Rafael Schneider e Daniel Bossle, sócios-fundadores da Sanblas ©Reprodução
Da nova seara de marcas novas que têm surgido no mercado, como a GA’U, a Nuage e a Dercanvas, apresentamos agora a Sanblas, grife masculina que nasceu no Rio Grande do Sul em novembro de 2011, como projeto de vida de dois amigos de infância, Rafael Schneider e Daniel Bossle, ambos de 26 anos.
Com modelagem simples e cores suaves e com um estilo que mistura o formal e casual, o urbano e o natural, o novo e o antigo, a marca tem como conceito base o choque de extremos na eterna busca pelo equilíbrio, filosofia que Rafael e Daniel levam também na sua vida. “Isso não é apenas o conceito da marca, mas também nossa filosofia de vida, acreditamos que cria um novo conceito, um novo modo de pensar e quando você choca os extremos é porque você está tentando buscar o equilíbrio das duas perspectivas, e essa busca se torna um sentido para a vida, na forma de agir e de se expressar”, diz Rafael ao FFW.
Hoje a Samblas está presente em 11 pontos de venda espalhados pelo Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, e ainda no seu próprio e-commerce e no Farfetch.
Confira abaixo a entrevista que a dupla concedeu ao FFW:
Como vocês se conheceram?
Rafael: Somos amigos de infância, nos conhecemos há mais ou menos 15 anos, porém nunca imaginávamos que poderíamos abrir um negócio juntos até dois anos atrás. Eu sou formado em Design de Produto e o Daniel se formou em Direito e está com a faculdade de Administração trancada em função da empresa.
E como a marca surgiu?
Rafael: Comecei a fazer algumas camisetas para testar a aceitação do produto e mandei e-mails para amigos e conhecidos explicando o projeto. O retorno foi positivo, então criei um blog com todas as minhas referências de inspiração intercalando com algumas fotos de produto. As pessoas gostaram e aí pensei que precisava estruturar e fazer um negócio de verdade. Nessa época o Dani morava em Sidney e conversava muito com ele sobre montar um negócio próprio e que fosse um projeto de vida, algo que nos desafiasse, e o convidei para cuidar da parte administrativa, onde não possuo muito conhecimento. Ele acreditou no projeto, largou tudo lá e voltou para o Brasil em outubro de 2011. No mês seguinte nasceu a Sanblas.
Que desafios encontraram no caminho?
Daniel: Os principais desafios que estamos encontrando são os comerciais, principalmente em função de estarmos no início, daí sempre existe uma certa insegurança por parte do lojista, se iremos entregar o produto que estamos apresentando com a mesma qualidade do mostruário, no prazo combinado, etc. Também pesa a questão do networking no início e de sermos muito jovens para estarmos a frente de uma empresa, mas isso acaba sendo logo superado. De qualquer forma enxergamos esses desafios iniciais como um aprendizado enorme e extremamente importante para o nosso amadurecimento como empreendedores, para começarmos a entender melhor o mercado, o comportamento do consumidor masculino e entender nosso público-alvo, seus hábitos e interesses para, a partir de agora, traçarmos a estratégia da empresa de uma forma consistente e mais clara para o futuro. Hoje quando olhamos para trás agradecemos termos passado por todas essas dificuldades (risos).
Como veem o futuro da Sanblas?
Daniel: Nosso plano é extremamente ambicioso, consideramos a Sanblas nosso projeto de vida, então cada passo que damos com a empresa é pensado a médio e longo prazo, para sermos fieis aos nossos valores, ao consumidor que acredita na mensagem que queremos passar e para que possamos começar a criar, ao longo dos anos, uma marca de desejo.
Onde querem que ela chegue?
Daniel: Temos como base a frase “cabeça nas nuvens e pés no chão”, o que nos permite ter uma visão de futuro muito clara sobre onde queremos chegar e ao mesmo tempo temos a consciência do caminho árduo e longo que teremos que trilhar. Dessa forma, traçamos nossos objetivos hoje a curto, médio e longo prazo. A curto prazo naturalmente é estruturar a empresa, principalmente nossa distribuição em multimarcas, para termos mais visibilidade e capacidade financeira para crescer. A médio prazo nosso objetivo é se estabelecer como uma marca masculina de valor, com canal de venda já estruturado em todo o Brasil e com a abertura de loja própria nas principais metrópoles brasileiras. Já a longo prazo é exportarmos ou até mesmo termos lojas próprias em outros países. Atualmente já existe interesse de algumas multimarcas que estamos em contato de Nova York e Tóquio.
Moletom da coleção de Inverno 2013 da Sanblas ©Divulgação
Quantas pessoas trabalham agora na marca?
Daniel: Somos três sócios atualmente, eu sou o sócio administrador e respondo pela parte produtiva, administrativa e comercial da empresa. O Rafa é o designer e responsável por toda a parte criativa, desde identidade visual e linguagem a desenvolvimento de coleção, e o Jefferson Colombo, que entrou recentemente na sociedade, é economista e atualmente não trabalha diretamente na Sanblas, mas nos auxilia nas principais decisões e nos dá suporte no setor financeiro para termos condições de crescermos de uma forma consistente. Usamos quase todo o ano de 2012 para estruturar todos os setores da empresa e criar processos que facilitassem a nossa tomada de decisões e essa organização nos possibilita manter essa estrutura enxuta de uma forma competitiva. Obviamente que muitos dias trabalhamos até tarde, fins de semana, mas lidamos bem com a nossa rotina.
Vocês vendem peças na Cartel 011 e na Farfetch. Como começaram a vender nestes lugares?
Daniel: Hoje estamos em 11 pontos de venda espalhados pelo Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, todos estes contatos foram realizados diretamente por nós através de visitas. A Farfetch está sendo um grande parceiro neste início de empresa. Com a Cartel 011 iniciamos nossa venda a partir desta coleção de inverno. É nosso primeiro ponto de venda em São Paulo, somos particularmente fãs da loja e estamos com boas expectativas sobre a aceitação dos paulistanos em relação aos nossos produtos.
Onde sentem que as pessoas entendem melhor o conceito e a ideia da marca? Online ou em uma loja mais conceitual?
Rafael: Acreditamos que nas lojas conceito, onde o consumidor possui uma experiência de compra através da exposição, do design da loja, do atendimento, da música, do aroma e etc. Temos uma preocupação enorme com o ponto de venda. Acredito que temos que usufruir deste tipo de ponto de venda enquanto não podemos ter a nossa loja própria.
Já conseguem viver só da Sanblas?
Daniel: Atualmente eu e o Rafa trabalhamos full-time na Sanblas e vivemos com um orçamento apertado. Desde o início, tínhamos consciência das dificuldades de abrir um negócio, então abdicamos de hábitos que tínhamos quando éramos funcionários para dessa forma poder reinvestir praticamente todo valor que entra na empresa. Pretendemos seguir essa filosofia por alguns anos até a empresa começar a crescer de uma forma consistente.
Imagens do lookbook da Sanblas de Inverno 2013 ©Divulgação
Como é o processo criativo de vocês?
Rafael: O processo criativo da Sanblas se resume em duas palavras: “foco e simplicidade”. Possuímos um mural de inspiração com frases, fotos, produtos de design, artes de capas de CDs, ambientes externos e quadros de artistas contemporâneos. A partir destas informações eu faço os esboços de alguns produtos, crio um mix base que me serve como um guia, crio as estampas e defino os acabamentos com as confecções. Após isso começo a fazer o layout da coleção no computador, primeiro uma coleção enorme com todas as ideias. Deixo de lado durante algumas semanas tudo que desenvolvi e perto do final do prazo da coleção eu volto a olhar e fazer as últimas modificações, escolho os melhores projetos e desenvolvemos.
Quais são as inspirações da Sanblas?
Rafael: Tudo é inspiração para a Sanblas. Acreditamos muito mais em uma linguagem visual de produto do que tendência de moda e isso nos deixa sem bloqueios para a criação. A maior inspiração são as metrópoles brasileiras, porque acontece de tudo ali, as cores de uma manhã nublada que se torna uma tarde de sol, a natureza e seu dinamismo, as plantas que vivem em nosso meio e contrastam com o concreto, o asfalto e os prédios, fotografias e quadros de artistas contemporâneos, a arquitetura antiga que se mistura com a moderna e cria novos traços, detalhes do dia a dia que passam despercebidos, músicas e frases de impacto, tudo que possui choque entre extremos me inspira e me convida a observar para encontrar o ponto de ligação e o equilíbrio de tudo isso.
Vocês falam que o conceito da marca é esse choque dos extremos e a valorização do simples. Como isso se traduz nas peças?
Rafael: Na tradução das peças, chocamos o estilo formal com o casual, criando uma mistura nova e versátil ao homem contemporâneo. Misturamos materiais nobres com formas tradicionais, calças clássicas com uma modelagem renovada, estampas que retratam o dinamismo urbano com a beleza pacificadora da natureza e combinações inusitadas de cores para a formação de um novo look.
+ Confira na galeria abaixo algumas das imagens do lookbook de Inverno 2013 da Sanblas: