Editora de títulos como Vogue, GQ e Vanity Fair, a Condé Nast lançará no dia 26 deste mês uma nova publicação multiplataforma voltada para o público LGBTQ. Trata-se da Them, comandada por Phillip Picardi, editor digital da Teen Vogue e Allure. Esta é a primeira publicação “independente” que a gigante editorial lança desde 2007, isso porque a Them não está ligada a nenhum outro título da Condé Nast – a ideia é trazê-la como título principal, em vez de suplemento de outra publicação.
Picardi foi nomeado recentemente um dos 50 LGBTQs mais influentes da mídia. Não à toa, em dois anos editando o conteúdo digital da Teen Vogue, ele foi o responsável pelo impressionante aumento dos acessos únicos mensais: de 1.4 milhões para mais de 9 milhões, um recorde! Já a Allure alcançou 6.2 milhões de visitas, o que resultou no aumento de 25% no tráfego do site.
“Se tem uma coisa que eu aprendi trabalhando na Teen Vogue, é que os jovens estão dominando nossa cultura e são eles que vão moldá-la, de uma maneira que não esperávamos, principalmente no que diz respeito a gênero e sexualidade”, disse Picardi ao BoF. “Não seria incrível se a Condé Nast fosse a primeira a se aproximar desse público, com o objetivo de contar suas histórias de uma forma autêntica e pessoal?”, continua. “Ao longo do último ano, estivemos pensando em como um título pode refletir a cultura de hoje da melhor maneira possível, e também como o público vai interagir com o conteúdo”, complementa Anna Wintour, diretora artística da Condé Nast.
O ativismo será o ponto forte da Them, cuja missão será sempre falar em nome da comunidade LGBTQ, além de colocar luz sobre profissionais que normalmente não são (re)conhecidos. Uma das ações previstas, por exemplo, é fazer colabs com designers queer a fim de criar coleções cápsula como merchandising – parte das vendas será destinada a instituições beneficentes e também para promover ou participar de eventos, como a Parada Gay.
Entretanto, ainda que tal público seja o foco, a ideia é também poder comunicar a todos, independente de orientação sexual, credo ou cor da pele, “é sobre nós todos”. Até porque os conteúdos que concernem à comunidade gay são alguns dos que têm maiores acessos na Teen Vogue, segundo Picardi. Por isso, na Them as seções de moda e beleza terão uma abordagem genderless. “Se estamos falando sobre vestidos florais em um editorial, então você verá homens, mulheres e não binários vestindo-os”, pontua.
A programação do site terá um ritmo diferente: em vez de publicar de 40 a 60 notícias/matérias por dia, como a Teen Vogue, a programação será enxuta e pontual. “Acho que os leitores estão tentando ser mais seletivos. Por isso não estamos esperando atingir centenas de milhões de acessos. O que esperamos é proporcionar uma experiência de narrativa única e extremamente impactante, isso sim”.
Como a representatividade será basilar à Them, o público também poderá enviar conteúdos, criando assim um diálogo importante com os editores, e o título terá um canal em que divulgará um vídeo por semana. “Estamos tentando descobrir como podemos proporcionar experiências em múltiplas plataformas no planejamento desses vídeos”.
Novos ares são bem vindos ao momento atual da Condé Nast, visto que, mês passado, Graydon Carter e Cindi Leive deixaram a direção de dois importantes títulos da casa: Vanity Fair e Glamour, após 25 e 16 anos, respectivamente.