatisfação e, sobretudo, imprudência.
Rebecca (Katie Chang), Nicki (Emma Watson), Sam (Taissa Farmiga), Chloe (Claire Julien) e Marc (Israel Broussard) vivem em Los Angeles, cultuam celebridades e querem bolsas Hermès e vestidos Balmain e Versace. O acesso à educação não os previne da alienação e o desejo – de consumo, mas também de autoafirmação – é maior que quaisquer limitações morais. E tudo parece tão fácil, que é impossível não repetir: ao assaltar a casa de Paris Hilton, que, inclusive, a cedeu para as filmagens, eles encontram a chave de entrada no tapete de uma das portas. De lá, levam acessórios, cosméticos e roupas; transportam-se para o almejado “mundo dos ricos e famosos”.
Pôster de “The Bling Ring”, dirigido por Sofia Coppola ©Reprodução
Toda a informação utilizada para assaltar as casas, no filme e no que aconteceu na “vida real”, foi obtida através da internet – de sites de fofocas como “TMZ” e do Google Maps. Os bens provenientes dos furtos vestem os cinco protagonistas e financiam festas em baladas caríssimas, frequentadas pelas próprias celebridades surrupiadas; as fotografias que tiram enquanto bebem e comemoram, claro, vão parar no Facebook, e o ciclo continua até que sejam pegas pela polícia.
De acordo com críticas do “Huffington Post” e da “Vanity Fair”, “The Bling Ring” possibilita ao espectador tirar suas conclusões, já que a diretora se nega a fazê-lo. A “Vogue” britânica, por exemplo, questiona: “De quem é a culpa pelo materialismo descarado deles [dos protagonistas], de seus pais ou do meio que os cerca? E quem são as reais vítimas?”.
Emma Watson, com vestido Versace, em cena de “The Bling Ring” ©Reprodução
Quanto ao figurino, produzido por Stacey Battat para contemplar as diferentes personalidades dos protagonistas, o filme traz desde tops cropped, casacos de pelo e shorts e vestidos justíssimos, inclusive modelos Hervé Leger, a bolsas Hermès e colares de pérolas. Saltos altos, no entanto, são quase onipresentes. Em entrevista, Battat contou que “olhou toneladas de “Us Weeklys” antigas”, já que “The Bling Ring” se passa, em sua maioria, em 2009, e que Los Angeles a inspirou bastante. Ela disse ainda que até as joias são reais e que só a Bulgari emprestou US$ 15 milhões (R$ 33 milhões) em acessórios.
A evolução de estilo de Rebecca, Nicki, Sam e Chloe é notável, mas, segundo Battat, foi mesmo Marc que mais mudou ao longo do filme. “Ele teve a maior transição, em termos de figurino. Eu tentei pensar o que faria um garoto de Los Angeles com todo aquele dinheiro”, ela revelou, adicionando que buscou referências em peças de Balmain, Comme des Garçons e Lanvin. Todas as marcas mais desejadas estão em “The Bling Ring” e, ao assisti-las “em movimento” no longa-metragem, compreende-se com mais facilidade por que alguns chegam a extremos para tê-las.