ATENÇÃO: esta matéria contém informações que podem ser consideradas “reveladoras”. Então fica o aviso de spoiler!
Que menina adolescente não quer ser famosa? Cantar no American Idol? Ter um namorado “branco e de cabelos lisos”? Dirigido por Lee Daniels, o filme “Precious” (em português “Preciosa: Uma História de Esperança”), que estreia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (12/02), revela através de uma história dramática os distorcidos valores de felicidade da cultura americana.
Com um empurrãozinho da apresentadora e megaempresária multibilionária Oprah Winfrey (que entrou como produtora), o longa ganhou destaque internacional, foi premiado pelo júri do Festival de Sundance e acumula 6 indicações ao Oscar, além de 58 indicações e 44 troféus em diversas premiações ao redor do mundo.
Baseado no livro “Push”, da romancista Sapphire, a história se passa em 1987 no Harlem, em Nova York, Estados Unidos. Clarice “Precious” Jones (Gabourey Sidibe, indicada ao Oscar na categoria de Melhor Atriz) é uma garota afroamericana obesa e analfabeta que, aos 16 anos, descobre estar grávida do seu segundo filho fruto dos abusos recorrentes de seu pai. Sua mãe, Mary (interpretada com brilhantismo por Mo’Nique, indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante), se vê enciumada, paranóica e violenta, e passa a desviar dinheiro da assistência social da filha para uso próprio.
Assista ao trailer:
A primeira hora de filme é sufocante. Precious é violentada, hostilizada, assediada, desmoralizada. Isso se repete não uma nem duas, mas uma sequência de vezes. Os respiros são as cenas em que Gabourey atua ao lado de seus anjos da guarda: a assistente social Ms. Weiss – interpretada por uma Mariah Carey surpreendentemente convincente –, a professora lésbica Ms. Rain (Paula Patton), as colegas de classe na escola alternativa Each One Teach One, e o enfermeiro John (Lenny Kravitz).
A atriz Gabourey Sidibe no filme “Precious”: interpretação premiada © Reprodução
Encapsulada num figurino que a aprisiona (assinado por Marina Draghini) com jaquetas de couro, jeans skinny, camisas de botões que saltam para fora e uma franja que cobre seu rosto, Precious sonha acordada para fugir da sua realidade devastadora e cada vez mais caótica. Quando sua vida ameaça entrar no eixo, ela descobre que o pai lhe transmitiu o vírus do HIV.
Apesar dos clichês, o drama é arrebatador e traz embutida a reflexão sobre os valores e ideais americanos de felicidade (reproduzidos por países de terceiro mundo e culturamente colonizados, caso do Brasil).
A mensagem por trás de “Precious” é que a escolha – a pessoal, e não a imposta por valores externos – é o primeiro passo em direção à felicidade.
+ Mais informações sobre o filme na Wikipedia: pt.wikipedia.org