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    Matuê: “estou bem confiante neste ‘papel’ de abraçar a minha maturidade, inclusive visualmente”

    Maior nome do trap nacional fala ao FFW sobre a chegada dos 30 anos, nova fase e confessa ser um nerd

    Matuê: “estou bem confiante neste ‘papel’ de abraçar a minha maturidade, inclusive visualmente”

    Maior nome do trap nacional fala ao FFW sobre a chegada dos 30 anos, nova fase e confessa ser um nerd

    POR Vinicius Alencar

    matuê na nossa capa de maio

    Fica difícil não cair no óbvio quando se fala do Matuê, o artista é um ponto fora da curva e, mesmo tendo procurado por sinônimos, me rendo: ele é um fenômeno – em seu sentido amplo e também ao pé da letra. Foi ele o responsável por furar a bolha e disseminar o trap, especialmente entre os que não sabiam diferenciar o estilo, ignorando suas particularidades e o limitando ao rap. 

    Em nossa conversa feita por Zoom, Matuê se mostrou aberto, ultra profissional, leve e até um tanto nerd, bastam alguns minutos com ele para entender que cada passo é muito bem arquitetado, decisões tomadas com parcimônia, um olhar estratégico que revela o porquê dele ir além e se firmar como um dos artistas atuais mais interessantes que temos.

    Tudo é discutido com propriedade e, ao mesmo tempo, de forma despretensiosa, o que torna a troca mais humana – mesmo diante de números impressionantes que estão sempre na casa dos milhões quando olhamos para sua carreira. Na sequência, alguns dos highlights do papo com o artista cearense que estrela nossa nova capa digital! 

    Sua ascensão no trap é considerada um fenômeno, que revelou o estilo musical e furou a bolha, sendo um dos nomes mais reconhecidos até por quem não manja tanto de trap. O que você acredita que se deve a isso?

    Na minha visão, qualquer plano que você queira executar, ter êxito, a fórmula é: 90% planejamento, 10% ação. Algo que, claro, era bem diferente quando a gente começou, mas sempre tivemos essa forma de pensar, agir e lidar com as expectativas das pessoas, como se sintonizar com os fãs, como executar cada trabalho da melhor forma. 

    à esq. trench coat projeto mottainai, camisa misci, gravata casa juisi, shorts vintage acervo gabriel saraiva, bota forca studio, anéis skull, crayons e julio okubo. à dir. camisa dolce & gabbana, calça vintage acervo nelson, anéis crayons, d&g e skull, tênis tuê, pulseira tuê

    Eu tinha percebido que o trap ainda era ‘intocável’ no Brasil sendo um universo que ainda não havia sido tão explorado.

    Eu já tendo minha caminhada dentro do trap, eu sabia que já tinha oportunidade de ser o primeiro ou estar entre esses primeiros, a fazer a coisa acontecer.

    E como foi segurar a ansiedade de revelar a sua colaboração com o Rich The Kid​ em Conexões de Máfia? Fiquei sabendo que ela aconteceu em 2021, mas só agora está sendo finalmente revelada… 

    Tenho evitado realmente essa ansiedade. O motivo foi bem simples: não tínhamos encontrado o cenário perfeito. Queria achar o momento, o diretor perfeito, o cenário ideal. Isso pensando no Rich também, para fazermos valer o feat e uma música como essa. É uma música muito especial. Investimos fundo no projeto!

    Engraçado, o universo tem formas misteriosas de agir e atuar nas coisas, na nossa vida. Digo isso, porque antes até tiveram algumas tentativas, mas que não fluíam. E aí percebemos que a hora parecia perfeita, com todos os profissionais que queríamos envolvidos e disponíveis no momento certo! 

    à esq. Matuê veste blazer, calça e camisa dod alfaiataria, gravata casa juisi, anéis skull, crayons e julio okubo e sapato ferragamo.

    E poderia contar um pouco de toda a ideia presente na idealização do clipe?

    Exploramos muito a temática da máfia, por isso que puxamos muitas referências de filmes com diferentes olhares sobre o mesmo tema. Tem Os Intocáveis, Peaky Blinders, Scarface, referências a inúmeros clássicos. Até um pouco de Pulp Fiction! 

    Eu adoro filmes, então sempre estou meio nessa pegada. Coincidentemente, quando estava fazendo a música, na época eu estava ouvindo a trilha do O Poderoso Chefão. E por mais que tenha isso de uma forma mais na imagem, essa música fala na verdade dessa revolta nordestina, de sempre se sentir um pouco deixado de lado. De mostrar que o nordeste não é essa roça imaginada por muitos, claro que ela existe, mas existem muitas pessoas inovadoras, artistas, uma cena.

    Esse segundo álbum tem transformado e impactado diretamente o seu estilo… Como tem sido isso? Sinto um amadurecimento, a presença da alfaiataria deixa isso um pouco mais explícito.

    Total, tomei essa decisão conscientemente, de amadurecer esteticamente também. A cena [do trap] é muito feita por jovens, então é até difícil para um artista um pouco mais velho se aceitar dentro dela [ele completa 30 anos em outubro]. Me sinto no auge da minha vida, tanto na saúde, quanto no espiritual, então estou bem confiante neste ‘papel’ de abraçar a minha maturidade, inclusive visualmente.

    Até retornando um pouco a sua relação com o cinema, como foi esse processo? Muitos dos filmes que serviram de referência você já tinha assistido ou foi uma pesquisa complementar? 

    A maioria dos filmes que citei, eu já tinha assistido! Faz parte desse meu estudo, em ‘Quer Voar’, por exemplo, eu fui atrás de filmes com a temática vampiro, que ia desde Entrevista com o Vampiro à Crepúsculo. Mas realmente eu gosto muito de filmes, é raro um filme icônico que eu não tenha assistido. 

    E o que te inspira? Quais são os artistas que cercam o seu imaginário?

    Isso muda muito, de semana em semana eu tenho novos artistas, diferentes tipos de arte que passo a acompanhar ou a pesquisar. Eu brinco que sou um cara acumulador de hobbies. Por exemplo, atualmente, estou bem vidrado em relógios. Sempre quis ter, mas sempre fui um cara que me resguardava nesse sentido. Mas isso varia tanto, mês passado, por exemplo, meu maior interesse era arquitetura. Recentemente olhei muito para o trabalho do Daniel Arsham.  Em outro momento olhei muito para o pixo, o movimento vandal de São Paulo.

    Retornando à moda, fiquei curioso: qual foi a última peça que comprou? Foi um relógio? 

    Sim [risos]. Comprei três relógios: um Daytona, um GMT e um Day Date, todos de ouro rosé. Todos Rolex bem especiais. Já era algo que eu queria há muito tempo [enquanto mostra a tatuagem no braço ‘Rolex Here’]. Mas foi um desejo que eu vinha amadurecendo, sentia que teria algum feito para realizar essa vontade.  E aí, achei que compraria apenas um e, no final, foram três. 

    E aproveitando esse ensejo, tem alguma roupa tem alguma peça no seu guarda-roupa que você tenha um carinho especial ou tenha um significado?

    Eu não sou muito apegado! Mas atualmente eu tenho usado e olhado muito para a Carhartt, eu gosto para o dia a dia e especialmente da qualidade das peças. Gosto dessa estética da marca de ser uma roupa para trabalho, ter começado com essa pegada utilitária.

    Além do álbum super aguardado e desse esperado feat, quais os próximos passos? Tem algum desejo ou projeto que você possa revelar para nós?

    Sinto que estou em uma das melhores fases da minha vida. E sendo assim, claro que tenho vários planos. Acredito que o maior deles seja na produção de eventos, acabamos de fazer o Festival Plantão, que reuniu mais de 20 mil pessoas – algo que planejamos [eu e equipe] repetir ano que vem. Assumo que sou um cara bem nerd, eu curto estudar, entender, consumir diferentes formas de arte, que é algo que sempre tento destacar em cada trabalho.

    Créditos Editorial

    Direção Criativa: 30praum

    Fotografia: Renan Pinheiro

    Styling: Andre Braune

    Beauty e arte : Viny Holanda

    Tratamento de imagem: Henrique Araujo

    Produção Executiva: 30praum

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