Jonathan W. Anderson dá mais um passo em direção à arte contemporânea, reafirmando como sua visão pode ser usada muito além da moda. Esta semana seu nome ficou em evidência na cena artística com a abertura da exposição Squash, de Anthea Hamilton, na Tate Britain. Com a Loewe, onde atua como diretor criativo, ele criou os figurinos – incríveis, por sinal – para o recém lançado projeto.
A mostra é importante por diversos motivos: é uma das principais comissões anuais criadas por grandes instituições, o que coloca em grande evidência o artista selecionado. A obra inédita, feita especialmente para a ocasião, fica exposta por seis meses nos grandes salões chamados Duveen Galleries, espaço que é o coração da Tate Britain.
Outra razão é que a própria Anthea é uma das artistas mais comentadas do momento. Nomeada ao Prêmio Turner em 2016, ela é a primeira artista negra a ser comissionada pela Tate e está sendo reconhecida por seu trabalho provocador e bem humorado e que incorpora elementos de moda, design e cultura pop. “Anthea tem feito uma contribuição única para a arte britânica e internacional com seus trabalhos visualmente lúdicos e que causam reflexão. Ela cria experiências inesquecíveis que tanto provocam quanto deliciam”, diz Alex Farquharson, diretor do museu.
A obra que rendeu a indicação ao prêmio Turner, Project for a Door (After Gaetano Pesce), foi inspirada em uma foto de uma modelo feita pelo designer italiano Gaetano Pesce. É um bum bum gigante de um homem feito de espuma colorida, vinil e resina. É a interpretação de Anthea para uma proposta não finalizada de Gaetano para o prédio de um escritório em Nova York (veja a foto na galeria abaixo).
Squash é um projeto de instalação e performance e foi primeiramente inspirado em uma imagem que ela viu anos atrás de uma pessoa fantasiada de abóbora deitada em uma videira. Essa imagem está diretamente relacionada à colaboração de Jonathan Anderson – Hamilton convidou o estilista para criar os figurinos que os dançarinos usam diariamente nas performances. São sete figurinos super elaborados, cada um inspirado por um tipo diferente de abóbora. É bem surreal e exatamente o que torna essa obra tão envolvente. “Anthea me procurou com uma visão bem específica e nós realizamos. Levou dois meses, fizemos tudo em um espaço bem curto de tempo, mas fiquei feliz com o resultado”, diz JWA à Vogue. As cabeças são feitas de fibra de vidro e são bem pesadas. Para as roupas, Anderson usou couro pintado à mão, tricô, veludo, seda… “É tão interessante ver suas roupas de uma forma diferente. Adoro ver os dançarinos se movendo com elas”.
Todo o piso das galerias foi coberto por azulejo. “Serve como uma alternativa à arquitetura autoritária das Duveen Galleries e também para funcionar como um palco para os performers, um espaço neutro que está nos termos dos artistas mais do que da instituição”, diz a artista ao The Telegraph. “Mas o mais legal é que, apesar da escala da instalação e a complexidade da obra, a essência do trabalho é que ele é lento, um projeto secreto. E os performers são os únicos a par das referências desse trabalho – eu compartilhei esses segredos com eles. A duração da performance, os inúmeros figurinos e a longa duração significa que nenhum visitante poderá ver tudo o que está sendo feito. Para eles, será diferente a cada visita”.
Anthea e JWA coleciona obras de Anthea Hamilton e os dois começaram a trabalhar juntos em 2015 quando ele encomendou trabalhos novos para uma exposição da Fundação Loewe no Miami Design District.
Squash fica exposta na Tate Britain até outubro.