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    Vida de coisas boas
    Vida de coisas boas
    POR Camila Yahn

    Semana de aniversário e me pediram para colocar aqui as coisas que me inspiram. Bom, tem muita coisa, não caberia aqui e eu mataria vocês todos de exaustão, mas, mais do que me inspirar, essas coisas, obras, lugares, filmes e pessoas não me cansam jamais e sempre fazem meu olho brilhar ou, ao menos, me dão força e ideias. Uma lista rápida, feita sem pensar muito, colocando as primeiras coisas que me vieram à mente, mas que estão sempre comigo ao longo dos anos.

     “Why I Never Became a Dancer”, de Tracey Emin – Eu gosto muito do trabalho dessa artista britânica e já vi várias exposições dela, mas foi o filme “Why I Never Became a Dancer”, que vi no Tomie Ohtake, sua obra que mais me marcou. É o grito da vitória de Tracey, sua revanche a um grupo de meninos que zombou dela em um concurso de dança. O filme mostra a adolescência da artista e o enfrentamento do tédio em uma pequena cidade inglesa. Vemos a escola que frequentou, o lugar onde morava, sua iniciação sexual e a frustração com os meninos. Vou contar o final, já que ele não está disponível online: o curta termina com Tracey dançando da forma mais livre possível, ao som de “You Make Me Feel (Mighty Real)”, de Sylvester, só que desta vez, já consolidada como artista e sem dar a mínima para o que os outros vão achar.


    Ryan McGinleyFotógrafo americano que capta a diversão de uma juventude que vive sem medo; suas fotos expressam liberdade.


    Sofia Coppola – Adoro a luz, o casting e a trilha sonora. Desde seu primeiro filme, ela já impôs seu olhar, seu universo e é uma das melhores combinações contemporâneas desses três elementos. Meu preferido é “Lost in Translation”. Tóquio, Scarlett ainda fresca e Jesus and Mary Chain.


    As criançasSão essas criaturinhas que me dão fôlego e acolhimento, me fazem esquecer das situações chatas e me recebem na porta diariamente fazendo uma festa como se não me vissem há meses. Cada dia é um novo dia.


    O MárioUm dos maiores professores que já tive. Com ele, aprendi a escrever melhor, a pensar melhor, a dominar a preguiça, a entender tudo, a enxergar melhor mesmo.

    Trilhas do Wes Anderson – Ele coloca a música perfeita no momento perfeito. Apesar de ser essa a função de uma trilha cinematográfica, poucos realizam essa parceria com tanto sucesso. O curta “Hotel Chevalier”, que antecede “Viagem a Darjeeling”, com Natalie Portman e Jason Schwartzman ao som de “Where do you go to my lovely”, de Peter Sarstedt, é imbatível. Pega a partir do 10m37s.

    Stella McCartneyUma das estilistas mais importantes do cenário atual. Vive sob uma pressão gigante, como marca integrante do Grupo Gucci; mora entre França e Inglaterra, viaja o mundo a trabalho, abertura de novas lojas e parcerias. E quando a gente conversa com ela, é super calma, equilibrada e focada. Ah, esqueci de falar que tem quatro filhos e um casamento estável. Como ela consegue?

     

    Vanessa Beecroft – Quem me apresentou a essa artista italiana foi minha amiga Erika Palomino. Desde então, tive a oportunidade de ver algumas de suas performances e me deliciar com seus livros e muitos ensaios de moda que são inspirados em sua obra. Suas mulheres seminuas, de meia calça e salto alto, são adoradas pela moda, mas seu trabalho é muito mais profundo e provocador, e fala sobre identidade, liberdade e a complicada relação da mulher com seu corpo.

    O documentário “José e Pilar”– Chorei do início ao fim. O filme trata do encontro de Saramago com a jornalista espanhola Pilar Del Rio. Que amor que ele tinha por ela, meu Deus. Que homem grande a gente descobre, muito além dos livros, muito além do Prêmio Nobel. Ele diz assim para ela: “Se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria muito mais velho do que serei quando chegar a minha hora”. No final, quase que sentindo sua própria morte, Saramago ainda fala, em uma filmagem só com ele, em um lugar inóspito e com um vento forte e neblina: “Pilar, nos encontramos de novo em outro sítio”. Afe.

    Alexander Mcqueen e John Galliano – Representam uma era na moda que não existe mais. Desfiles de Galliano, como o inspirado na Índia e em Leigh Bowery (Verão 2003), enchem a passarela de propostas novas e ousadas, são impactantes e mostram como os grandes gênios da moda conseguem transformar uma inspiração em uma apresentação inesquecível de roupas. O mesmo acontecia com McQueen, um grande contador de histórias. Tudo bem, na maioria das vezes esses desfiles davam um nó na cabeça dos compradores, mas criaram imagens que ficam para sempre na história da moda.

     

    “Gold Thread”, Lygia Pape – Quase caí para trás quando entrei na Bienal de Veneza, em 2009, e me deparei com essa obra, que abria o pavilhão principal. É de uma delicadeza e de uma beleza impressionantes. Fora a técnica e o perfeccionismo, a iluminação. Para mim, é a coisa mais linda que Lygia Pape fez.


    Rem Koolhas: um dos arquitetos mais importantes no mundo hoje, ele pensa o futuro da humanidade, o impacto do caos, do capitalismo e da tecnologia nas nossas vida, hoje e amanhã.

    “O Poderoso Chefão”-  Vejo há anos, em DVD e quando passa na TV, e nunca me canso. Foi incrível para a época e é incrível até hoje; como direção de ator, cenografia impecável, o clima tenso, as surpresas. Fora que: o que é o Al Pacino jovem, hein?? I heart Michael Corleone.

    “Dolls”, de Takeshi Kitano – Para mim, está entre os figurinos mais maravilhosos do cinema, que ainda é destacado por uma fotografia deslumbrante e uma direção de arte impecável.

     

    Nick Knight: Por levar a fotografia sempre um passo à frente, por inovar, ousar e quebrar barreiras. Quando não tinha mais o que fazer nas revistas e na publicidade, em 2000, abriu um site que ele chamava de “moving image”, o Showstudio, já apostando nos filmes que seriam uma evolução da fotografia de moda. Hoje, o nome Showstudio vem acompanhado do slogan “the home of fashion film”.

    + Assista a um vídeo do Showstudio

    Cathy Horyn/Vanessa Friedman: As editoras de moda do “NYT” e do “Financial Times”, respectivamente, são jornalistas exemplares. Não são pautadas pelo hype, parecem incorruptíveis, escrevem muito bem, fazem análises sérias sobre a indústria da moda, não têm medo de dizer a verdade, são também ótimas reporteres, com um acesso absurdo conquistado pela sua seriedade.

    Inhotim: Um dos lugares de arte contemporânea mais especiais do mundo, que mistura obras de arte com obras da natureza. Paisagismo com arquitetura, pintura, instalações e fotografia. Encho a boca para falar que esse lugar fica no Brasil.

    E muito mais: Miranda July, Nan Goldin, Marie Amelie Sauvé, Ezra Petronio, Alexandre Herchcovitch, Paolo Roversi, Ronaldo Fraga, Bjork, Sanaa, Alcino Leite Neto, Iran Ahmed, Jurgen Teller, Joyce Pascowitch, Tarantino, Beatriz Milhazes, Sesper, Londres, Paulo Martinez, Flavio Samelo, Siena, Nelson Leirner, Guy Bourdin, MM Paris, Peter Doig, Godard, Cure, Dia Beacon, Meisel… Uma hora tenho que parar, né?

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