Vindo do teatro e da produção de acessórios handmade, Victor Hugo Mattos cresceu, e muito, desde que fez sua estreia no Projeto Estufa, há um ano. De olho em seus bordados artesanais, que conseguem ser tão maximalistas quanto cool, tão luxuosos quanto misteriosos (há algo no mistério, essa incompreensão, que nos salva da banalidade da riqueza pela riqueza), mulheres formadoras de opinião como a cantora Iza, a influenciadora Magá Moura e a jornalista Gloria Maria encomendaram peças suas para serem usadas em eventos. Seus acessórios também têm estampado editoriais de revistas como Marie Claire e Vogue. Com este repertório adquirido, o estilista apresentou sua mais nova coleção em que ressignifica peças adquiridas em brechós por meio de seus bordados de conchas, búzios, cristais e outros objetos que garimpa em todo o lugar. “Até no Uber”, brinca Renata Correa, a stylist por trás desta coleção desde a ideia inicial, referindo-se de fato a um brinco que Victor segurava no backstage momentos antes do desfile, pensando se incluiria ou não em algum look.
“Quis fazer uma reflexão sobre o momento sombrio que vivemos hoje. Mas acredito que temos que passar por ele, aceitá-lo, subvertê-lo, para depois encontrar uma luz”, diz Victor. Os looks, então, alternam momentos de peso e leveza, a começar pelo crochê bem aberto, vazado, escolhido pelo estilista como ponto de partida criativo. “O crochê pode ser visto como algo antigo, mas usando de uma maneira jovem, com coturno, com alfaiataria, ele ganha uma outra forma”, conta Renata.
A mesma lógica do styling se aplica aos bordados ricos nas costas do paletó e da barra do vestido de crochê do conjunto vermelho; da camisa cáqui, dos casacos e paletós. Interpretado da maneira certa, é o tipo de exagero que faz brilhar os olhos. (CAROLINA VASONE)