A estilista Lívia Campos é uma esteta radical e continua seu exercício de se aprofundar cada vez mais na construção de roupas. A partir de um degradê muito sutil de pretos, ela transforma o avesso no lado correto, revelando as costuras. O nível de trabalho de Lívia é alto a ponto de, em nenhum momento, elas se parecem com "roupas do avesso". Lívia trabalha com seda, malha, algodão, veludo e lã – uma lã envelhecida que tem um aspecto mais aveludado. Cada tecido parece impactar no tom de preto e é interessante olhar para um desfile como um estudo de tons e construções. Lívia é uma das jovens estilistas mais talentosas de sua geração e é corajosa por resolver ir tão a fundo em sua visão de moda. Porém, em um desfile, a delicadeza desse estudo detalhado pode não surtir o efeito esperado. A trilha, ao meu ver, não ajuda. Em uma semana de moda onde as pessoas acompanham até oito desfiles por dia e sua atenção é eternamente desviada a todo momento, é necessário algo a mais, que prenda a atenção de um público super estimulado. Lívia nos faz um convite, o de nos deixar absorver por toda a beleza e refinamento de seu processo. E talvez, esse mergulho profundo possa ser conquistado de outras maneiras, como vídeos ou nas próprias lojas onde a Beira está à venda. Especialmente agora, que a marca lança seu próprio e-commerce e começa a falar com um público mais amplo, achar um ponto de equilíbrio que traga o público mais para perto, pode dar a Lívia o empurrão para alçar novos e bons vôos. (Camila Yahn)
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