Reciclagem de idéias
Além de poder ser arte, moda comunica valores. E seja para criadores ou consumidores, o mundo agora é entendido de outra maneira.
Inspirar novas reflexões é a essência da moda contemporânea, exatamente por ser capaz de atender ao nosso tempo e responder às suas mudanças, aos seus cruzamentos de linguagens. Ainda mais quando o tempo já não é só hoje, e o lugar já não é só aqui.
Moda e arte coexistem em um tipo de nova filosofia visual, uma evolução harmônica, que, com seu “pacote” estrutural, funcional, e intencional, já marcou rompimentos significativos, e continua com o poder de instigar novos pensamentos.
A arte é um recurso maravilhoso e infinito. Estilistas – desde sempre – “brincam” com o mundo das artes, assim como artistas expressam seus conceitos do vestir, popularizando a arte, e desmistificando a futilidade da moda. E o resultado disso, pode perfeitamente ser mostrado em um desfile padrão ou em uma galeria.
Pietro Maria Bardi, é um adorável exemplo disso; para a inauguração “escandalosa” do MASP, em 1947, trouxe modelos de Paris, que desfilaram roupas Christian Dior, e uma criação exclusiva de Salvador Dalí para a mulher de 2050, todo trabalhado com drapeados surrealistas. Bardi afirmou depois, que não tinha sido nada fácil convencer investidores da sua idéia, “mas queria mostrar que a moda entra na arte. A moda é a vida, é uma impressão de arte, a primeira coisa que se vê numa pessoa, e, às vezes, nossa única obra de arte cotidiana”, e que tinha apresentado as roupas Dior como um quadro, uma escultura.
Para Chanel, criar moda era uma profissão [ou seja, nada de brincadeiras]; mesmo assim, se rendeu ao surrealismo, ainda que timidamente. Para Elza Schiaparelli, [que fez de Dalí seu parceiro na criação da “Moda surrealista”, e idolatrou o trabalho de Magritte], era uma arte. Antes, Gustav Klimt já mostrava suas mulheres vestidas de forma original/“irreconhecível”.
Mais tarde, Pierre Cardin, Karl Lagerfeld, Vivienne Westwood e muitos outros uniram moda e arte. Por aqui, mentes ágeis como Hélio Oiticica e Leonilson passearam pela moda, e Zuzu Angel passeou pelas artes.
Arte pode ser moda, e moda pode ser arte, desde que os olhos as vejam, e os corações as sintam como tais. Deixando diferenças e divergências à parte, vale muito a pena seguir o conselho de Elza Schiaparelli: “faça o melhor de si, e acima de tudo, divirta-se”.
@ecostylemonica
-> Olha o que alguns artistas/estilistas brasileiros geniais mostraram no SPFW:
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