FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Madri em sete dias

    Cava Baja, Madri ©Camila Yahn

    Passei sete dias em Madri para acompanhar os desfiles da temporada espanhola de Inverno 2012. Como o hotel ficava perto dos pavilhões do evento, e afastado do centro, não dava muito tempo para passear e conhecer a cidade. Mas, como era minha primeira vez em Madri, a gente arruma tempo para descobrir as coisas gostosas que a cidade tem para oferecer. Como os desfiles iam das 10h até as 21h, o jeito mesmo foi conhecer a cidade sob a luz da noite – e frio de 0°!  A cada dia um restaurante diferente, com exceção de duas noites que optei para ficar descansando no hotel. Estava muito frio e sinais de gripes começavam a aparecer. Apesar das notícias sobre a terrível crise pela qual passa a Espanha, quem está apenas visitando encontra uma cidade linda, organizada e bastante movimentada.  Abaixo, alguns passeios gostosos que fiz nos dias livres.

    AS “OBRIGAÇÕES”

     Chegando no Reina Sofia ©Camila Yahn

    Começando pelas obviedades, os museus Reina Sofia e Prado. Fui ao Sofia e lá fiquei por horas. O prédio é muito legal, com diversas exposições, uma biblioteca maravilhosa e restaurante com wifi. Além de me emocionar com a “Guernica”, obra pintada por Picasso em 1937 e que se transformou em um protesto contra o autoritarismo, também gostei muito da “De la Revuelta a la Posmodernidad”, uma coleção que mostra obras de 1962 a 1982, de cunho político ou que traduz alguma mudança cultural ou social muito forte. Está lá a obra de Helio Oiticica, “Tropicália” (1967), uma instalação com quatro passarinhos vivendo em uma mega gaiola. Apesar de a obra ter todos os certificados possíveis, dá uma dozinha ver os pequenos papagaios presos ali. Fiquei uns dez minutos sozinha observando os passarinhos. É um culto à beleza x a dor do aprisionamento.

    “Tropicália”, de Helio Oiticica, no Reina Sofia ©Reprodução

    Também fui ao Prado; meu marido e um amigo falaram tanto que eu tinha que ver “os Velázquez”. E foi nas obras desse artista espanhol, nascido em 1599, onde de fato passei mais tempo. Diego Velázquez foi o principal retratista da corte real e pintou não só os nobres, mas também os serviçais e plebeus com nitidez impressionante, tanto que virou um modelo para os artistas realistas.  Muito depois de sua morte, foi chamado por Manet de “o pintor dos pintores” e homenageado por Francis Bacon,  que recriou suas obras mais importantes.

    Retrato do Papa Innocent X, de 1650 ©Reprodução

    Bom, eu tinha que ir ao Real Madrid. Fui andando, do hotel. E fiz o tour completo. E é uma indústria esse clube, com estrutura de museu mesmo, contando toda a história do clube através de prêmios, fotos, vídeos e, claro, imagens das estrelas que já passaram por lá, de preferência, marcando um gol. Zidane, Ronaldo, Roberto Carlos, Kaká, só para mencionar alguns dos jogadores cujas chuteiras e camisetas estão expostas no Real. Uma loja da Adidas tem, além de todos os tipos de uniforme para os torcedores e fãs (carésimos), roupas, acessórios e muitos tênis exclusivos para quem está lá.

    Vista panorâmica do estádio do Real Madrid ©Camila Yahn

    A chuteira customizada de Kaká ©Camila Yahn

      COMIDAS

    As quatro torres. O hotel é a segunda, da direita para a esquerda, e o prédio projetado por Norman Foster é o terceiro ©Reprodução

    Assim que cheguei, deixei as coisas no Eurostars Madrid, o hotel em que me hospedei e um dos novos endereços da cidade. Construído no Paseo de la Castellana, uma das avenidas mais largas da cidade, ele é acompanhado de mais três torres arranha-céu, uma delas projetadas pelo top arquiteto Norman Foster. Juntos, os quatro prédios viraram referência de modernidade na cidade e são conhecidos simplesmente como “as torres”, além de criar uma nova região de negócios na cidade.

    Fui almoçar num restaurante bem tradicional que um amigo do meu marido indicou, Casa Lucio. Fica na parte velha de Madri, na Cava Baja, uma área muito charmosa, cheia de restaurantes e, claro, as lojinhas para pegar turistas. Inaugurado em 1974, é um lugar acolhedor e acostumado a receber políticos e artistas espanhóis. Como estava cansada do vôo (não tinha dormido nada, pra variar), pedi um suco para acompanhar o prato e ouvi do garçom: “Não tem suco. Se veio à taverna, é para beber vinho”. Fazer o que então, né?

    Hora do café na Casa Lucio ©Camila Yahn

    Outro lugar que conheci, desta vez acompanhada da minha colega Vanessa Barone, foi o El Botin, uma indicação dos meus amigos Hilton Brothers. Está no Guinness como o restaurante mais antigo do mundo em atividade. Aberto em 1725, ele ainda mantém aspectos que nos fazem mesmo acreditar em sua longa existência. Há uma brincadeira entre os espanhóis que diz que no Botin, “celebram-se as bodas de ouro, as de prata, as de diamante e até as de fósseis”. Lá foi também, em épocas variadas, inspiração para diversos escritores, que gostavam do clima intimista do lugar, como Lopes Veja, Scott Fitzgerald, Graham Greene e Ernest Hemingway, chegando até a citar o lugar em alguns de seus livros. O leitão assado é o prato da casa. Humm, água na boca só de lembrar!

    El Botin, a caverninha preferida de Hemingway ©Reprodução

    Um lugar que amei é o Mercado de San Miguel, também ali na parte velha, perto dos dois restaurantes acima. É um mercado com diversos quiosques e adegas e você vai passando de um a outro, comendo um pouquinho aqui e um pouquinho ali, sempre circulando com taça de vinho na mão. Tem bastante estrangeiro, mas também é um lugar querido dos espanhóis. Lembra um pouco o Eataly, do chef Mario Batali, em Nova York, só que vem menor. De lá trouxe vários tipos de sal para moer: negro, do Himalaia, com especiarias, etc.

    Passeio (e comilança) pelo Mercado de San Miguel ©Camila Yahn

    COMPRITCHAS

    Todo mundo que conhece Madri sabe que lá a maior rede de lojas de departamento é a El Cortes Ingles, com muitos pisos de cosméticos, acessórios e roupas para homens, mulheres e crianças. Mas é passeando pelas ruas, especialmente no lindo bairro de Salamanca, que a gente encontra lojas interessantes que vão além das Pradas e Vuittons. Lojas de lingerie de primeira, outra só de sapatilhas bailarina, por exemplo, e ainda um sex shop de luxo quase em frente à Miu Miu.

    Uma noite, passeando pelo centro, vejo uma loja só de alpargatas. De todas as cores e tamanhos, mas o que mais me encantou foi uma micro alpargatas que logo me fez pensar no meu filho. A Casa Hernanz é uma loja tradicional perto da Plaza Mayor, especializada nesses sapatos artesanais. Passava lá na hora do almoço e dava de cara com a porta fechada por causa da siesta. Mas no meu último dia consegui ir de manhã e levei pra família toda, cinco euros cada. Cheguei aqui, nenhuma serviu…

    Algumas alpargatas da Casa Hernanz ©Camila Yahn

    Madri é uma cidade deliciosa para comprar coisas de crianças. Muitas lojinhas de roupas, além das Zara e H&M Kids, com roupas diferentes e preços bons. A que me chamou mais atenção é a Baby Deli, de uma empresária brasileira que mora na cidade e tem planos de abrir sua loja por aqui. De brinquedos de feltro, papelão e madeira certificada a produtos de higiene orgânicos e alimentos para bebê também orgânicos, o espaço é um paraíso infantil. E tem até um espaço para aulas particulares para crianças estrangeiras morando no país. No dia da minha visita, uma chinesa ensinava um grupo de crianças chinesas e falar espanhol. Ainda indico Mi Pequeno Lucas, Imaginarium, Tuc Tuc e Gocco.

    Baby Deli: brincadeiras ecologicamente corretas ©Camila Yahn

    FLAMENCO

    E para fechar, na minha última noite, uma segunda-feira, fui ver um espetáculo de flamenco em um lugar indicado pela Graziela Peres. Fui sozinha mesmo e ainda bem, porque foi uma das coisas mais emocionantes que já vi em um palco. Nada daqueles vestidões que são até hoje associados a essa dança. Os figurinos são mais contidos e modernos e as cores também são mais sóbrias. Agora, as mulheres botam para quebrar. São três dançarinas, três músicos e um bailarino. Todos ficam no palco juntos, um dando força para a apresentação do outro. É muito lindo. A postura, a energia, a força, os gestos, a precisão. O lugar, El Tablao de Las Carboneras, é pequenino e ainda assim não estava cheio. Mas aquelas mulheres dançaram como se houvesse milhares de pessoas sentadas ali.

    SERVIÇO:

    Casa Lucio

    C/ Cava Baja, 35

    El Botin

    Calle de los Cuchilleros, 17

    Eurostars Madrid Tower

    259 Paseo de la Castellana

    Mercado de San Miguel

    Plaza San Miguel, S/N

    Reina Sofia

    C/ Santa Isabel, 52

    Museo del Prado

    C/ Ruiz de Alarcón, 23

    Real Madrid

    Paseo de la Castellana, porta 7

    Casa Hernanz (Alpargateria)

    Calle de Toledo, 18

    El Tablao de Las Carboneras

    Plaza del Conde de Miranda, 1

    Não deixe de ver
    Por trás do figurino de ‘A Loja de Atrocidades’
    Coletivo da Amazônia pinta mural no principal Pavilhão da Bienal de Veneza
    Gisele Bündchen no Rio para o lançamento de seu segundo livro, a nova diretora criativa da Bulgari, o brasileiro vencedor de prêmio da Chanel e muito mais
    Gabriel Massan: o artista brasileiro que saiu da Baixada Fluminense para os palcos de Madonna
    Musical ‘A Loja de Atrocidades’ reúne Som, aromas, visuais e performances
    Maxwell Alexandre assina colaboração com a estilista Angela Brito
    Artista brasileiro cria estampas para a Balenciaga
    Gucci e a Editora Contrasto comemoram primeiro livro
    Fernando Mendes lança livro fotográfico ‘‘Alguma Coisa Sobre Nós’’
    Gucci e Instituto Inhotim apresentam festa anual de fundraising