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    FFW x Meio-Fio: Maurício Ianês escreve sobre a produção do sensível
    Mauricio Ianês em foto de Vivi Bacco
    FFW x Meio-Fio: Maurício Ianês escreve sobre a produção do sensível
    POR Redação
    Mauricio Ianês em foto de Vivi Bacco

    Mauricio Ianês em foto de Vivi Bacco


    Por Maurício Ianês

    Já faz algum tempo que tenho direcionado minha pesquisa artística (se é que posso chama-la de “minha”, já que abandonar a ideia de uma pesquisa pessoal e individual é essencial para a pesquisa, deixando de lado assim a ideia de propriedade) para campos de criação que funcionem de forma a desmontar as hierarquias e limites existentes no campo da arte, propondo, com maior ou menor risco e consequentemente com maior ou menor acerto, situações performáticas que tirem o artista da posição exclusiva de propositor-emissor e os envolvidos da posição de espectadores-receptores e que possam criar uma redistribuição dos meios de produção do sensível. São situações de tentativa e erro, mas o mais importante é trabalhar com a potência emancipatória que a arte pode, ou não, ter na sociedade. Qual o papel de nós, artistas, na transformação da sociedade, da arte e sobretudo do mercado da arte?

    Ao ser convidado para dar acompanhamento ao grupo de artistas selecionados para o projeto Meio-Fio, percebi que o desafio seria grande, mas de extrema relevância para colocar em prática o que muitas vezes ficou só na teoria. Como então trabalhar com pessoas de áreas, origens e lugares de ação diversos, auxiliá-las, mas não criar desta forma uma posição de poder centralizada? Ao me deparar com os trabalhos das artistas selecionadas e conhece-las pessoalmente, percebi que tudo já estava articulado: cabia a mim escutar. Escutar e amplificar, através das minhas ações, os trabalhos delas e, sobretudo, proporcionar novas formas de articulação criativa entre elas para que neste encontro fosse gerada uma potência de transformação das nossas vidas e da experiência de viver em uma cidade como São Paulo. É importante perceber também que falamos da cidade de São Paulo como se fosse uma entidade autônoma, orgânica, uma quimera indomável; no entanto são essas artistas, junto com toda a população da cidade, que criam a cidade de São Paulo diariamente através de suas vivências. O projeto Meio-Fio procurou assim amplificar e solidificar, sem o recurso de categorizações sedimentadas, estas vivências, de modo horizontal e transparente.

    Precisamos repensar os códigos da arte e seu lugar na sociedade, começando por equalizar práticas sensíveis distintas: moda, artes plásticas, poesia, dança, festas, etc. Não tenho aqui a ambição de afirmar que o resultado será transformador de fato, falo também de um lugar de risco, mas tenho a ambição de que estas artistas ocupem os lugares de privilégio antes reservados a profissionais como eu. O risco não é pequeno: um descuido poderia transformar nossos esforços coletivos em mais uma ação empresarial que mercantiliza subjetividades, vivências e práticas estéticas. Espero que isto não aconteça, mas sobretudo espero que este seja um primeiro passo para que um novo mundo seja possível, para que um novo mundo seja imaginado e, sobretudo, realizado.



    A Mostra Meio-Fio 2017 acontece neste sábado (16.12), a partir das 16h, no Teatro Oficina. A entrada é gratuita, para todos, sem lista e sem drama. Para acompanhar o que os participantes do Meio-Fio estão fazendo, siga a gente no @meiofio.

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