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    O custo ambiental do desfile masculino da Saint Laurent na praia de Malibu
    Desfile masculino da Saint Laurent Verão 2020 em Malibu / Reprodução

    Desfile masculino da Saint Laurent Verão 2020 em Malibu / Reprodução

    Para apresentar seu desfile masculino de Verão 2020, a Saint Laurent levou seu público para a cidade praiana de Malibu, especificamente a uma praia mais preservada e escondida chamada Paradise Cove. O cenário da praia ao entardecer encostada em grandes rochas resultou em imagens lindas que correram nossos feeds.

    Porém, poucos dias após o desfile, que aconteceu dia 6 de junho, a Saint Laurent começou a ser bombardeada por moradores e autoridades da região por ter, aparentemente, violado uma série de regulamentações ambientais. Uma matéria publicada no Vogue Business traz à tona uma questão delicada e que também precisa ser revista nesses momentos de transformação: o impacto que os desfiles deixam, especialmente quando ocupam locais na natureza.

    Malibu é uma das regiões mais sérias dos Estados Unidos em relação a sustentabilidade, com padrões ainda mais rigorosos do que a Califórnia, que já é ambientalmente progressiva. Por exemplo, sacolas plásticas de compras são proibidas e a iluminação da cidade é limitada para que os moradores possam ver as estrelas à noite e a vida selvagem não se confunda com as luzes artificiais. Essa nova lei chama-se dark sky e está efetiva desde o ano passado.

    A Saint Laurent não obteve permissão do governo local para fazer o evento e ainda assim deu voltas e conseguiu uma aprovação solicitando uma permissão de filmagem de um empreiteiro da cidade. As solicitações de filmagem, ainda que com supervisão, são mais fáceis de conseguir devido a proximidade com a indústria de cinema de Hollywood. “Há muitos, mas muitos players confiáveis na indústria do cinema e que empregam muita gente. Mas é uma pena quando alguém tira vantagem disso”, disse Skylar Peak, da prefeitura da cidade, ao Malibu Times. “Meu entendimento é que eles pediram uma permissão de evento, que foi recusada; então eles vieram pela porta lateral com uma permissão pra filme”. 

    Com o desfile, os residentes da cidade começaram a ouvir que pedaços do cenário foram arrastados pelo mar e que o evento estava repleto de plásticos, incluindo garrafinhas de água com a marca Saint Laurent Paris, além dos sacos de plástico carregados de areia que são proibidos. E apesar da dark sky, que regula a intensidade e direção das luzes da cidade, a marca ergueu torres de luzes super potentes sobre a praia. Uma espécie de peixe da Califórnia, o grunion, iria fazer sua desova na areia naquela noite.

    O impacto ambiental do evento foi manchete local em parte devido ao número de ambientalistas famosos na cidade, que procuraram proteger sua ecologia.

    Uma delas é Kelly Chapman Meyer, moradora de Malibu, que fez a mensagem chegar aos ouvidos de François-Henri Pinault, presidente do grupo Kering, dono da Saint Laurent. Kelly é membro do Conselho Nacional de Defesa dos Recursos e foi uma das primeiras defensoras na questão do aquecimento global na região. Ela também vem a ser casada com Ron Meyer, vice-presidente do conglomerado de mídia NBCUniversal. Em um encontro de líderes em Idaho, Ron cruzou com Pinault e os dois tiveram uma breve conversa sobre o assunto. Tanto a Saint Laurent quanto o Kering ainda não se pronunciaram oficialmente.

    Cenário da Saint Laurent em Malibu / Reprodução Getty Images

    Cenário da Saint Laurent em Malibu / Reprodução Getty Images

    A Saint Laurent pertence ao grupo Kering, que tem feito movimentos importantes em relação a sustentabilidade, diversidade e igualdade de gênero e racial. A empresa publica uma declaração anual de ganhos e perdas ambientais em suas operações e emprega um diretor de sustentabilidade que é engenheiro e ex-funcionário do governo francês. Fazer um desfile em uma área protegida pela Marinha sem autorização da prefeitura não combina com o discurso do grupo.

    Mas o desfile da Saint Laurent, independente de ter causado danos ambientais, é uma janela que se abre para os shows que acontecem em locações inusitadas. Por um lado, podem significar uma experiência inesquecível para quem assiste, além de render as belas imagens que irão rodar nossos feeds e ficar na nossa memória.

    Por outro, precisamos nos lembrar que, ao ver um desfile na natureza, por exemplo, esquecemos que do outro lado da passarela há uma estrutura inteira montada de camarins, passarela, cenografia, festa para receber a equipe formada por modelos, time de design, produtores, costureiras, fotógrafos, cinegrafistas, PRs, jornalistas, catering, cenógrafos, DJ… Com certeza, perto de umas 100 pessoas ou mais trabalham em um desfile desse porte, sem contar os convidados.

    Quem tem chamado atenção para isso é Isabelle Lefort, fundadora da Paris Good Fashion, organização que busca tornar as semanas de moda da cidade mais sustentáveis. Ela chama atenção especial para o excesso de garrafas e copos de plástico que são consumidas, a quantidade de convites impressos e deixados de lado, e para os muitos espelhos e madeira usados (e que muitas vezes são descartados após o show). Um espelho quebrado na praia seria uma surpresa bem desagradável para os frequentadores.

    Estilistas e marcas não precisam deixar de pensar em lugares especiais para seus desfiles. A chamada é para uma mudança de atitude – deve-se respeitar os princípios locais. Uma comunidade que é construída em torno do oceano e da natureza tem suas próprias regras e quem vem de fora precisa bater na porta antes de entrar. Hoje esse tipo de atitude, faço o que quero como quero, não cabe mais.

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