Há poucos anos, poucos mesmo, se você perguntasse ou até mesmo fosse indagado sobre a Loewe, veria ou faria uma cara de interrogação. A casa espanhola fundada em 1846 e adquirida em 1996 pela LVMH vivia de um passado discreto e conciso. Estando há 10 anos à frente da direção criativa, Jonathan Anderson a transformou por completo. O desfile de hoje (22.06), que celebra essa primeira década, foi realmente inesquecível.
E quando falamos inesquecível, pode soar bem esquecível para muitos, Jonathan tem um humor bem britânico, é afeito às estranhezas, particularidades e detalhes. Nunca sabemos até que ponto é uma sátira, até que ponto está falando sério e essa é a graça. Seu storytelling é, muitas vezes, fragmentado, o cenário é o melhor exemplo desse modus operandi, com diferentes elementos: uma foto de Peter Hujar, um exemplar de Contra a Interpretação de Susan Sontag, uma escultura de Carlos Scarpa, uma cadeira de Charles Rennie Mackintosh…
As roupas, as roupas desafiavam tudo o que entendemos sobre norma, a casualidade não é casual, o especial se dá de outras formas que não as óbvias. As calças balonê de tricô, os drapeados, dorsos nús, decotes que iam até abaixo do umbigo… Uau!
Na sua imagem final sempre há um toque de fantasia. A sisudez da alfaiataria ganha um toque de cartoon. Jonathan é hoje, sem dúvidas, o criador mais visionário da atualidade. Em suas coleções próprias nos provoca, nas coleções Paula Ibiza (de resort) nos faz sorrir e desejar, nas da Loewe nos faz relembrar porque amamos moda e o poder que as roupas podem ter, pois simplicidade e sofisticação para ele são tão abstratas que se tornam uma coisa só… muito maior.