FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Não conte comigo para entregar Lunga
    Não conte comigo para entregar Lunga
    POR Camila Yahn
    Lunga, personagem de Bacurau vivido por Silvero Pereira / Reprodução

    Lunga, personagem de Bacurau vivido por Silvero Pereira / Reprodução

    Bacurau, filme que estreou no fim de agosto no Brasil após ter vencido o Grande Prêmio do Júri em Cannes, tem muitas virtudes. Uma delas, foco desta matéria, é o personagem Lunga, o temido cangaceiro, fugitivo, fora da lei que vive escondido com mais dois homens. Mas isso é razo para definir Lunga, que também tem as unhas pintadas, tatuagens e é carregado de acessórios. Lunga habita esse lugar onde não há um gênero específico – ele é homem, ele é mulher – e também em uma civilização onde  isso não importa. Ele importa como pessoa.

    O personagem tem sido bastante comentado e até gerou uma série de memes, mas vale falar do ator por trás dele, o cearense Silvero Pereira, um ativista que luta pelo acesso a arte e contra o preconceito que atinge a comunidade LGBTQ+. A ideia dos diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles era de que Lunga seria uma mulher trans, mas Pereira negou-se por respeitar a importância da representatividade. “Se vocês quiserem que seja de acordo com o roteiro original, vão ter que procurar uma atriz trans. Mas se me querem no filme, podemos buscar outras maneiras de realizar. E aí Lunga veio queer”, conta em uma entrevista ao jornal El País. 

    Para construir seu personagem no filme, ele conta que suas referências são “a política de cabresto, o oportunismo político e a falta de assistência. Minha maior referência é uma história vivida na pele sobre falta de oportunidades”.

    Foto: Reprodução

    Foto: Reprodução

    Assim como seu personagem, Silvero é um guerreiro, mas que usa a arte – e não as armas – para lutar contra o preconceito e o medo. Ele também se encontra nesse lugar onde pode ser tudo e refere-se a si mesmo ora no masculino, ora no feminino. Foi com o teatro e com o grupo As Travestidas, que formou em 2008, que passou a entender seu lugar e papel. “Eu não me identifico em nenhum lugar, na verdade. N’As Travestidas, durante algum tempo, eu pensei: ‘será que sou travesti? Será que sou transexual? Será que sou drag queen?’ E ali fui descobrindo que não sou nenhuma dessas coisas. Eu gosto de estar vestido de mulher, de homem. Gosto da minha imagem Cis, travesti e drag queen. Eu não gosto dos encaixotados, mas eu sei da importância das letrinhas [do LGBTQ+] porque a nossa sociedade precisa que as coisas sejam muito claras para reconhecê-las, então a gente vai continuar nomeando para que as pessoas compreendam”, disse ao El País.

    Além do coletivo, Silvero tem um alter ego drag, a Gisele Almodóvar, com quem roda o Brasil fazendo shows. Foi como Gisele que ele cruzou o tapete vermelho do Festival de Cannes e subiu as escadarias do Grand Théàtre Lumière para a sessão de gala do filme, usando o momento para fazer um ato político. “Gisele também sou eu. Desde pequeno me visto de mulher, porém, por medo, sempre me escondi. Em Cannes foi minha maneira de rasgar a camisa com super “S” (de Super ou de Ser Silvero) e mostrar o orgulho de ser quem sou e que ninguém deve ditar como (o outro) deve ser”, disse ao site O Povo Online. Gisele Almodóvar aproveitou para vestir vestido e adereços de dois designers cearenses, Lindemberg Fernandes e Soul Padma.

    O ator viveu a infância e parte da adolescência em Mombaça, uma cidade de 44 mil habitantes no sertão do Ceará. E há dois meses, foi pela primeira vez na Câmara Municipal de Fortaleza para receber o título de cidadão fortalezense. Na ocasião, ele não escreveu discurso, apenas falou: “Sou de escola pública, sou pobre. Sou a caricatura do nordestino que passou fome e sede. Sou bicha, drag queen e artista. E eu acho que sou Brasil justamente por ser tudo isso”.

    Unindo arte a movimentos sociais, ele hoje percebe que há menos preconceito no Ceará. “Temos travestis, transexuais e drag queens fazendo faculdade de artes cênicas e cursos técnicos. Estamos dizendo ‘foda-se o que você pensa, eu vou continuar fazendo teatro, boate e a minha arte em todo e qualquer lugar’. Hoje é possível falar isso em Fortaleza”.

    Memes

    Silvero tinha ficado mais conhecido do público há dois anos, após interpretar a drag Elis Miranda na novela A Força do Querer, da Globo. Mas foi com o justiceiro Lunga que ele conquistou as pessoas e criou uma verdadeira conexão, o que pode ser visto pela quantidade de memes que pipocaram nas redes após a estreia do filme.


    View this post on Instagram

    Salve Lunringa! E você shipa Lunga + Coringa ? Fale aew, quero saber !!!!!

    A post shared by S I L V E R O P E R E I R A (@silveropereira) on

    lunga-meme2

    captura-de-tela-2019-11-12-as-11-21-22

    whatsapp-image-2019-11-11-at-20-17-53

    Não contem comigo para entregar Lunga (entendedores entenderão).

    Não deixe de ver
    Karl Lagerfeld: série que conta trajetória do estilista ganha data de estreia
    Oscar 2024: os penteados mais vistos no red carpet
    Oscar 2024: os melhores looks do tapete vermelho
    Zac Efron e Jeremy Allen White estrelam ‘The Iron Claw’, saiba curiosidades por trás do longa
    Zendaya como co-chair do Met Gala 2024, o novo produto de Hailey Bieber, Ganni à venda no Brasil e muito mais
    Christian Dior nas telas: série ‘The New Look’ já está disponível na Apple TV
    Ayo Edebiri e Rachel Sennott: Conheça o duo pop do momento
    Os primeiros looks de Zendaya na Press Tour de Duna 2
    Esnobada pelo Oscar, Barbie de Margot Robbie e Greta Gerwig ganha livro
    Emma Stone, Margot Robbie, Dua Lipa, Timothée Chalamet e mais artistas brilham no Globo de Ouro