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    Marco Berger, expoente do cinema LGBT
    Marco Berger, expoente do cinema LGBT
    POR Augusto Mariotti

    Por Tino Monetti, em colaboração para o FFW

    O cineasta Marco Berger, em entrevista ao FFW ©Tino Monetti

    Gay assumido e sem o menor problema para falar abertamente sobre sua sexualidade, o diretor argentino de cinema Marco Berger pode ser considerado um dos maiores talentos da atualidade e de sua geração. Aos 34 anos, o cineasta de Buenos Aires descendente de noruegueses vive um dos momentos mais promissores de sua carreira e não pensa em parar tão cedo.

    Berger estreou na tela grande com “Plan B” (2009), filme que conta a história de um garoto hétero que, para reconquistar sua ex-namorada, decide seduzir o atual parceiro da garota. Seu debut, aclamado pela crítica e público, lhe deu reconhecimento e espaço para o segundo longa-metragem, “Ausente” (2011), vencedor do maior prêmio do cinema LGBT no mundo, o Teddy Awards, concedido pelo Festival Internacional de Cinema de Berlim.

    Atualmente, o diretor – que começou com curtas-metragens como “El Reloj” — está buscando uma nova forma de produzir suas obras. Seu terceiro longa, “Hawaii”, será totalmente financiado via Kickstarter, um dos maiores sites de crowdfunding da internet. O projeto, que conta com Manuel Vignau (um dos protagonistas de “Plan B”), aborda um reencontro entre dois amigos de infância que acaba se tornando uma relação de amor e poder, com forças medidas a todo momento.

    Durante sua estadia em Montevidéu para participar como jurado da 6ª edição do Festival Internacional de Cine Llamale H, Berger respondeu nossas perguntas sobre seus primeiros trabalhos, os projetos atuais e também os sonhos do passado e do futuro, assim como o intenso mercado mundial do audiovisual.

    (Para conhecer o novo projeto de Marco Berger, “Hawaii”, e contribuir com sua empreitada, clique aqui)

    Para começar, por que o cinema?

    Eu comecei a estudar, ou melhor, a me interessar por cinema porque gostava muito de ver filmes e sempre tive a sensação de que eu podia contar histórias, que eu tinha essa capacidade de criar universos. E comecei pelo teatro. Estudei nove anos com a fantasia de que eu poderia ser ator – e aí entrar no cinema – mas no meio do caminho percebi que o mais lógico era ir direto. Pensava que eu poderia estrelar meus filmes, mas depois essa fantasia se desfez.

    Tanto que, no seu primeiro filme, você atua, certo?

    Sim, no primeiro curta. Mas neste caso foi quase por necessidade, eu não conseguia um ator para o papel e era como uma forma fácil de resolver. Como era uma ideia estranha, eu não sabia se alguém iria aceitar. Então, escalei um ator amigo meu e eu. E depois daí não atuei mais. Só em “Plan B” que eu faço um cameo em uma cena em que os personagens estão vendo uma série de TV da qual eu faço parte.

    Quando aconteceu a mudança definitiva do teatro para o cinema?

    Aos 24 anos, eu já tinha feito muitos castings, e me cansei deste mundo, eu não me interessava por muitos dos papéis, fiz um piloto para um programa que não gostei… Enfim, comecei a perceber que a atuação não era para mim e a levar mais a sério a ideia de fazer cinema. Pensei que poderia não funcionar, mas eu queria tentar, ver o que acontecia. Fui para a Noruega querendo estudar lá, não consegui, mas recebi uma bolsa e um empréstimo para estudar cinema na Argentina.

    Pôsteres de “Plan B” e “Ausente” ©Divulgação

    Quais foram as maiores lições que você teve com seus primeiros filmes?

    Sinto que sempre aprendo mais vendo filmes de outras pessoas, o cinema feito por outros. Fazer cinema é um exercício, então acho que aprendi pouco sobre mim filmando. Porém vejo que aprendi muito vendo cinema, tentando me aprofundar em seu mecanismo. Com “Plan B”, o que mais aprendi foi a reconhecer a possibilidade de ter uma ideia na cabeça e concretizá-la. Isso mudou tudo e foi o que mais aprendi. Acho que também aprendi mais sobre o ritmo (cinematográfico), levar uma história adiante com foco no tempo da narrativa. Já com “Ausente”, o que aprendi mais foi me arriscar, já que era um filme super estranho. Aprender a me entusiasmar com isso e ver o que sai daí. E aprendi que funciona. De certa forma, acho que me tornei menos popular com “Ausente”, no sentido de agradar o público. Porém, aprendi que o cinema é individual, feito para você mesmo, e que ajuda ser honesto com o que se quer contar. Aprendi a evitar cair em uma fórmula. Em “Plan B”, havia uma fórmula de sucesso, que eu poderia ter repetido, usado em outro filme, mas o que eu queria de verdade era tentar algo novo.

    Em relação aos filmes, como foi sua experiência com os festivais internacionais de cinema, com os prêmios? Até que ponto eles importam e até que ponto você filma pensando nisso?

    Está bem, é algo que sempre está nos cineastas, mas que não se pensa muito, porque senão é muita pressão na obra. Não dá para ficar pensando se vai entrar neste ou naquele festival… No princípio, é normal querer que o filme tenha visibilidade, para conseguir mais ajuda e filmar o segundo longa e poder ficar um pouco mais tranquilo no meio disso. Só que depois, é preciso se esquecer disso, tirar da cabeça, porque é torturante. E especulativo. É o que disse antes, é preciso ser honesto, filmar o que se quer e esperar o melhor. Claro que posso dizer que sou muito agradecido aos festivais e prêmios. Quando “Ausente” ganhou o Teddy Award (prêmio para o melhor filme LGBT do Festival de Berlim e o mais importante do mundo dentro do segmento), foi genial. Sendo sincero, eu não esperava ganhar. Talvez sim com “Plan B”, quando entrou no festival, porque era um filme mais “redondo”. Já “Ausente” era mais esquisito. Entendi, quando me deram o prêmio e a explicação, que o que se estava premiando aí era exatamente o risco que corre o filme. De qualquer forma, o que posso dizer é que a experiência dos festivais e a exposição que sofremos são muito fortes. Fazer cinema tem um lado positivo e um negativo, como tudo. O positivo é exatamente compartilhar sua história com o mundo. E o negativo talvez seja essa superexposição. O que normalmente as pessoas veem como o lado bom, que seria a fama e a divulgação, acaba sendo o mais asfixiante muitas vezes.

    Qual é a ideia por trás de “Hawaii”, seu novo projeto? Como você o vê?

    O projeto nasce, antes de tudo, pela vontade que eu tinha de me autoproduzir e não ter que depender tanto de pessoas externas ao filme. Quando faço um filme, crio um produto, uma obra de arte, mas é uma obra de arte que tem um mercado, e que vale muito dinheiro, que tem um sistema por trás muito intenso. Muitas vezes, eu pensei que como diretor seria mais fácil, que eu teria mais dinheiro, e este lado é complicado. As minhas economias não tinham um equilíbrio, independente do que acontecia com os meus filmes. E assim veio a ideia. Já que hoje existe o crowdfunding, e que no meu caso as pessoas que gostaram de “Plan B” e “Ausente” podem contribuir e ser parte do novo filme também, para mim, o maior benefício que tenho é ser dono de minha própria obra, ter todos os direitos… Se ganho uma grana com esse filme, fica mais fácil filmar meu próximo projeto e consigo me gerenciar. O principal é isso: estabelecer uma plataforma que me permita ter mais poder de decisão sobre meus filmes, decidir o futuro dele. Pode ser que não dê certo e eu nunca mais queira produzir, mas quero tentar, me arriscar novamente. Deste filme, acho que tirarei muitas lições. O melhor desta oportunidade é aproximar o criador e sua obra porque no cinema, que é tão caro, normalmente, os dois ficam muito separados.

    Como as pessoas podem te ajudar com “Hawaii”?

    Há duas formas. Penso que a primeira é que, as pessoas que gostaram dos meus filmes anteriores, podem contribuir financeiramente. Acho que a identificação com a minha filmografia é um bom motor para o projeto. Mesmo que o aporte seja mínimo, porque se muitas pessoas ajudarem com pouco, conseguimos alcançar o montante. A segunda forma de contribuir é apresentar o projeto para outras pessoas que possam ajudar; seria a divulgação em si.

    O vídeo divulgado por Marco Berger no Kickstarter, em que ele fala sobre o projeto e mostra o teaser de “Hawaii”:

    O que você pode nos adiantar de “Mariposa”, uma co-produção com o Brasil e também um projeto seu?

    “Mariposa” foi o segundo filme que escrevi, logo depois de “Plan B”. Filmei “Ausente” antes porque “Mariposa” é um filme encomendado. Os produtores estavam animados com o sucesso de “Plan B” e acreditavam que eu tinha que fazer um produto maior. Neste momento, ainda não me importava em ser produtor dos meus filmes, apenas queria participar criativamente. Escrevi então “Mariposa”, um filme muito maior, muito mais complicado de realizar. O que aconteceu foi que o dinheiro não veio assim tão fácil e apareceram as dificuldades de fazer um projeto tão grande tão rápido. O que eu não queria era perder tempo e sentia que ficaria três ou quatro anos sem filmar entre um e outro. A ideia de fazer um filme grande era deles, dos produtores, de ter uma obra bastante comercial, mas eu não tinha essa inclinação, o que gosto mesmo é de filmar. Como diz Michel Gondry, eu acredito mais na qualidade do que na quantidade. Para resumir, “Mariposa” é isso, um grande projeto que foi atrasando. Agora ele começa a andar, conseguimos essa co-produção com o Brasil, temos apoio do INCAA (Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales), mas ainda não temos uma data certa de lançamento.

    Você tinha me contado antes que assiste muitos filmes, uma média de dois a três por dia. Do que você gosta no cinema de hoje? Existe algum filme que te marcou tanto que você gostaria de ter feito?

    Eu gostaria de ter feito todos os filmes de Kim Ki-duk, eu o vejo como um gênio. Há filmes dele que fico pensando horas em como ele pensou nisso. O bom de tê-lo como referência, para mim, é não cair nessa armadilha do cinema do êxito, da fama e do lugar imóvel dentro deste universo. Não me interessa ser um Maradona do cinema. Não dá para comprar essa ideia da massividade, do Oscar, que permeia todo o universo audiovisual. Vejo que Kim Ki-duk, apesar do reconhecimento, ainda faz os filmes que gosta, que quer, independente dos altos e baixos do mercado cinematográfico. Quero isso para mim: tirar a pressão de conquistar a massa, o público, e apenas fazer o que gosto.

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