Isabella de Almeida Prado, em colaboração para o FFW
Campanhas de moda só não geram mais expectativa no mercado do que os desfiles. Megaproduções, com supermodelos, uma equipe impecável de profissionais são uma fórmula que ainda funciona para abastecer a indústria e divulgar, por meses, a mensagem da marca naquela estação. Nessa temporada, grifes de luxo têm surpreendido ao trocar a imagem glamourosa e calculada pelo humor pop com toque artificial da colagem digital. Não é inédito, mas já virou a tendência do momento na publicidade por ter sido adotada agora por marcas globais de grande influência.
Explorando outros formatos, a Chanel e a Prada são as mais novas marcas a embarcarem nesta ideia e transformaram suas novas campanhas para o Inverno 2017 em colagens. Com uma composição que não tem necessariamente um respaldo artístico, quase no estilo DIY (do it yourself ou faça você mesmo), as grifes quebram a rigidez da publicidade de moda, com uma linguagem muito mais vibrante e jovem.
“A colagem é uma linguagem que existe na arte desde Marcel Duchamp. Não é uma novidade, mas sim uma maneira de se expressar com uma nova composição. Já foi usada várias vezes na moda, caso das icônicas campanhas da Balenciaga nos anos 2000, feitas pela MM Paris. Na minha opinião, colagem é um exercício de composição que será sempre atual”, avalia o artista visual e diretor de arte Kleber Matheus, em conversa com o FFW.
Ao “WWD”, Karl Lagerfeld afirma estar cansado da “garota segurando a bolsa”. Por isso, o estilista investiu nas colagens e o resultado é visualmente dinâmico: camélias, ícones da grife, texturas e pérolas viram cenário por trás das modelos Mariacarla Boscono e Sarah Brannon – que em algumas fotos aparecem multiplicadas duas ou três vezes. “Adoro colagens e acho que essa coleção se encaixa bem com a técnica. Queria fazer algo que nunca fiz antes. Não tem uma pesquisa artística. É uma inspiração sem rotas – espontânea. E fazer colagens com o computador era impossível antes”, conta o diretor criativo da Chanel.
A campanha da Prada, criada pela agência londrina DJA foi fotografada novamente por Steven Meisel e composta por um supercasting de 27 modelos – entre elas as brasileiras Raquel Zimmermann, Angelica Erthal e Lorena Maraschi – que posam em paisagens artificiais. A coleção, que já atrai pela imagem forte, superdetalhada, com muitas composições e acessórios, é intercalada com cenários abruptos, que revelam nas cores, a transição do dia para a noite.
Courrèges, Céline e Kenzo são outros nomes que já experimentaram com a técnica de montagens bem humoradas. Depois de assumir a direção criativa da Courrèges, a dupla Sebastien Meyer & Arnaud Vaillant contratou a artista visual Kalen Hollomon para produzir uma série de colagens para o Instagram da marca. A Céline, na temporada de Verão 2017, fez uma colagem com cara de amadora sobre os cliques do fotógrafo Juergen Teller. Com apelo artístico e jovem, entre 2012 e 2013 a Kenzo trabalhou com os criativos por trás da Toilet Paper, que criou para a marca uma série de colagens surrealistas. Já a Adidas Originals reeditou este ano uma foto da modelo Kate Moss para a campanha da nova versão do modelo Gazelle. A colagem é assinada pelo artista Doug Abraham (@bessNYC4), um dos nomes atuais mais cool que se dedicam a este tipo de composição, com trabalhos irônicos, com apelo sexual e imagens provocantes.
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Veja na galeria abaixo as imagens das campanhas.