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    Dizem que sou louco…
    Dizem que sou louco…
    POR Redação

    Ney Matogrosso e Felipe Morozini

    A editora de uma revista me liga numa manhã cinza, como tantas outras em São Paulo, e me convida para fazer um retrato de Ney Matogrosso. Aceito na hora sem perguntar data nem cachê. Ney fez parte de minha vida. Explico.

    Minha mãe, como tantas outras mães, amava esse homem com H maiúsculo. Passávamos horas ouvindo os LPs, cantando, e eu, sempre dançando.

    Assistíamos aos programas com performances para lá de ousadas para a época e lembro-me do sorriso de alegria e diversão de minha mãe. Um homem semi-nu na TV, cheio de penas, plumas e pinturas psicodélicas no rosto.

    Depois, no colegial, escrevi uma peça para a Semana de Talentos do colégio. Falava das relações entre as pessoas, meio um musical… e chegava um momento em que eu colocava fogo numa estrutura atrás do palco e começava a tocar “Rosas de Hiroshima”, cantada por Ney, e entravam meus amigos vestidos metade de preto, metade de branco,  despetalando rosas na platéia… e terminava com “Wish You Were Here”, do Pink Floyd.

    Quando acenderam as luzes todas as freiras estavam chorando, emocionadas. E lembro da voz do Ney e das crianças telepáticas, das mulheres alteradas e de todos os meus amigos.

    Mas vamos aos fatos.

    Chego ao hotel onde ele estava hospedado, nervoso e ansioso, porque sou ansioso mesmo.

    Seguimos para o bar do hotel para a entrevista antes das fotos. Sento bem perto em silêncio. E fico atento a todas as perguntas, mas principalmente a todas as respostas.

    E foram duas horas de assuntos dos mais diversos, de política a sexo, de drogas a idade. Todos deixaram Ney falar. Porque mesmo pequeno e esguio, ele ocupa espaço e fala.

    Nas praias de Ipanema se roçando com Cazuza, quando Cazuza ainda nem era Cazuza. Na ditadura na rua Augusta quando foi interceptado pela polícia. Na Bahia tomando ácido com os baianos e assumindo os pecados porque os ventos do norte ainda não moviam moinhos. Jurou mentiras e seguiu sozinho nos seus caminhos tortos só por causa do seu sangue latino.

    Hora das fotos: silêncio de novo.

    Através da lente eu fixava meu foco em seus olhos e os meus olhos não acreditavam na distância entre nós. Tudo muito rápido. 45 fotos. 18 minutos. Já tinha a foto que eu precisava.

    Mas faltava uma.

    Eu e ele.

    Para eu enviar para minha orgulhosa mãe, uma verdadeira mulher de Atenas, a foto de seu filho com esse cabra macho. Porque se correr o bicho pega e se ficar o bicho come.

    Felipe Morozini é fotógrafo, cenógrafo, entre outros talentos…

    Leia sua primeira coluna para o FFW 

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