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    POR Camila Yahn

    Paul White e Geza Schoen, criadores do projeto Escentric Molecules ©Ricardo Toscani/FFW

    O físico e perfumista alemão Geza Schoen é conhecido mundialmente por suas técnicas de perfumaria avançada. Em 2006, Schoen e o seu sócio Jeff Lounds, juntamente com o designer Paul White, lançaram a fragrância Escentric Molecules, que já havia sido apresentado no Brasil em um evento no MAM com a presença do seu embaixador mundial, o editor do site Style.com, Tim Blanks. Com a criação do Molecule 01, perfume que contém somente um ingrediente, a molécula Isso E Super, Geza quebrou barreiras e mostrou ao mundo da perfumaria que “menos é mais”.

    Geza vive em Berlim e vê a vida de uma forma simples. “Quis que o Escentric 01 fosse simples. Nós vivemos em um mundo tão complicado, bombardeados todos os dias com tanta informação que eu quis mantê-lo simples”, diz. Entre os perfumes que carregam a sua assinatura, está o D criado para a Diesel, o Infusion, que criou para a marca de gin Bombay Saphire, e o aroma brasileiro Daslu No.1, projeto que reuniu Geza e Paul White. Sócio de Schoen e responsável por todo o material gráfico, White nasceu e vive em Londres, onde ainda é responsável pela empresa de publicidade que fundou em 1985, a Me Company, que tem no seu portfólio campanhas para a Nike, Kenzo, e para o perfume Loulou, da Cacharel.

    Veja abaixo a entrevista que o FFW fez com Geza Schoen e Paul White no hotel Fasano, em São Paulo, e entenda melhor o projeto de perfumaria moderna:

    Como vocês começaram a trabalhar juntos e que outros projetos fizeram antes?

    Geza: A gente se conheceu através de uma amiga em comum, que é parte da nossa empresa hoje em dia, a Aurora Sansone, ex-Condé Nast. Eu tinha um projeto anterior a este com o Jeff Lounds, com quem criei uma fragrância para o gin Bombay Saphire, e depois a Daslu. Sempre tive esta ideia para o Escentric Molecules e o Jeff falou que o Paul seria a pessoa indicada para criar uma coisa graficamente bonita.

    Paul: Nos conhecemos com o projeto da Daslu, que é muito engraçado porque tem tudo a ver com São Paulo. Foi um trabalho legal porque fez com que a gente percebesse que conseguíamos de fato produzir uma fragrância, o que até aquele ponto, nenhum de nós ainda havia feito. O Geza desenvolvia fragrâncias, eu trabalhava em projetos de marketing e publicidade, mas ainda não tínhamos feito o processo completo de desenvolver o produto, produzi-lo e leva-lo para o mercado. A Daslu nos mostrou que isso tudo era possível.

    A fragrância Escentric 01, quando foi apresentada em São Paulo ©Juliana Knobel/FFW

    E como surgiu a ideia de criarem o Escentric Molecules?

    Geza: O Molecule 01 não é criado, é só retirado. É uma molécula, o Isso E Super, que está na prateleira de todas as empresas que fazem perfume e nós decidimos usar só isso. Em 1990, quando comecei a trabalhar em perfumaria, me deparei com todos esses ingredientes que poderia usar e descobri o Isso E Super. Cheirei e percebi que o que me fazia gostar de muitas das fragrâncias do mercado não eram os aromas, mas sim porque tinham uma grande parcela desse ingrediente. Fui a um bar e dei a um amigo para usar. Eu não queria usar, queria só ver o que acontecia quando alguém usava. Ele colocou, fomos para outro bar e em 10 minutos, uma mulher chegou nele e disse que ele cheirava muito bem. A simplicidade atrai as pessoas. Você não precisa de uma fragrância super composta, com muitos componentes, só um ingrediente faz o efeito desejado. Outra das razões para ter criado a fragrância é que ela é ótima para aquelas pessoas que não gostam de perfume. Ele deixa uma aura, é quase neutro.

    Paul: Quando embarcamos no projeto, achamos que íamos vender 10% do Molecule 01 e 90% do Escentric 01. E foi uma surpresa ver que muitas pessoas foram além da ideia de perfume “normal” que existe no mercado e conseguiram ver mais coisas no Molecule 01. Acho que as pessoas estavam meio desesperadas por algo novo e interessante. E também o fato do Isso E Super tornar-se rapidamente parte do cheiro de quem o usa.

    O perfume Molecule 01 quando foi apresentado em São Paulo ©Juliana Knobel/FFW

    Acha que as pessoas estão procurando algo mais único?

    Paul: As pessoas estão procurando algo que mude com elas. Elas estão conscientes que as fragrâncias das grandes casas são diferentes pelo preço, pela campanha de marketing e pela estratégia, o que nem sempre está relacionado com a criação de algo único. Não nos preocupamos com quanto vai custar, nem com o que precisamos fazer para isso. O preço que nós cobramos só vem após percebermos que criamos uma coisa maravilhosa. É a inversão de como funciona o mercado de perfumaria.

    Muitas pessoas não relacionam perfumaria a uma arte. Como é isso para você?

    Geza: Eu não chamaria o nosso produto de arte, mas também não chamaria de arte muitas peças que vejo em museus. Eu acho que não foi tão difícil fazer uma coisa diferente, porque na época em que começamos, não tinha nada de tão interessante. O Escentric 01 é muito a minha percepção, muito aquilo que eu quero usar. É diferente o suficiente para existir em fragrâncias, mas cheira bem. Essa é a arte que eu vejo.

    Paul: Mas tem também criatividade e habilidade. E as pessoas normalmente não pensam nisso, mas acho que é puramente uma questão de percepção. As pessoas acham que é só juntar ingredientes e colocar na pele. Sim, é isso, mas não é dessa forma que se cria algo especial.

    E as pessoas entendem que estão perante algo especial?

    Paul: A primeira coisa que as elas veem em um perfume é a embalagem. Eu fiquei fascinado pela natureza científica do que estava sendo criado. Era um conceito moderno e eu queria traduzir isso. Moderno, cientifico e matemático. Utilizei códigos binários que são a linguagem do mundo moderno e de tudo o que nos rodeia. Então acho que sim, quando as pessoas olham para esta embalagem, não relacionam com nada que elas conheçam no mundo das fragrâncias.

    Geza: As outras fragrâncias estão desenhadas para cheirar mais ou menos o mesmo e para agradar todo mundo, mas não têm nada de diferente. No nosso caso, o produto faz a sua própria publicidade. Tenho uma amiga que ganhou duas viagens de táxi grátis porque os taxistas falaram que se ela falasse que perfume estava usando, não precisaria pagar a corrida.

    Geza Schoen, bem-humorado, explica ao FFW o poder de uma fragrância ©Ricardo Toscani/FFW

    Quais são os seus aromas favoritos e quais funcionam melhor nos climas tropicais?

    Geza: Em qualquer lugar que seja quente, você precisa de um aroma fresco e duradouro. Porque o perfume evapora mais rápido e com a pulsação forte o aroma desaparece mais rapidamente também. Eu não gosto de aromas de baunilha, flores ou doces. Não quero que a minha namorada cheire a bolachas!

    Paul: Uma das coisas mais interessantes é a ideia de o quão poderosa uma fragrância consegue ser e de quanto ela consegue afetar a nossa memória. Eu acho isso fascinante. Um cheiro pode nos transportar para uma determinada época ou lugar que você já nem lembrava que existia.  É essa a poesia do nosso trabalho.

    Geza: As fragrâncias são das poucas coisas que conseguem ativar o sistema límbico do cérebro, responsável pelas emoções. O exemplo mais clássico é você pensar na fragrância que o primeiro namorado que te deixou usava. Quando você sente esse cheiro provoca uma sensação muito ruim! (risos)

    As fragrâncias estão disponíveis no site da Espírito Bird, importadora dos produtos, e os preços variam entre R$ 242 para o frasco de 30ml, R$ 475 para os frascos de 100ml do Melecule e Escentric 01, R$ 485 para o Molecule e Escentric 02 também de 100ml  e R$ 490 para os mais recentes Molecule e Escentric 03.

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