Por Isabella de Almeida Prado, em colaboração para o FFW
A Academia anunciou nesta quarta-feira a lista dos indicados ao Oscar 2016. Entre os prêmios, está o de Melhor Figurino, com cinco filmes nos quais o figurino tem papel essencial, seja para contextualizar uma década – no passado ou no futuro – esbarrando em questões de gênero, climas extremos e histórias mágicas. A roupa é uma parte extremamente importante na composição de personagens e ajudam muito os atores em seu trabalho de construção. Muitas vezes, chamam tanto a atenção que acabam roubando a cena, como acontece com “Carol” através da personagem de Cate Blanchett. O figurino e a direção de arte são até mais legais do que o próprio filme.
Conheça abaixo os indicados e seus figurinistas. De quem é o seu voto?
“Carol” (Sandy Powell)
O melodrama conta a história do romance homossexual entre Carol Aird (Cate Blanchett) e Therese Belivet (Rooney Mara) e é ambientado na Nova York dos anos 1950 – fase de transição no guarda-roupa feminino, principalmente das silhuetas, com a criação do “New Look” da Dior. O figurino, feito por Sandy Powell, recria com glamour os modelos utilizados na época. A personagem de Blanchett tem peças luxuosas, como casacos de pele, cashmere, tecidos mais finos, como o cetim e a seda. Para quem assistiu a série “Mad Men”, pode associar seu estilo ao de Betty Draper. Já Therese, que é bem mais jovem que Carol, representa a classe intelectual que coloca em pauta o debate sobre o conservadorismo da sociedade. Powell é uma figurinista experiente e importante, que já arrematou três Oscar: o primeiro em 1998, com o longa “Shakespeare Apaixonado”, “O Aviador”, em 2004, e “A Jovem Rainha Vitória”, em 2009. “Carol” está em cartaz nos cinemas brasileiros.
“Cinderela” (Sandy Powell)
Na dobradinha de Powell no Oscar, a figurinista teve a tarefa de atualizar as roupas utilizadas pelas personagens da clássica história da menina órfã, protagonizada por Lily James, que após a morte do pai vai morar com a madrasta (Cate Blanchett). Dos trapos ao vestido do baile de gala, Cinderela realiza seu sonho e usa no filme um vestido com milhares de cristais Swarovski, presente da fada madrinha (Helena Bonham Carter), num dos momentos mais mágicos do filme. Babados, laços, joias e cores fortes marcam o figurino da elegante madrasta e de suas filhas. Apesar do contexto mágico, as peças não têm “cara” de fantasia e os vestidos usados pela personagem de Blanchett, por exemplo, têm um perfume do século XIX.
“Mad Max: A Estrada da Fúria” (Jenny Beavan)
Num futuro apocalíptico e desesperançoso, onde água e gasolina são itens escassos e controlados pelo ditador, o clássico “Mad Max” retorna às telas com um figurino basicamente produzido com couro e algodão, em cores neutras, e bem utilitário e urbano, com cintos, mochilas, por exemplo. Muitos elementos, como as ombreiras e armaduras de couro foram inspiradas no figurino de Mel Gibson no primeiro “Mad Max”. Os acessórios e máscaras que as personagens usam no filme contrastam com a paleta básica das roupas. Já as personagens que compõem o grupo The Wives usam pouca roupa e suas peças foram inspiradas em um balé que o diretor George Miller viu com panos amarrados nas bailarinas. Jenny Beaven também foi responsável pelo figurino do filme “O Discurso do Rei” e “Para Sempre Cinderela”, entre outros títulos.
“A Garota Dinamarquesa” (Paco Delgado)
Este filme representa um dos trabalhos mais delicados e complexos de figurino entre os concorrentes do ano. A história conta o caso da primeira pessoa a fazer a cirurgia de mudança de gênero, Lili Elbe (Eddie Redmayne), o que exigiu a construção de um figurino que transita entre peças femininas e masculinas. O pintor dinamarquês vive um romance com a sua esposa Gerda (Alicia Vikander) ao mesmo tempo em que se descobre mulher. Delgado, figurinista do longa, tem trabalhos marcantes em sua carreira, como “Os Miseráveis”, filme que lhe rendeu indicação ao Oscar em 2013, e o longa dirigido por Pedro Almodóvar, “A Pele Que Habito”.
“O Regresso” (Jacqueline West)
O ator Leonardo DiCaprio vive um caçador, que quando decide explorar o Oeste americano, é traído pelo seu companheiro (Tom Hardy) e atacado por um urso. A história de vingança e sobrevivência, enfrentada pelo protagonista do filme, prevalece no figurino com enormes casacos de pele, misturados ao sangue, lama e todos os obstáculos que os caçadores enfrentam pelo caminho inexplorado. Para dar veracidade a situação extrema que enfrentavam, West disse em entrevista que a ideia do diretor Alejandro González Iñárritu era deixar as peças cada vez mais sujas. A figurinista também trabalhou em “O Curioso Caso de Benjamin Button” e “A Rede Social”.