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    FFW aposta: IN.USE investe em moda criativa e 100% reciclada
    FFW aposta: IN.USE investe em moda criativa e 100% reciclada
    POR Redação

    inuse_01Imagens do catálogo 2010 da IN.USE ©Ricardo Toscani

    Agustina Comas (29 anos, signo: Escorpião) e Ana Piriz (também 29 anos, signo: Virgem) ainda não têm um público definido para sua marca, a IN.USE. Mas nesse caso, a ausência de um target específico não é de todo ruim. Mesmo porque o trabalho realizado pela dupla natural de Montevidéu é praticamente único no mercado nacional. Alinhadas à política da reciclagem, suas coleções são criadas a partir de peças já existentes. Nas mãos das estilistas, sobras de outras marcas e guarda-roupas são matéria-prima para coleções inteiras. Calças viram camisas, camisas viram saias e isso é só o começo. Uma verdadeira “ressurreição das roupas”, como a dupla define seu trabalho. “Roupas velhas/novas”.

    O FFW conversou com Agustina _a metade da dupla que reside em São Paulo_ para entender um pouco mais do seu processo criativo e da estrutura da marca. Confira:

    inuse_02Imagens do catálogo 2010 da IN.USE ©Ricardo Toscani

    Como vocês se conheceram?
    Estudamos na mesma faculdade, o Centro de Diseño Industrial de Montevideo, que é a escola pública de moda e design industrial de Montevidéu fundada nos anos 1980 através de um acordo entre o governo italiano e o MEC.

    E de onde brotou o interesse na moda?
    Eu queria estudar design industrial, o interesse pela moda veio muito mais através do interesse pelo design, pelos objetos, pela funcionalidade, por criar coisas que solucionem algum problema, do que pelo gosto pela moda em si. No segundo ano da faculdade, você tinha que escolher entre Têxtil e Moda ou Industrial. Aí eu fui me identificando mais com o jeito de criar e fazer da moda e naturalmente fui para esse lado.

    E a ideia da IN.USE?
    Pela experiência que a gente ganhou trabalhando em marcas, vimos que sobrava sempre muita peça depois de cada coleção (inclusive depois das liquidações e bazares), e nos perguntávamos: para onde vai toda essa roupa? Toda essa roupa fica morta? E se pegarmos toda ela e botar de novo na roda? Na época estávamos começando uma parceria com a Magma de Montevideo (grife Uruguaia) e essa foi a desculpa para começarmos com as experimentações.

    E o nome IN.USE?
    Fizemos um brainstorming buscando um nome que transmitisse o que queríamos. Chegamos a essa palavra que é um jogo entre “in use” (do inglês, “sendo usado”) e “inusé” (do francês, “não usado”). Aí ficou um jogo de palavras. O que está em desuso, em uso. Por isso no logo tem um acento em cima do “e”.

    Qual o conceito da marca?
    Reviver as roupas que estão paradas. Chamamos elas de roupas velhas/novas _velhas porque estão fora de moda e novas porque nunca ninguém as usou. Remixá-las e colocá-las de novo no ciclo da indústria. Fizemos um vídeo mostrando este conceito de “ressurreição das roupas”, são as roupas “cobrando vida”:

    Como é o processo criativo?
    Trabalhamos muito pelo Skype, então nosso vínculo é praticamente virtual. O trabalho é muito baseado nas ferramentas de internet (webcams, flickr, google docs, ftp). A inspiração é a própria roupa. Sempre começamos as coleções fazendo workshops livres, onde cada uma vai experimentando no manequim, explorando as possibilidades de vestir uma peça de formas diferentes. Aí vamos gerando um repertório e depois juntamos tudo e vamos vendo o que fica legal para finalizarmos as moulages. Com essa moulage vamos até a oficina para montar as peças-piloto e tocar a produção.

    De onde vêm os materiais e peças que vocês usam para confecção das peças?
    Compramos de diversos fornecedores, principalmente de fábricas e um pouco também de ateliês. Sempre estamos procurando estoques. Para a coleção de verão só trabalhamos com camisas de homem. A camisa é uma peça ótima de trabalhar, é incrível como cada vez que enfrentamos uma camisa, chegamos a resultados diferentes, chega a dar um nó na cabeça, tem horas que nem você entende como chegou numa forma.

    Vocês trabalham com quantas coleções por ano?
    Fazemos 2 coleções por ano, mas por conta da parceria que temos com a loja da Fernanda Yamamoto acabamos dividindo essas coleções em 2 menores. Assim entram novidades com mais freqüência. As peças conversam por cores e texturas, mas não queremos que uma coleção mate a anterior. Elas são continuações das anteriores.

    E qual o público-alvo da marca?
    Ainda não está muito definido, mulheres de diferentes idades e estilos acabam gostando das peças, estamos vendo quem é o publico meio que no dia a dia. Por enquanto fazemos as peças muito mais pela inspiração e curtição de fazer do que pensando num cliente final. Acho que isso virá com o tempo.

    Onde vocês vendem suas roupas?
    Em São Paulo na loja da Fernanda Yamamoto e neste inverno fizemos um projeto especial de tricô para Manos del Uruguay. Fora isso, já vendemos em Mutate e Magma, duas lojas uruguaias. Em Montevidéu por enquanto estamos vendendo mais entre amigos, mas estamos procurando alguma loja para ter uma parceria por lá.

    Hoje você também trabalha como estilista da Daslu. Esse job te influencia de algum modo na IN.USE?
    Me influencia em várias coisas, como a exigência com a qualidade do produto. A Lu Pimenta (estilista responsável pelo masculino da Daslu) tem um olho super apurado para fazer um produto bem construído e acabado. Neste tempo trabalhando com ela peguei muito disso. Por outro lado acho que tenho bastante influência do universo masculino e de certas coisas que se leva em conta na hora de fazer roupas de homem (funcionalidade e conforto, por exemplo).

    Já tinha feito a linha masculina da marca do Gustavo Kuerten com o Jum Nakao, então me sinto bem tranquila fazendo masculino. Acho que de alguma forma essas duas coisas acabam se misturando no trabalho, mas também a ideia é que seja um espaço de experimentação e diversão, então sempre surgem vontades que na Daslu Homem não consigo satisfazer. Também acho que conviver com valores bem diferentes dos seus é um exercício interessante. Eu brinco que tenho uma vida dupla por fazer estes dois trabalhos e ter as duas convivências que são meio opostos.

    IN.USE @ Fernanda Yamamoto
    ONDE Rua Aspicuelta, 441 (entre a Fidalga e Fradique Coutinho) – Vila Madalena / SP
    COMO CHEGAR veja o mapa
    + fernandayamamoto.com.br

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