Em sua segunda coleção solo à frente da Valentino, desde a saída de Maria Grazia Chiuri para a Dior no ano passado, Pier Paolo Piccioli vem mostrando suas preferências por uma moda colaborativa e desapegada dos padrões tradicionais da marca.
+ Desfiles: Confira o FW 17 da Valentino.
No último desfile de inverno da grife, em Março, em Paris, Piccioli convidou artistas integrantes do extinto Memphis Group a desenharem estampas para a coleção, que foi inspirada na era vitoriana da Inglaterra e no próprio grupo – o coletivo surgiu na década de 80, no salão do móvel de Milão, e ganhou holofotes ao usar e abusar de cores vivas em uma época monótona na indústria. Ainda que super coloridos, os móveis continuam sendo admirados como peças de arte atemporais e já inspiraram outras coleções na moda, de Dior a Karl Lagerfeld.
Nathalie du Pasquier e George Sowden, dois dos fundadores do Memphis Group, foram escolhidos pessoalmente pelo estilista para desenhar algumas estampas da coleção. Apesar do sucesso das peças originais do grupo, a dupla foi fiel aos seus trabalhos mais recentes: Designing Without a Cause, dedicação atual de Sowden, e Counting, projeto de dois anos atrás de Pasquier, foram as referências escolhidas pelo time da Valentino para as estampas da coleção.
Sobre o legado do grupocomo referência estética moderna, na moda e no design, outro fundador do grupo, Ettore Sottsass, mostra-se empolgado: “O Memphis foi um movimento definidor do final do século 20 e se tornou uma influência para a estética do design no mundo desde sua primeira exibição em Milão. Como tal, jamais desaparecerá e será para sempre discutido, criticado, copiado e acrescentado”, conta em entrevista à revista anOther.
Apesar de cético, Sottass demonstra-se confiante com a colaboração da Valentino: “A coleção foi sobre a mistura de duas épocas muito diferentes, mas talvez estejamos num mundo em que somos confrontados por isso mesmo”, explica.