Expoente do modernismo brasileiro, o artista Flávio de Carvalho (1899 – 1973) será homenageado em uma exposição que abre neste sábado (17.08) na galeria Almeida e Dale, no Jardim Paulista, em São Paulo.
Com curadoria de Kiki Mazzucchelli, a mostra reúne registros das performances do artista, além de pinturas e desenhos produzidos entre 1930 e 1970.
Flavio é, vira e mexe, reverenciado por pensadores e criadores de moda por sua ousadia e vanguarda, que resultou num “desfile” inimaginável para a época: em 1956, ele saiu pela rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, usando uma minissaia de nylon com uma camisa bufante, conjunto que ele chamou de New Look. Logo atrás dele, vinham muitos senhores devidamente vestidos com seus ternos. Naqueles tempos, o artista chocou o centro, a cidade e o país (lembrando que Mary Quant “inventou a minissaia em meados dos anos 60).
Carvalho escrevia uma coluna sobre arquitetura no Diário de São Paulo e quando seu editor pediu que desenhasse uma roupa para homem, foi essa roupa que ele desenhou, por acreditar que o calor era um martírio para o brasileiro, especialmente para os homens. Durante meses, ele publicou no jornal mais de 30 artigos ilustrados abordando a história e a evolução da moda sob o título “A moda novo homem”.
Sua caminhada, intitulada por ele como Experiência Nº 3, foi precedida por longas reflexões envolvendo suas preocupações como arquiteto e urbanista, com o habitat do homem: sua cidade, sua casa e, por último, suas vestes. “A década de 50 já conhecia surtos de rebeldia, principalmente dos homens, em relação aos rígidos padrões ditados pela moda no século 20. É a época do movimento beatnik, dos jovens rebeldes sem causa, de James Dean, Elvis Presley e os existencialistas franceses. Mas no cotidiano formal, a rigidez da moda persistia. Flávio rebelou-se contra a ditadura dos costumes que obrigava o homem nos trópicos a vestir-se como se fosse enfrentar neve ou baixas temperaturas”, explica Luzia Portinari Greggio, curadora de uma grande mostra sobre o artista no CCBB.
A exposição cobre cinco décadas de sua produção e, para marcar a abertura, o Teatro Oficina faz uma apresentação única de um trecho da peça O Bailado do Deus Morto. Escrita por Flavio de Carvalho em 1933, a obra discorre sobre a tragédia da morte de deus e apresenta a vida criativa do homem livre de mitos.
Serviço
O Bailado do Deus Morto
Direção: Marcelo Drummond/ Teatro Oficina
Horário: a partir das 11h30
Duração: 20 minutos
Flávio de Carvalho: o antropófago ideal
Local: Galeria Almeida e Dale
Endereço: R. Caconde, 152 | Jardim Paulista – São Paulo
Abertura: sábado, 17 de agosto, das 10h às 14h
Período expositivo: de 17 de agosto a 19 de outubro
Visitação: de segunda a sexta, das 10h às 19h
Entrada gratuita