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    O ecostyle de Ricardo dos Anjos
    O ecostyle de Ricardo dos Anjos
    POR Augusto Mariotti

    Foi uma sorte ter encontrado Ricardo dos Anjos no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte. Embarcamos no mesmo voo pra São Paulo e prozeamos sobre o quanto ele arrasou na coordenação da equipe de beleza do Minas Trend Preview. Como tivemos tempo, ele me contou tudo… olha só:

    Foto: Cael Horta

    Me conta da sua participação no Minas Trend Preview?
    Pra mim é sempre incrível, porque é uma experiência vir pro Minas Trend. Eu trabalho com a equipe daqui, então a gente acaba tendo que se esquematizar melhor; aqui os face charts fazem mais sentido porque acaba sendo um guia pra eles. Como acontece muita coisa ao mesmo tempo, são três desfiles por bloco, eu preciso de atenção pra não maquiar uma menina com a beleza do outro e tal, então a gente se calça com os face charts.

    Como você montou a estrutura de trabalho?
    Era uma equipe de vinte e cinco pessoas, e a gente dividia os desfiles. Na verdade a gente não fazia um desfile, e depois outro, depois outro… no fundo é como se fosse um só. Eu tinha dois encarregados além de mim, que eram o Rafael Melo e o Fabio Nogueira. Então, como eram blocos de três desfiles, eu ficava com um, o Fabio com outro, e o Rafa com outro, e aí a gente comandava a finalização disso: depois que veste, ir lá finalizar o cabelo, por batom, aplicar o blush… É bom fazer aqui sabe, porque a noção que a gente tem é de grandeza, de um evento com um time maior, como o SPFW e o Fashion Rio, que acaba tendo ali 4 horas só pra aquele desfile e tal; aqui não, aqui você tem 4 horas pra fazer três. Mas é muito bom.

    A definição da estética de cada desfile acontece como?
    A gente tem uma reunião um mês antes, com todos; aí eu volto pra casa com o que eles me trouxeram de informação, “olha é isso, minha inspiração é tal, pensei nisso, fui a tal lugar”, e aí, dentro daquilo, eu tento seguir o caminho junto, mas sempre colocando algo de preview, porque já que a gente tá falando de uma outra estação, eu gosto também de pegar o que vem de beauty na outra estação.

    Mary Design e UMA | Fotos: Agência Fotosite

    O que te inspirou?
    Sempre procuro achar uma palavra pra identificar a beleza da temporada, e o que a gente quis passar dessa foi a “descontrução”, que era a desconstrução da cor, desconstrução do penteado, fazer coisas sem o uso de pente, escova e spray, então a gente tinha muito cabelo que era executado natural mesmo, preso com grampo sabe, ou só trançado, pra trazer um pouco mais pra realidade das coisas da passarela, que sempre parecem muito distantes né, “ai, mas onde vou usar aquilo”, “como vou fazer isso”…
    Tinha muita beleza só de textura, sem intervenção de cor nenhuma; então a gente usava pele mais seca com gloss no olho, um batom mais cremoso na boca, mas isso tudo em bege ou transparente, pra realmente mostrar essa coisa de desconstrução sabe, então, “como vou fazer uma beleza sem cor? Dá pra fazer”.

    Que tipo de pesquisa você faz?
    Me calço com isso assinando sites de referência; eu tenho parceria grande com o Stylesigth – a gente faz uma troca, eles me mandam os forecasts e me dão acesso a tudo que é novo de tendência, e eu devolvo pra eles isso mastigado, com cara de Brasil. Enfim, eles estão entrando agora nesse mercado. Pra você entender um pouquinho: como já existe há algum tempo em outros países, Londres, Espanha e Estados Unidos (e algum outro que eu não lembro), eles já tem coisas que acontecem nesses países pra suprir o site, e o Brasil já é mais novo né, e aí eles acabam montando o forecast com beautys que a gente cria aqui, baseados no que eles dão de referência. Isso ajuda muito.

    Você cria e eles aceitam, ou te passam uma sugestão?
    Aceitam. As marcas de São Paulo são mais determinadas. Elas já estão acostumadas a saber exatamente o que é, a maioria já tem acesso a esses sites de tendência, então elas já vem mais encaminhadas. As daqui (MG) já são mais receptivas, gostam que ajude; raramente alguma marca daqui falou “isso não” ou “aquilo não”, eles sempre estão felizes até sabe, de “olha, ele criou isso pra gente”. Eu amo né, de ver que a pessoa fica contente com aquilo. Mas é muito fácil também, até quem já tem opinião mais formada, entende, procura ouvir, e se não entende na hora, depois volta e diz “olha você falou aquilo, eu fui pesquisar, e não é que é mesmo?!”, sabe, eles vão atrás, e isso é bom.

     

     

    Falando agora em sustentabilidade estética. Como ela vai chegar no seu trabalho… você acredita que vai ter alguma diferença?
    Eu acredito que essa estética mais limpa, clean, já é uma pegada sustentável sim.

    Talentos do Brasil e Maria Garcia | Fotos: Agência Fotosite

    Você acha que a estética vai ser influenciada mesmo?
    Ah, eu acredito sim, acredito. Acho que a gente vai deixar de ter tingimentos mirabolantes, acho que tudo vai ficar mais natural, com certeza.

    Você pensou nisso, em termos de tendência, quando criou o conceito agora?
    Um pouco sim, porque eu pesquiso mais áreas do que a minha mesmo, às vezes minha inspiração sei lá, veio de uma coisa de arquitetura de um lugar que eu visitei, e dali eu tiro um traço e penso “puxa, mas ali pode ser um delineador e tal”, então da mesma forma… eu acho que essas marcas tem captado isso, essa ausência de cor nas coisas, pra mim, já é um ponto sustentável.

    Você parece ser bem engajado no seu dia-a-dia…
    É, eu tenho cuidado com o lixo sabe, tenho cuidado com as coisas que eu faço. Os face charts eu tento produzir com material que eu já tenha usado, então dificilmente aquele face chart eu arranco e jogo fora, uso lado avesso… é uma questão até de economia sabe. Hoje a gente pensa mais antes de ir lá e arrancar uma folha do caderno e jogar fora, porque errou uma palavra… antes isso era tão natural né? Hoje não dá mais pra fazer isso, vira a página, passa um correto lá e continua escrevendo. Eu sempre fazia os face charts pintados, desenhadinhos, e dessa vez eu fiz com colagem, porque na prova eu já preciso fazer uma foto, pra olhar luz, reflexo… e depois essa foto era descartada; dessa vez eu aproveitei essa foto, recortei a foto, fiz uma colagem com ela… e todo mundo falou: ah, mas cadê o desenho? Gente, sustentabilidade! Não dá pra gastar essa folha só no desenho, essa foto já foi feita, agora a gente recorta, monta o face chart com ela mesmo… então eu procuro fazer a minha parte; sei que não adianta muito, mas pelo menos aqui, no meu raio de um metro em volta vai adiantar, entendeu? Se todo mundo pensar assim né, o meu metro com o seu vira dois, com o dela três, quando ver virou um negócio gigante.

    Fernando Pires e Patrícia Motta | Fotos: Agência Fotosite

    www.ricardodosanjos.com

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