Dirigido por Jan Kounen e adaptado do romance “Coco & Igor”, de Chris Greenhalg, “Coco Chanel & Igor Stravinsky” serve como uma espécie de continuação para “Coco Antes de Chanel”. O filme começa em 1913, quando a estilista atende a polêmica estreia do balé “A Sagração da Primavera”, composta por Stravinsky. Ela se impressiona _e se identifica_ com a ousadia do compositor.
Sete anos depois, pobre e exilado pela Revolução Russa, Igor e a já famosa Coco se encontram em uma festa, em Paris, e a atração é instantânea. Chanel o convida para morar, junto com a mulher e os quatro filhos, em sua casa de campo, nos arredores de Paris.
Chanel, de preto e já com suas indefectíveis pérolas, e o sempre composto Stravinsky ©Reprodução
Nos meses que se seguem, os dois inevitavelmente começam um breve e intenso (e suposto, vale lembrar) affair que teve consequências culturais importantes _para ele, a inspiração e a força para continuar com a música moderna; para ela, a criação do Chanel Nº5 e a consolidação de seu império.
O perfumista Ernest Beaux e Chanel durante o difícil processo de criação do Chanel Nº 5 ©Reprodução
A importância do figurino criado pelo duo Chattoune Bourrec e Fabien Esnard começa da maneira mais clichê possível: Chanel está tentando energicamente se livrar de um corselet. “Quero respirar”, diz para Boy Chapel, o amor de sua vida. Ele responde: “Não vou comprar outro desses pra você”. Nem precisou: ela foi essencial em libertar a mulher do acessório, poucos anos depois.
Chanel tenta se livrar (literal e simbolicamente) do corselet ©Reprodução
Na época retratada, o estilo Chanel que conhecemos hoje já estava formado. Há ali o início dos tailleurs, os cortes simples e certeiros, as pérolas… Em uma cena, Coco ensina Igor sobre o jérsei, um de seus tecidos favoritos.
Desenvolvido de perto com o kaiser Karl Lagerfeld, o figurino é impecável. Chanel veste preto em boa parte do longa, marcando seu período de luto por Boy, morto em um acidente de carro. Uma vez consumado o caso, o branco e o creme aparecem com mais força.
Stravinsky e Chanel: ela está de jérsei ©Reprodução
A Chanel da bela Anna Mouglalis é mais adulta, agressiva, poderosa e menos agradável que a jovem versão de Audrey Tautou. Para os fashionistas, é algo mais próximo à lenda, mas nossas opiniões sobre sua personalidade pouco importariam à Coco.
Chanel em seu ateliê: ela tinha fama de chefe difícil ©Reprodução
Seus looks, reinventados de acordo com o acervo Chanel, são ainda hoje considerados modernos, o que só reforça o que a estilista mais queria reforçar, e o que serve como pivô de sua separação de Stravinsky: ela era também uma artista, e uma artista genial.
E se a direção às vezes peca, ainda são dois gênios em cena pelo preço de um ingresso.