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O “The New York Times” publicou na semana passada uma reportagem especial a respeito do status de objeto de desejo que o esmalte conquistou já há algumas temporadas. Não que o assunto seja totalmente novo; mas é de fato interessante pensar no que, afinal, gera tanto interesse em torno desses vidrinhos coloridos, que se tornaram o “segmento de mais rápido crescimento do mercado de beleza, ultrapassando até o batom como o cosmético à prova de recessão”, segundo o jornal. De acordo com a reportagem, o crescimento de vendas em lojas de departamento, em 2011, foi de 67% em relação ao ano anterior; somado a isso o salto de 29% das vendas em comércios de massa, o valor arrecadado pelo mercado de esmaltes e outros adornos para as unhas foi de US$ 710 milhões.
A sede por novidades nesse meio, segundo o “The New York Times”, surgiu mais ou menos na mesma época da crise econômica mundial de 2008, quando “consumidoras passaram a considerar esmaltes (…) como uma maneira acessível de alegrar a produção – e suas expectativas”. Renato Semerari, presidente da Coty Beauty, que tem em seu guarda-chuva marcas populares do mundo dos cuidados para unhas como OPI e Sally Hansen, afirmou que “nós costumávamos falar do lipstick index; agora falamos do lacquer index”. Semrari se referiu ao “índice do batom”, indicador econômico que se baseia na “teoria” de que, em tempos de crise, a comercialização de batons aumenta porque eles representam um prazer de compra mais acessível do que roupas ou sapatos em tempos de dificuldade econômica. O batom, agora, teria sido substituído pelo esmalte.
Teorias econômicas à parte, é fácil perceber a que ponto chegou o interesse por esse universo da decoração de unhas. Digite a palava “esmalte” no google e surgem mais de 17 milhões de resultados, sendo que as primeiras páginas são praticamente inteiras de blogs especializados no assunto, focados não só nos produtos em si como também nas suas infinitas possibilidades de uso. Aqui no FFW mesmo nós já publicamos diversas matérias que comprovam o novo status do esmalte como o produto quente do mercado de beleza: unhas caviar; unhas inglesinhas; unhas ombré; esmaltes foscos, craquelados e com vários tipos de brilho; adesivos estampados para as unhas; Nails Fashion Week… Isso sem contar as notícias sobre lançamentos que viram desejo de consumo imediato, como sempre acontece com a Chanel – que esmalte-maníaca não se lembra da época do Particulière, o tom marrom acinzentado que saiu em 2010 e que chegou a formar listas de espera para compra?
Para o “The New York Times”, parte do apelo do universo de produtos para unhas é a possibilidade das mulheres “liberarem sua Nicki Minaj interior” e o fato de que, “ao contrário de tatuagens por sandálias gladiador até o joelho, um vidro de esmalte não requer uma quantia significativa de dinheiro, muito menos um comprometimento emocional”. Peter Philips, diretor criativo da Chanel Make, concorda: “Houve uma época em que a mulher tinha um look, e ela se agarrava a esse look”; mas atualmente, ele afirma, “você pode ser a Dita Von Teese em um dia, e na mesma semana você pode ser a Lauren Hutton”. “Esmalte é só maquiagem”, ele acrescenta; “se não funciona, você pode apagar”.