Por Mariáh Cidral
Depois de se desculpar publicamente por ter usado uma música que incluía uma trecho do sagrado Hadith do Islã em seu desfile de moda Savage X Fenty no começo de outubro, Rihanna consegue atrair mais uma vez a atenção do público e da imprensa.
A estrela pop lançou recentemente uma linha de roupas masculinas em colaboração com Christian Combs, filho do magnata do hip hop Sean Diddy Combs. Seguindo seus ideais de inclusão como um elemento chave quando se trata de seus desfiles de moda e campanhas de beleza, o desfile incluiu mulheres e até homens (destaque para a presença do cantor Soouizz) de todos os tamanhos, pessoas de todas as identidades de gênero, sexualidades, e idades.
Porém, o buzz todo ocorreu após o desfile e foi no site da marca: Rihanna dessa vez escolheu homens plus size para modelar algumas das peças, que incluem boxers e cuecas. Não demorou muito para os fãs verem as fotos com o modelo Steven Green no site da marca e, claro, muitos usuários do Twitter ficaram maravilhados ao ver um homem gordo pela primeira vez em uma foto de lingerie masculina, ao menos numa marca mainstream desse porte.
Em posts e mensagens, homens que se “viram” em seu show e nas fotos do site foram às redes sociais para elogiar a inclusão e a diversidade corporal apresentadas pela marca da cantora. Steven Green relatou em um longo post em seu Instagram que no começo não acreditou que fosse verdade a proposta e hesitou em aceitá-la: “Eu nunca imaginei que a minha primeira vez sem camisa na internet seria modelando com @badgalriri para @savagexfenty”. Essa reação positiva à foto de Green pode ser o ponto de inflexão para um movimento masculino plus size.
A representação de tamanhos grandes tem ganhado força no mundo da moda feminina, porém continua sendo raridade entre as marcas de alta costura e grandes marcas internacionais, ainda mais em se tratando da moda masculina. Com intuito de alcançar fãs e o público real, todas as peças da linha de roupas íntimas Savage x Fenty vão do tamanho S e se estendem até o XXXL, Rihanna está quebrando uma barreira que poucos na moda ousaram cruzar. Ao discutirmos a positividade corporal, não podemos esquecer que os homens, assim como as mulheres, também são submetidos a padrões corporais irrealistas e nada saudáveis.
Infelizmente, ainda é muito raro ver roupas para homens – especialmente roupas íntimas – sendo modeladas por pessoas que não se enquadram no estereótipo atlético e tão difundido pela mídia ao longo de anos. O que vemos na mídia molda o que consideramos bonito, aceitável ou correto, por isso essa representação é tão importante hoje pois ajuda a combater expectativas irrealistas e aumenta a confiança de todos.
O que Rihanna está fazendo a frente de sua marca é apenas uma gota no oceano porém serve de exemplo para diversos designers e empresas finalmente dialogarem com o real, o ser humano. Com tanta diversidade nesse mundo, produtos e serviços comercializados no século 21 devem – mais do que nunca – representar e atender o público consumidor e jamais impor o que deve ser consumido através de propagandas que apenas incitam a comportamentos autodestrutivos.
Marcas como Versace e Fendi, por exemplo, trouxeram modelos curvy e plus size como Ashley Graham e Jill Kortleve, dando um sinal de que até grandes marcas de luxo européias estão atentas à essa mudança e mesmo que lentamente, estão se adaptando. Porém o caminho ainda é longo e precisamos de mais passos à frente na normalização dos corpos gordos, femininos e masculinos.