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    Shallow: por que a gente cai na história de Lady Gaga e Bradley Cooper
    Ally e Jackson Maine ou Lady Gaga e Bradley Cooper? Foto de Peter Lindbergh / Reprodução
    Shallow: por que a gente cai na história de Lady Gaga e Bradley Cooper
    POR Camila Yahn

    Aviso: texto contém spoilers.

    Vamos falar sobre Nasce uma Estrela. Aqui em casa está assim: minha filha adolescente chora em todas os vídeos da Lady Gaga e Bradley Cooper cantando juntos no youtube, falando: “mas eles tinham que ficar juntos”, enquanto meu marido, normalmente bem crítico em relação à cultura pop, diz: “como não se apaixonar pela Lady Gaga…”.

    A gente sabe, está rolando uma febre. A música Shallow tem recebido todos os prêmios (Grammy, Globo de Ouro, Oscar…) e é o dueto entre os dois que serve de peça central e um dos momentos altos do filme.

    E de uma certa forma, gostamos de ver a super hiper mega blaster famosa Lady Gaga se desconstruir e voltar a ser apenas uma jovem inocente em busca de oportunidades, mais frustrada do que esperançosa.

    E domingo na cerimônia do Oscar, a temperatura atingiu seu ápice. Eu já estava a postos, praticamente o dia inteiro, e na hora H acaba a luz na minha casa… Bradga estavam sentados na plateia quando um piano foi posicionado no palco. Eles sobem ao palco sob aplausos e gritos e cantam. Como se fossem Jackson Maine & Ally. As pessoas, dentro e fora do Dolby Theatre, foram à loucura. Filmado inteiramente do palco, com o público atuando como pano de fundo, a apresentação de Shallow teve tudo o que todo mundo queria ver: aquela química. A esperança de que o romance do filme atravesse a tela do cinema para a vida real. Estamos falando de uma torcida global. Não é por nada não, mas não deve estar fácil pra Irina Shayk (eu apoio a Irina!).  

    O jornalista Chris Gardner, que estava na plateia, postou vários videos que mostram o que acontece quando nós, em casa, estamos assistindo o intervalo do Oscar. E um dos momentos foi o retorno da dupla às suas poltronas na primeira fila pós performance. Olha só o que aconteceu:

    Em um dos shows da turnê Enigma, que fez em Los Angeles, Gaga chamou Cooper para cantar com ela. Ele levantou-se de seu lugar na plateia e seguiu até o palco sob gritos de “Bradley! Bradley!”. E a apresentação teve troca de olhares apaixonados, de novo como Jack & Ally. E tem sido assim desde que o filme estreou.

    Isso tem um nome: campanha. Pega o maior gato de Hollywood e uma das maiores e mais amadas estrelas pop do mundo, chama o cool kid Mark Ronson pra produzir uma música e junta tudo em uma história de amor que já vimos antes, mas com um final que passa longe do “e viveram felizes para sempre”. Quando a gente acha que já sabe a receita do bolo, eles partem nosso coração ao meio.

    No livro Hit Makers – Como Nascem as Tendências, o autor Derek Thompson explica o que faz uma música estourar enquanto outras parecidas e até melhores não vêem o sol nascer. Ele discorre sobre a teoria MAYA (Most Advanced Yet Acceptable – mais avançado, ainda assim aceitável), que tem sido validada por inúmeros estudos e explica as canções que grudam na nossa cabeça, os blockbusters do cinema e até memes.

    Existe uma receita que equilibra o familiar com o novo. Afinal de contas, ninguém quer ficar ouvindo a mesma coisa o tempo todo, as pessoas gostam sim de novidade. Mas uma coisa totalmente nova não vai virar um hit. Então você pega algo familiar que traz conforto e a confiança ao ouvinte, mas em um dado momento, o surpreende com uma novidade. Algo que surge, encanta, some e volta pro familiar. É um pouco o que acontece com a história do filme e com Shallow.

    “Quase todas as mídias que as pessoas consomem, todas as compras que fazem, tudo vive em um espectro entre a fluência e disfluência, facilidade e dificuldade pra pensar. A maioria das pessoas ouve músicas que soam como aquelas já ouvidas e gostam de filmes com personagens e tramas reconhecíveis. A atração da fluência é óbvia, porém precisamos de um pouco de seu oposto. Elas querem ser desafiadas, chocadas, forçadas a pensar… só um pouco”, diz o autor.

    Ally é uma menina comum, como tantas no mundo, cujo trabalho passa longe de seu verdadeiro talento. Até que ela que cai nos braços de um músico famoso (e lindo. e gente fina. e incrível. e que se apaixona por ela.) que transforma sua vida, pessoal e profissionalmente. Existe alguém no mundo que não vai torcer por Ally? Com Jack, vive um conto de Cinderela com doses de vida real. Juntos enfrentam desafios e, no final, quando tudo parece estar finalmente indo para o caminho certo, eles são impedidos de viver esse amor. Depois de tanta torcida, ficamos sem o final feliz. E o que o público quer é que esse final feliz se concretize. Há perfis no Instagram dedicados ao “casal”, centenas de milhares de fotos e videos de shows e muitos sites com matérias sobre um possível relacionamento – Elle USCosmopolitan, Bazaar, Voguea lista continua.

     


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    #AStarIsBorn

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    Outro ponto: tem alguém mais capaz de atrair atenção do que Lady Gaga? No tapete vermelho, no palco, na rua, seja onde for, ela para tudo, propositalmente e melhor do que ninguém. Quantos looks inacreditáveis já não vimos ela usar? Então sua presença, só por isso, já cria uma expectativa. Espertamente, ela usou todo esse frisson para ajudar a promover o filme, postando suas chegadas triunfais em suas roupas fenomenais apenas com a # e o @ do filme.

    Acho que aí está uma daquelas situações onde a linha entre ficção e realidade é turva, como se a gente passeasse pelas duas sem perceber onde uma começa e a outra termina. É verdade que Lady Gaga e Bradley Cooper têm algo a mais rolando ou é tudo combinado, parte de um hiper bem sucedido plano de marketing? Quando o público se perde em uma história e não pode ver a verdade, é complicado. Você é direcionado a acreditar em algo para benefício de um produto e das pessoas que ganharão com isso. Mas essa é a alma da propaganda, alguém diria.

    Agora que a temporada de premiações chega ao fim, vamos ver o que vai acontecer longe dos palcos e tapetes vermelhos. Verdade ou mentira, está funcionando. Tanto que estou aqui buscando uma maneira minimamente inteligente pra falar de um assunto bobo, que não paro de pensar (e cantar in the shallow sha la low…). Quem sabe agora essa bendita música sai da minha cabeça.

     

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