O arquiteto português Eduardo Souto de Moura
Foi anunciado nessa semana que Eduardo Souto de Moura ganhou o Prêmio Pritzker de 2011 . O Pritzker é o prêmio mais importante da arquitetura mundial, o “oscar da arquitetura”.
Entre os vencedores estão arquitetos como Tadao Ando, Zahad Hadid, Frank Gehry, Norman Foster, Rem Koolhaas e os nossos Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha.
É a segunda vez que um arquiteto português vence o prêmio – o primeiro foi Alvaro Siza, em 1992, com quem Souto de Moura trabalhou durante cinco anos e de quem é vizinho e amigo na vida real. Eles trabalham no mesmo prédio, desenhado por Siza, e moram, um em cima do outro, no mesmo prédio, projetado por Souto Moura.
A ata do júri do Pritzker diz: “Durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura produziu um corpo de trabalho que é do nosso tempo, mas que também tem ecos da arquitetura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a sutileza, a ousadia e a simplicidade – ao mesmo tempo”. Siza, brincando, disse: “é bom ter um Pritzker como vizinho”.
O arquiteto é um dos grandes representantes da Escola de Arquitetura do Porto, que buscou seu caminho na arquitetura tradicional portuguesa. Na época em que o mundo só falava do Pós-Modernismo, os portugueses optaram por se conectar à arquitetura moderna no seu sentido mais puro, e acrescentaram a isso a essência de sua arquitetura tradicional, criando um traço sólido, que se mistura na paisagem e no terreno e que parece emergir da terra.
Um dos primeiros projetos dele que foi publicado, foi uma casa em Moledo desenhada apenas com uma cobertura que paira sobre dois muros incrustados na montanha. Um verdadeiro abrigo dentro das pedras e da paisagem.
Casa em Moledo
Casa em Moledo
Muito conhecido também é o estádio de futebol da cidade de Braga, com as arquibancadas abertas para uma grande colina rochosa.
Estádio de futebol
Estádio de futebol
Foi Souto e Moura também quem projetou a casa do cineasta português Manoel de Oliveira, na Cidade do Porto.
Casa de Manoel de Oliveira
Este prêmio deixa todos nós, arquitetos brasileiros, muito contentes. Mais uma vez uma arquitetura que prima pela racionalidade e pela simplicidade venceu, mostrando como se pode produzir boa arquitetura sem fazer muito barulho.
Marina Acayaba, 30, é arquiteta e sócia do escritório AR.q, que ela divide com o marido, também arquiteto, Pablo Rosemberg. Uma vez ao mês publica uma coluna neste canal, em que aborda assuntos inspiracionais relacionados a arquitetura e design.