Se você buscar o que define uma coleção de Alta-Costura, você pode achar uma série de determinações traçadas pela Câmara de Moda Parisiense. No entanto, existem jovens designers que tem questionado essas definições e criado suas próprias formas de fazer Couture. Gregory Assad é um desses nomes.
Caribenho, natural da ilha de Martinica (uma extensão da República Francesa), o jovem se formou na École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, escola diretamente conectada aos grupos que determinam quais marcas de moda se qualificam como Haute Couture ou não. Nomes como Issey Miyake, Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld são alguns dos outros alunos que frequentaram a universidade.
A paixão de Gregory Assad pela moda veio de muito cedo: “Eu sempre quis fazer isso, desde muito jovem eu comecei a vestir minhas bonecas e depois, minha mãe e minha irmã (risos)” conta o designer. Oficialmente, no entanto, ele iniciou no mercado de moda logo antes de retornar para Paris, onde estudou no IFM Paris por três anos. Sua primeira coleção foi apresentada ao público em 2020, como sua coleção de graduação.
Assad mistura estilos e os códigos da couture com o ready-to-wear em suas criações, para criar peças únicas e que ressonam pessoalmente com o artista. Suas criações são fortes, imponentes ao mesmo tempo que extremamente sensíveis. Ao misturar peças luxuosas, douradas e opulentes a cenários humildes que remetem à sua infância, o designer consegue um resultado único que é igualmente pessoal e identificável.
A estamparia também é um forte de Gregory Assad; original de um país tropical, o animal print, bem como estampas de verão aparecem em suas criações com frequência em misturas e combinações que até remetem ao brega: é uma imagem de moda que quase nos lembra o Brasil e que não nos deixa esquecer das referências que nós, de países americanos dos trópicos compartilhamos.
Apesar de já ter sido chamado desta forma, ele conta que não se considera um couturier ou um designer de Alta-Costura – pelo menos, não ainda. “É verdade que a Alta Costura vem mudando de perspectiva, acredito que para o melhor, e isso é parte da evolução das coisas” afirma Gregory Assad, “Mas não devemos confundir Haute Couture com o Espírito da Couture”.
Com o espírito da Couture, o designer se refere à nova leva de estilistas, da qual ele faz parte, que utiliza os códigos da Alta Costura em sua criação, mesmo não sendo Couturiers. “Essa nova leva de designers frequentemente recorre aos volumes extremos, e isso é muito chamado de Haute Couture. Alta Costura não quer dizer extravagante ou excessivo, ela pode ser, mas não apenas isso”, opina, “Couture para mim é um domínio com maestria da técnica, permitindo, por exemplo, implementar uma clássica calça preta à um vestido de Azzedine Alaïa”.
Para essa nova leva de designers, bem como para Gregory Assad, a sustentabilidade é primordial, e não um diferencial. Esse é um conceito que o designer tem como vital para todas as suas coleções futuras, desde já, ele conta. Em sua coleção de Inverno 21, Assad criou um vestido de zíperes a partir de azulejos de banheiro bordados, além de utilizar outras técnicas para ressignificar o lixo.
Olhando para o trabalho de Gregory Assad, você pode se perguntar: por que isso não está nas semanas de moda? O designer concorda: “Eu permaneço convencido de que meu trabalho está a altura dos calendários de moda. Não deve demorar (risos)” afirma, confiante. Para o futuro próximo, Gregory Assad pretende comercializar sua primeira coleção e lançar a próxima com um desfile físico.