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    FFW x Meio-Fio: Ivana Wonder reflete sobre como transformou suas dificuldades em arte
    FFW x Meio-Fio: Ivana Wonder reflete sobre como transformou suas dificuldades em arte
    POR Redação

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    PELE

    por Victor Ivanon aka Ivana Wonder

    Quando me convidaram para escrever esse texto, fiquei na dúvida sobre o que falar. Fui pesquisar mais sobre a temporada anterior do projeto Meio-Fio e me deparei com alguns questionamentos instigantes: Quais são as experiências que te fazem quem você é e como você reflete isso para o mundo? Isso me fez pensar sobre quem sou eu e quando nasceu o artista em mim.

    Primeiro, e numa esfera crua e pragmática, sou Víctor Ivanon, nascido em Sertãozinho, Nordeste do estado de São Paulo, filho único de mãe professora pública e de pai autônomo, criado em família de extrema direita católica. Mas até aí nada de novo sob o sol. Agora, sobre quando nasceu o artista em mim, acredito que essa seja uma dúvida eterna. Seria um dom? Fui tocado pelos deuses com a chaga da arte? Duvido muito. A resposta mais coerente, a meu ver, é o acaso.

    Por algum acidente do tempo-espaço, nessa minha pífia existência, não abri mão dos meus desejos pela arte. Talvez por ter crescido sozinho, com meus rabiscos e esculturas de massa de modelar, rodeado de tintas e personagens imaginários que me tiravam dessa solidão de filho único, sem primos ou qualquer amigo mais próximo.

    Foto: Fabiano Rodrigues / Cortesia

    Foto: Fabiano Rodrigues / Cortesia

    Ao escrever isso, consigo ver o lampejo do nascimento desse meu ser melancólico como artista (e aqui não estou falando apenas de Ivana Wonder). Crescendo nesse vale de lágrimas (me perdoem o exagero), criei meus mecanismos para driblar a tristeza — que não necessariamente se justifica pela solidão. Depositei tudo nos únicos bens que eu possuía: a arte, a inspiração, a criatividade, o dom (mas podem chamar como quiserem). Essa foi e é a minha válvula de escape. Arranco da minha carne toda essa melancolia e a transformo na minha arte.

    É como diria Victor Hugo: “a melancolia é a felicidade de estar triste”. Acredito que reflito para o mundo, através do meu trabalho, que não precisamos ignorar o que há de ruim ou triste em nossas vidas, precisamos transformar. Pois, nas palavras de Antoine Lavoiser, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.

    *Victor Ivanon (aka Ivana Wonder) é designer, drag queen, performer, artista e um dos personagens mais interessantes da noite paulistana

    Para saber mais, siga o Instagram do @meiofio e @ivanawonder

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